terça-feira, 27 de dezembro de 2011

TDT

Precisarão os portugueses de Governo para a toma de medidas como a da TDT?

Porque tem de correr tudo mal neste país?
Porque têm os portugueses de ser sobrecarregados neste momento com despesas não anunciadas previamente, nem constantes do site TDT, para poderem aceder ao normal serviço de televisão?

Porque terá o Governo de então conduzido este processo tendo em vista forçar os portugueses a ter de comprar um serviço de televisão por cabo ou por satélite para poderem ver televisão?

Não era o Serviço de televisão um serviço público, um principio democratizador da informação devida a todos os portugueses?
Porque havemos nós de pagar na factura da electricidade um serviço de televisão que depois o governo nega a muito dos portugueses sob a capa da dificuldade técnica na cobertura de todo o país com a dita TDT?
Não seria para um português normal bastante melhor ter acesso à televisão com a qualidade actual do que não ter acesso a nenhuma?
Porque se há-de pagar uma taxa por cada televisor que se tem em casa, não podendo sequer, ter-se o número de televisores que se pretenda ter?

Creio que este processo de passagem do sinal analógico para o digital foi conduzido manifestamente em prejuizo dos cidadãos portugueses e a pensar no lucro das operadoras que fornecem televisão paga.

Não é justo, sendo mesmo, a meu ver, um retrocesso nos direitos de cidadania dos portugueses num país onde cada dia que passa a maior parte se torna cada vez mais pobre em proveito de uns tantos que depois enviam os lucros para paraísos fiscais a fim de serem os que já pouco têm a continuar a pagar os custos da vida neste pobre país.

É desilusão após desilusão.

Um dia destes não havemos de ser só convidados a emigrar. Havemos de ser obrigados a emigar.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Assembleia Municipal de Castro Daire ao frio

O presente de Natal municipal.

Como já vem sendo costume, pelo Natal, o presente que o Sr Presidente da Câmara de Castro Daire dá aos membros da Assembleia Municipal com a anuência do presidente da Mesa desta, é realizar a reunião de Dezembro da Assembleia municipal, com 45 elementos, num enorme salão, com capacidade para mais de 200 pessoas sentadas, sem ar condicionado a funcionar nem outros equipamentos capazes de produção de ar quente.

Assim aconteceu hoje, 20 de Dezembro de 2011, num dia particularmente frio, durante toda a manhã, até cerca das 13,30 h, quando terminaram os trabalhos.

Parece que quando naquele local são levados a cabo outros eventos, o equipamento de ar condicionado funciona. Para estas reuniões não é preciso.

Da ordem de trabalhos desta reunião, constava, além de outros assuntos, a discussão e votação do orçamento municipal para 2012, alteração ao mapa de pessoal para o ano de 2012 e autorização para celebração de protocolos com as Juntas de Freguesia.

Posto à discussão o orçamento municipal, várias foram as intervenções feitas no sentido da discordância com algumas das grandes opções do plano, entre as quais a que prevê como prioridade municipal para o ano de 2012 a requalificação da Av. Maria Alcina, em cuja obra estão previstos gastar um milhão cento e doze mil euros.

Mesmo que a sua requalificação seja em grande medida comparticipada, como está previsto ser, a verdade é que gastar dinheiro dos nossos impostos, mesmo que só em parte, mas com recurso a crédito bancário com juros altos como é o caso, fazendo duplicar tal comparticipação municipal, para transformar aquela rua numa avenida com perfil de auto-estrada é, a meu ver, neste momento, um total disparate.

Votei contra esse pedido de empréstimo e, mantendo o mesmo raciocínio, votei contra o presente orçamento onde se prevê a realização daquela obra e outras cuja prioridade não vai de encontro, a meu ver, com as necessidades da população do concelho.

A alteração do mapa de pessoal, com explicações confusas e com o único elemento de certeza previsional da possibilidade de contratação durante o próximo ano de mais 36 funcionários a contrato definitivo e 42 a contrato a termo certo, foi aprovada por maioria com dois votos contra e sete abstenções.

E traduzindo também a questão da celebração de protocolos com as juntas de freguesia um assunto polémico em virtude da incerteza sobre os critérios com que vão os mesmos ser celebrados, não se sabendo se vão dar, ou não, iguais possibilidades a todas as Juntas de Freguesia de realizar idênticas despesas / obras, foi este assunto bastante discutido tendo por fim sido aprovado por maioria com sete abstenções.

De notar ainda a informação dada pelo Sr Presidente da Câmara de que este ano o número de clientes termais diminuiu em 368, traduzindo a facturação das Termas do Carvalhal este ano um saldo negativo superior a oitenta e quatro mil euros.

Sinais dos tempos, ou talvez não.
Mas, com semelhantes resultados a repetirem-se será de ponderar, ou não, como sugeriu um membro da assembleia, transferir a exploração das Termas para uma entidade privada com mais competência para o efeito do que a autarquia? 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Espantoso

Mensagens espirituais verdadeiramente governamentais…

Ainda estará na memória da maior parte dos portugueses, pese embora a falta de memória colectiva que normalmente se costuma invocar para a adopção de diversas atitudes, aquela célebre frase de que “quem se mete com o PS leva..”, ou aquela outra de que “gosto é de malhar…”, assim como a mais recente de que “pensar pagar a dívida soberana é coisa de crianças…”

Assim, talvez por uma questão de solidariedade nesta quadra natalícia, voltamos agora a ter outro alto representante do Estado Português, deputado da Nação, dizer de viva voz e em alto tom que “se está a marimbar para os credores estrangeiros da dívida soberana portuguesa, a quem devemos dizer que não pagamos o que nos emprestaram…”  

Numa situação em que o país precisa de dinheiro emprestado vindo do estrangeiro para pagar o principesco ordenado desse senhor deputado, comparado com o ordenado mínimo nacional recebido por grande parte dos portugueses, aos quais é retirado parte dos seus rendimentos para pagar juros desses empréstimos e outras benesses atribuídas aos políticos portugueses como o caso daquele senhor deputado, este comportamento demonstra bem a capacidade e honestidade intelectual de quem assume os mais honrosos cargos políticos no país.

Talvez estas últimas opiniões demonstrem a razão de ser da situação económica e financeira a que chegamos enquanto país, numa sociedade onde nos habituaram mais a receber do que a produzir.

Opiniões infelizes, raciocínios medíocres produzidos publicamente por altos dirigentes políticos que justificam depois a opinião dos estrangeiros, credores ou não, sobre os portugueses e outras sociedades que enveredaram por caminhos governativos de cariz idêntico ao português, comparando-nos com os alcoólicos a quem, dizem, não devem emprestar mais dinheiro, tal como não se deve dar álcool a quem já está embriagado.

Triste fado este o nosso, num país onde qualquer um consegue ser eleito para exercer altas  funções públicas; legislativas ou executivas, mesmo que numa qualquer entrevista de emprego fosse recusado por falta de requisitos mínimos.

E, uma vez eleito, garantido está o lugar por mais barbaridades que se digam ou façam, por falta de responsabilização politica.

Mas, poder-se-á exigir que a maioria da população perceba as razões de uma crise económica e financeira como a que atravessamos tendo responsáveis políticos a fazer declarações como estas?    

domingo, 4 de dezembro de 2011

Porquê ter Governo?

Ouvindo as oposições politicas apenas se pode chegar a uma conclusão:
Os governos são sempre piores do que as oposições.

Assim, enquanto oposição, todo e qualquer partido politico, todo e qualquer grupo parlamentar, tem sempre a solução ideal para governar e resolver os problemas do país em geral e das pessoas em particular.

Mesmo quando um partido deixou de ser governo, depois de ter estado vários anos à frente da governação do país, tendo conduzido a economia nacional e as finanças públicas para o abismo, mal assenta arraiais na bancada da oposição apresenta de imediato as soluções mágicas capazes de proporcionarem melhores condições de vida às pessoas do que aquelas em que deixaram essas mesmas pessoas enquanto governantes, assim como as que os novos governantes, acabados de deixar a oposição, dizem ter para oferecer.

E, senão sempre, tem sido pelo menos a prática dos últimos anos e governos, novo governo é sinónimo de novos sacrificios gerais, mesmo que enquanto oposição tenham dito o contrário.

Então, se assim é, não precisamos de governo, bastando-nos apenas as oposições, dado que mandar um grupo parlamentar formar governo é estragar as anunciadas boas ideias e bons projectos duma oposição.

Não sei se é isto apenas um mal dos políticos deste país, se da Europa, se de todo o mundo.

Ouvindo as notícias sobre a Europa, fica-nos a ideia de que este mal não será só português.

Estando mais atento sobre o que vai por esse mundo fora, talvez possamos concluir que será mais uma daquelas normas que importamos com algum defeito, ou, quem sabe, se pensarmos na época dos descobrimentos, que talvez tenhamos ajudado a espalhar pelos quatro cantos do mundo.

Ora, se é legítimo e necessário haver oposição para que os Governos não façam tudo quanto querem e com total impunidade, necessário seria que também as oposições reconhecessem alguns limites à retórica puramente oca que diariamente produzem a fim de se credibilizarem a si próprias.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Greve Geral

Sim.

Mudam-se os tempos, mudam-se os valores, os direitos e os deveres, costuma dizer-se.

Neste momento é interessante tentar perceber os motivos da próxima greve geral anunciada para o dia 24 deste mês de Novembro pelas duas centrais sindicais portuguesas e às quais se juntam outras organizações sociais de diversa índole.

Durante a vida desta nossa democracia assistiu-se a muitas greves tendo quase todas elas por objectivo reivindicar o aumento salarial ou melhores condições de trabalho, fosse na redução do horário de trabalho, fosse no aumento de períodos de descanso, fosse no aumento de subsídios, etc.

Hoje, procuram com esta greve promover a indignação contra os anunciados cortes salariais, aumento do período laboral, corte nos dias feriados, entre outros, na expectativa de impedir que todas essas medidas anunciadas, ainda que a título temporário na maior parte delas, se concretizem, pese embora não acreditando na satisfação desse objectivo face à situação financeira e económica do país e dos seus parceiros europeus.

É caso para dizer que se até aqui foram os governantes que mais interessados no voto do que na capacidade produtiva do país foram escondendo sempre a real situação económica e financeira do mesmo, aumentando o endividamento externo para fazer face às medidas populistas e eleitoralistas, dessa forma mentindo à generalidade dos portugueses, agora são as centrais sindicais que, perante esta situação catastrófica, procuram não se deixar ultrapassar, promovendo greves e protestos de indignação apesar dos seus dirigentes saberem, melhor do que nós, das dificuldades senão mesmo impossibilidades em satisfazer as suas pretensões, empurrando a maioria dos portugueses para uma "luta" social inconsequente oposta às reais necessidades da nação.

Mas, a verdade é que, se direito à indignação existe, legítimos e oportunos motivos para o seu exercício neste momento também são muitos.

Assim, se num período de falta de rendimentos, quer em termos de receitas fiscais, quer em termos de ordenados, é preciso recorrer a cortes salariais de toda a população e designadamente daqueles que menos recebem apesar de trabalharem ao longo de toda a sua vida, é manifestamente injusto que se permita pagar reformas mensais superiores ao ordenado anual da maioria dos portugueses, reformas essas atribuídas a muitas pessoas pelo exercício de certos cargos publicos, aos quais se candidataram, durante alguns anos, designadamente, dez, doze ou ainda menos.

E, se as grandes alterações sociais se desenvolvem num clima de insatisfação pelas injustiças cometidas por quem governa, é este, sem dúvida, momento de reflexão por parte dos governantes para poderem corrigir aquilo que esta jovem democracia permitiu fazer a muitos que passaram pelos altos cargos do Estado, exercendo cargos executivos e também o poder legislativo que permitiu se acumulassem diversos privilégios ao longos destes anos com grande desequilíbrio social num momento como este de recessão económica e falta de financiamento exterior.

Momento este, igualmente, de reanálise dos contratos de gestão e financiamento de diversos equipamentos sociais e obras públicas por forma a impedir que os euros que se cortam a quem mais falta fazem se encaminhem em grandes caudais de milhões para gestões e contratos de financiamento menos rigorosos, senão mesmo ruinosos para o interesse geral do país.

Por tudo isso, que esta greve, com maior ou menor adesão, sirva de motivo de reflexão sobre a manutenção de diversas medidas manifestamente perversas ao ideal da democracia.  

terça-feira, 1 de novembro de 2011

De Primavera em Primavera


O tempo que não se escolhe.

De Cabril a Almofala, de Gosende a Mões, a última primavera que por toda a árvore castrense se estendeu, em vez de fazer florir, dando rosas e bons aromas, depressa desapareceu, deixando as folhas cair, num sinal de outono e inverno precipitados, como se verão não houvesse, ainda mesmo sem a rosa abrir, ficando os montes escurecidos, queimados, ressequidos, por um vil fogo ateado ardidos.

Cabeça oca, mente malvada esta, que a enxada colocou à sesta, a mesa fez à sombra e pão mandou servir, sem antes cuidar do campo de onde o mesmo havia de vir.

Satisfeito e saciado, já tal mesa não lhe servia, nem a sombra o acolhia, cansado da rotina, deita pés ao caminho na esperança de que logo ali ao lado algo ainda melhor o esperava.

E, num pensamento extravagante, pronto como viajante, apressa-se a ir ao som do vento cantante, tudo deixando para trás, qual forma de vida desprezível e descartável.

Fora adiante, tonto e embriagado, sem razão ou outro motivo que não o desejo de novos encantos prometidos, repetidamente badalados, do sino da igreja, do altifalante sonoro, ou ao ouvido soprados.

Tudo seria melhor. Tudo seria fácil. Tudo estaria acessível a todos quantos acreditassem. Era simples, tornou-se mágico, era só ouvir, crer, dar e confiar.

Mas, chegada a primavera, com grande festa recebida, as flores não desabrocharam, as folhas enrolaram e, depressa, criando bicho no seu interior, mau cheiro começaram a exalar, caindo apodrecidas, num chão enlameado pelo aguaceiro que, teimosamente, permaneceu sobre este lugar.

Sem pão e ao frio, num inverno doentio, mil vezes rogou pelo tempo em que a mesa à sombra colocada o já não satisfazia, mas de nada lhe valeu. Clamou por todos quantos em coro à sua porta antes apareceram e de promessas encantadoras os ouvidos lhe encheram. Mas ninguém o socorreu.  

Triste Primavera que não deu lugar ao verão, o outono antecipou e o inverno prolongou.

Por vezes costuma ouvir dizer-se, em tom de desabafo, que se nós mandássemos no tempo….
Que seria? Que faríamos com ele? Seriamos capazes de o gerir da forma mais conveniente?

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Um dia anunciado - 13 de Outubro


Seria assim tão difícil prever?
Ou preferiram os governantes deste país à beira mar deitado enganar a todos?

Será admissível aceitar que os governantes de um país, anos a fio, décadas seguidas, não saibam fazer contas de somar e subtrair?
Ou o populismo / benesse do poder fala sempre mais alto que o mínimo de racionalidade que se exige de quem governa?

Será aceitável acreditar ser possível saldar as contas de qualquer entidade, família ou empresa, se os proveitos forem continuadamente menos que os encargos?

Porque se fazem obras milionárias / elefantes brancos sem se poder pagar?

Porque se fazem parcerias para execução de obras sem fixar um valor final a pagar, levando depois ao pagamento do custo dessas obras várias vezes utilizando o dinheiro dos impostos pagos por todos?

Porque hão-de dirigentes públicos continuar a ter regalias além dos ordenados que ultrapassam várias vezes o montante dos ordenados?

Porque não há responsabilização pessoal pelos actos de governação que permitiram conduzir o país a esta situação de excessivo endividamento a pontos da produção ser insuficiente para pagar os encargos da dívida?

Triste dia este em que parece que a realidade se tornou absolutamente palpável face aos desvarios de uma sucessiva governação despesista onde o que contava não era o que se produzia mas sim o que se gastava.

A Europa, sabemos, a dada altura transformou-se no remédio de todos os males do país, fazendo-nos alguém acreditar que não era preciso produzir para ter mais rendimento.
Bastaria deixar de trabalhar, deixar de produzir que os rendimentos viriam.
Chegou-se ao ponto de obrigar ao pagamento de multas por parte de quem produzisse mais do lhe era permitido!
Recordam-se, certamente.

Porque foram os nossos governantes no canto dessa sereia?
Certamente porque o que todos nós quisemos também foi ter dinheiro fácil.

Agora pedem-nos que trabalhemos mais. Que aumentemos a produção.
Tarde. Certamente muito tarde.

Parece que não temos emenda. Já não foi a primeira vez que este tipo de problemas mudou a história do nosso país.

Hoje, com uma população mais alfabetizada, mais conhecedora da realidade mundial, restar-nos-á saber pôr mãos à obra de reconstrução que se impõe, porque não valerá a pena continuar a querer viver subsidio - dependente, seja de quem quer que for.
Pois, salvo raras excepções, os subsídios não duram para sempre.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Tudo legal


Ontem, ouvindo a TSF no programa “o mundo num minuto”, referindo-se o jornalista à forma de aprovação de muitos diplomas legais pela Assembleia Nacional de um certo país, fez-me recordar os recentes episódios por mim impensáveis mas ocorridos na última reunião da Assembleia Municipal de Castro Daire.

E, perguntado o Presidente desse órgão legislativo sobre a legalidade de tais procedimentos, o mesmo respondeu estar “tudo legal”.

Assim, talvez por transmissão de conhecimentos, também o que se passou na Assembleia Municipal de Castro Daire com a elaboração e aprovação da acta referente à reunião de Junho deste ano, foi tudo legal.

Contar no momento da votação determinado número de votos e depois colocar no texto da acta outra votação, é legal.

Não colocar na acta parte de intervenções realizadas, mas colocar a seguir a resposta a essas mesmas intervenções, é legal.  

Inserir no texto da acta deliberações que não tiveram lugar, é legal.

Tudo isso é legal porque a legalidade depende, manifestamente, do número de votos.

As leis são aprovadas ou não, em virtude do número de votos.
As eleições são ganhas ou não, em virtude do número de votos.
As actas estão correctas ou não, em virtude do número de votos que as aprovam.

A verdade em democracia passou a ser meramente numérica, dependendo do número de votos a cada momento.

Este é o modo de funcionamento de algumas instituições democráticas que dão o exemplo a seguir ao cidadão comum, como devem agir no seu dia a dia, nas suas empresas, nas suas famílias, nas suas mais diversas relações.

Excelentes exemplos.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Assembleia Municipal


Tendo por ordem de trabalhos, além do mais, a análise, discussão e votação das taxas de IMI sobre os prédios urbanos para o próximo ano, a revogação da deliberação anterior sobre a constituição da sociedade para a concepção, construção e conservação do complexo termal, e ainda a votação da 1ª revisão ao orçamento municipal,  realizou-se ontem, dia 12 do corrente mês de Setembro reunião da Assembleia Municipal de Castro Daire.

Após conhecimento do teor da acta elaborada sobre a reunião anterior, da qual não consta parte das respostas dadas e comentários feitos pelo Presidente da Câmara e dela constando incorrectamente, quanto ao número de membros que votou o empréstimo de 1.160.910,00 € pedido pela Câmara Municipal,  que foram 27 os votos favoráveis quando, na verdade, apenas 24 membros votaram favoravelmente esse empréstimo, foi pelo Presidente da Mesa recusado fazer qualquer correcção ao texto apresentado, tendo-o posto à votação, tal e qual, explicando que as actas têm de conter um resumo do que se passa e não propriamente tudo o que é dito e discutido.

No entanto aquele texto de acta posto à votação tem 42 páginas, não sendo assim tão resumido quanto nos era feito fazer crer.

E, no jogo de que a “Mesa é que manda”, e “quem manda é que decide”, foi aquele texto posto à votação, tendo recebido 18 votos contra e 17 a favor e ainda uma abstenção.

Concluindo-se assim, pela primeira vez, desde que me recordo, pela não aprovação de uma acta da Assembleia Municipal.

E, feito o pedido de cópia da gravação realizada durante a sessão anterior, cujos comentários sobre o mesmo imediatamente feitos me sugerem uma negação à vista, o Presidente da Câmara acabou por dizer e fazer, que “a partir de agora recusa a gravação das suas intervenções na assembleia municipal”, por “ter voz forte e não necessitar de ampliação do som”.

Certamente que não quererá que tudo o que diz no seio desta Assembleia  Municipal, que alguns apelidam de órgão politico máximo do município, fique gravado ou seja, eventualmente, transcrito para a acta.

Mas, sendo uma atitude de um Presidente de Câmara que fará estar os Secretários da Mesa da Assembleia com mais atenção e dedicados à tomada de apontamentos, fazendo jus à lei que já lhes atribui um valor de senha de presença superior aos demais comuns membros, não deixarão estes, por isso, de fazerem constar nas actas, com exactidão, a reprodução das suas intervenções.

O certo é que, após alguma reflexão sobre o sucedido, presumindo-se saber porquê, o Presidente da Mesa da Assembleia propôs fosse convocada uma reunião extraordinária da Assembleia a fim de ser feita nova votação da acta da reunião anterior, já com a apresentação de um texto corrigido, de modo a poder ser votado favoravelmente.

E, curioso foi ver alguns membros do PS votarem contra esta proposta, pretendendo, em vez disso, agora que supostamente já estariam em maioria com a chegada de outros membros antes faltosos, se desse sem efeito aquela votação inicial e se voltasse a colocar à votação o texto já rejeitado.

Enfim…

Aguardamos com expectativa a apresentação do novo texto.

Quanto aos assuntos propriamente ditos da ordem de trabalhos acima referidos, foi o primeiro aprovado por unanimidade, mantendo as taxas de 0,2% e 0,7% consoante o prédio esteja ou não avaliado nos termos da actual lei, tendo os demais sido aprovados por maioria.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Politico Ocasional


“Não precisamos, obrigado”.

Não pude deixar de considerar surpreendente esta consideração feita sobre o actual Ministro das Finanças pelo ex Primeiro Ministro, ex Presidente da República, ex Deputado Europeu, etc, Sr Dr Mário Soares, politico profissional desde o 25 de Abril.

Segundo ele, Dr Mário Soares, o país não precisa de técnicos, ainda que bons, na gestão pública, mas sim de políticos de carreira, a tempo inteiro!

Nem mais.

O exemplo está à vista. O resultado está a sentir-se.
É caso para perguntar o que andaram a fazer ao longo destes anos após 1974 todos os políticos que fizeram carreira politica a tempo inteiro, começando por si, designadamente enquanto Chefe de Governo e como Presidente da República.

Não estará a sentir os efeitos dessa governação sucessivamente feita por políticos de carreira?

É que, enquanto alguns políticos profissionais se têm governado com as politicas seguidas no país durante estas últimas décadas, muitos portugueses, cada vez em maior número, trabalhadores, técnicos qualificados, ou não, vêem o seu esforço diário e honesto ser cada vez menos recompensado.  

Porque terão então os políticos de carreira deixado chegar o país à situação financeira e económica a que chegou?

A culpa é dos estrangeiros?

Daqueles que nos ofereceram dinheiro para acabar com a agricultura, com as pescas e com outros sectores da actividade produtiva do país?

Ou dos que, cá, aceitaram essas ofertas?

Ou terá sido por não terem capacidade para prever aquilo que qualquer família percebe venha a acontecer quando gasta mais do que recebe?

Provavelmente, permitindo-me ter opinião diferente, se o Dr Mário Soares e outros políticos de carreira tivessem sido apenas políticos ocasionais, o país poderia ter tomado outro rumo, com medidas mais sensatas e adequadas ao seu desenvolvimento económico dispensando agora, pela terceira vez, a ajuda externa em condições financeiras péssimas, após um período de distribuição de riqueza que o país não possuía, dada como incentivo ao ócio e ao  absentismo. 

E, que faria então no ministério das finanças, neste quadro financeiro e económico que o país enfrenta, um político de carreira, eventualmente, não técnico nem de finanças nem de economia, mas politico!?

Certamente que o que o país tem a mais são políticos de carreira.
Necessário é que haja coragem e capacidade de decisão por parte dos ocasionais para reduzir o número dos lugares que dão assento a tantos carreiristas.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Neste fim de Verão

Há quem diga que Agosto é o primeiro mês do inverno.

A ser assim, estes últimos dias têm confirmado essa consciência popular, sabedora de que se aproxima a época das colheitas, tantas vezes ingrata para quem durante vários meses tratou com carinho e suor as plantações que realizara na época própria.

E, mais ou menos resignados, a verdade é que, temos de nos convencer que só terminando um ciclo da vida se começa outro. A esperança de um novo ciclo começa exactamente no momento em que interiorizamos que o actual está a chegar ao fim.

E, esta consciência de fim de época normalmente não surge repentinamente, mas sim em virtude de diversos sinais que o dia a dia nos trás, nos dá a conhecer, nos permite viver.

É a falta de perspectivas em qualquer mudança, o acumular de atitudes que já não surpreendem, um “vira o disco e toca o mesmo”, como também muitas vezes, apropriadamente, se diz, teimando em práticas e rituais que começam por cansar, desinteressar e acabam mesmo por desagradar, levar ao tédio, senão mesmo ao repúdio.

Assim, apesar de sermos animais de hábitos, de gostarmos de conservar usos e costumes, o mundo tem evoluído de forma extremamente rápida, criando oportunidades ímpares e também desgraças irremediáveis.

Felizes os que souberem aproveitar as oportunidades que lhes são oferecidas, já assim rezam os textos antigos, livros de sabedoria confirmada pela experiência milenar.

E os exemplos sucedem-se. Vêem-nos quem os quer ver.

Um tema, certamente, merecedor de reflexão por todos nós, sociedade em geral, “donos do poder e de parte do mundo – já que em boa parte ainda há mandadores senhores de todos”, mas que muitas vezes, sem saber, o usamos da forma mais errada que queríamos, contrariando os objectivos que tínhamos em vista, ou, por falta de oportunidade, nos vemos confrontados com a necessidade de o usar da forma que não queríamos.

Neste fim de verão, num qualquer recanto esquecido, depois de férias passadas, gozadas ou não, avizinha-se novo ano de trabalho, novo inverno para uns, nova primavera para outros, um novo ciclo de vida para quem for capaz de perspectivar novos objectivos a alcançar.

É a vida, dizem uns, há que trabalhar, dirão outros.
Enfim, como diz um amigo meu, far-se-á o que se puder.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Noutra perspectiva

Esta Terra Castrense onde muitos são os que se declaram capazes de fazer melhor e onde muitas vezes também quando se tem a oportunidade de fazer diferente apenas se dá continuidade ao que anteriormente se criticou, parece que caiu num qualquer mau protectorado do qual não é capaz de se livrar.

Integrando um país onde para se poder reclamar de erros praticados por forças do Estado contra os cidadãos se tem de pagar uma taxa sem direito à sua devolução, mesmo que a final seja dada razão ao reclamante, há que aproveitar as oportunidades de critica e de manifestação de opinião enquanto tais actos também não são taxados.

E, sendo um facto notório nesta altura que criticar por simplesmente criticar não leva a lado algum, talvez fosse interessante começar a pensar-se em descobrir alternativas de gestão num país que, embora abundantemente anunciado previamente, só agora se deu conta de quanto foram erradas as politicas adoptadas nas últimas décadas.

É que, quando tudo pareciam “rosas”, com crescimento económico e crédito fácil, uma ou duas gerações tratou de acautelar os seus interesses somando privilégios, prémios e reformas, retirando do “saco” tudo quanto havia de retirar, certificando-se de que o haviam esvaziado e hipotecaram mesmo algumas fontes de rendimento que nos anos seguintes dariam entrada nesse tal “saco”.

Tudo isso fazendo com uma leviandade exemplar certos de que, como legisladores que eram, não estariam sujeitos a qualquer esforço de justificação legal, fosse de que natureza fosse, garantindo constitucionalmente que direitos adquiridos são para respeitar por quem vier a seguir.

Hoje, assentes que estão os riscos dos movimentos especulativos na base dos quais se criou uma série de critérios de mérito, grandeza e riqueza, creio que a base para um desenvolvimento real terá de ser outra, suportando-se noutros critérios de avaliação, quer individual, quer colectiva.

E, será reflectindo sobre esses critérios a valorizar pela sociedade que o esforço de todos nós, enquanto cidadãos de opinião livre, se deverá dirigir, procurando percorrer caminhos antes desaproveitados, esquecidos ou ainda não explorados, tendo em vista um único objectivo: melhorar as condições de vida da sociedade em geral.  

E esse trabalho não terá de ser apenas a nível nacional.

Também por cá, a nível local, seria conveniente fazê-lo. E, não me refiro a supostos referendos de ideias, mas tão só à contribuição espontânea e desinteressada de quem faz deste lugar a sua morada.   

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Assembleia Municipal de Castro Daire


Hoje, dia 30 de Junho de 2011, teve lugar a reunião da Assembleia Municipal de Castro Daire tendo por ordem de trabalhos, nos termos da lei, além da apreciação escrita do Sr Presidente do executivo, o pedido de autorização para contratação de três empréstimos.

Um empréstimo no âmbito da Associação do Planalto Beirão, da qual o município faz parte com mais dezoito municípios, a ser pedido por esta Associação mas a garantir por todos os municípios, num total até ao limite de 6.700.000,00 €.

Outros dois empréstimos, um no valor de 1.160.910,00 € e outro no valor de 971.994,13 € para financiamento pelo município das obras que teve, tem ou vai ter em curso, desde a estrada de Coura, a obra da feira, a da Av. Maria Alcina, as do centro da Vila, a estrada da Granja-Mões, as obras de requalificação das ruas das Termas do Carvalhal, a etar da Granja, a ligação Faifa-Mós, assim como ainda a requalificação da estrada Mões-Malhada.

Tais obras, exigem um financiamento por parte da autarquia no valor de 2.189.231,00 €.

A autarquia pretende proceder a esse pagamento através do recurso a empréstimos bancários no valor de 2.132.904,13 €, isto é, pagando apenas do seu orçamento a quantia de 56.326,87 €  correspondentes a cerca de 2,5% do que é devido pela autarquia.

Solicitadas propostas para o financiamento do empréstimo no valor de 1.160.910,00 €, apenas a Caixa Geral de Depósitos apresentou proposta com encargos de juros iniciais a rondar os 8%, atendendo ao valor da taxa Euribor mais o spread de 5,75%.

Significando assim que os encargos anuais de juros com apenas este empréstimo serão quase o dobro daquilo que a autarquia pretende disponibilizar do seu orçamento neste mandato para a realização daquelas obras, já que, pretende também um período de carência (sem amortização do empréstimo) de dois anos para este empréstimo e de três anos para o outro empréstimo de 971.994,13 €.

Fomos de opinião desfavorável a este empréstimo em virtude de ser demasiadamente elevado, atendendo à insignificante verba paga de imediato pela execução desses obras, assim como ao valor elevado dos encargos (juros) que o mesmo acarreta, fazendo duplicar o valor pedido até final do prazo e que é de 10 anos, atendendo, designadamente à actual tendência de subida das taxas de juros.

Posto à votação foi este empréstimo aprovado por 24 votos a favor, 7 abstenções e 3 contra.

Os demais empréstimos foram aprovados também por maioria.

Creio ser este o exemplo típico da gestão pública que levou o país à situação financeira em que se encontra.

É que se são de aproveitar as comparticipações financeiras europeias, e são-no, a verdade é que é preciso também, quando não se tem o financiamento próprio necessário, saber escolher, ponderar e “não empurrar com a barriga para a frente” os momentos de efectivo pagamento que vai ser necessário fazer.

É que se hoje estes financiamentos vão até 80%  podendo atingir até os 85%, muito bom, sem qualquer dúvida, a verdade é que nem sempre foi assim.

Não foi assim nos anos anteriores quando ainda os juros da banca eram francamente mais baixos.

E, perante a ousadia de contrair empréstimos nesta altura para pagar quase 100% (sendo no caso concreto 97,5 %) do custo das obras a suportar pela autarquia com encargos próximos dos 10% ao ano, é oportuno perguntar-se porque muitos que hoje aprovam estes empréstimos antes não o faziam quando os encargos eram inferiores a metade dos valores agora apresentados.

E, admitindo a necessidade das obras ou de algumas mais do que de outras, será possível às autarquias continuar neste tipo de gestão quando o governo necessita de cortar cada vez mais nos rendimentos das pessoas para pagar a dívida do país e evitar uma situação de incumprimento perante os seus credores?

domingo, 26 de junho de 2011

Nova Esperança


Após um período de governação marcado por um estilo de crispação e achincalhamento, parece, de facto, ter iniciado um período de governação tendo por base a cortesia, o respeito, a tranquilidade e a previsibilidade que tais funções exigem.

E, com o fim da anterior governação, espera-se uma mudança de estratégia nacional que passe pela efectiva promoção da produção, do crescimento económico e do emprego, em vez da preferência pela subsídio-dependência, da aceitação do absentismo, das regalias sem deveres.

È comum ente nós dizer-se que não há emprego, que não surgem oportunidades e que as empresas fecham cada vez mais. E é verdade.

Mas não deixa de ser verdade também que nem todos procuram trabalho. Porque trabalho neste pequeno país há muito.

E preciso será cultivar de novo a mentalidade de que o rendimento provém do trabalho e não do absentismo.

Não é legítimo nem pode ser legal que uma família de trabalhadores receba no final do mês um rendimento inferior a uma família de absentistas que por qualquer tipo de estratégia conseguem no final do mês obter subsídios em montantes superiores aos rendimentos que receberiam se estivessem a trabalhar.

E já sabemos onde esta politica de distribuir sem produzir nos leva.

Aliás, só quem não quis saber dos resultados insistiu nessa politica tantos anos, recorrendo sistematicamente ao estrangeiro, às poupanças daqueles que pensavam primeiro em produzir e só depois  em gastar, amealhando assim valor que puderam ir emprestando a países como o nosso.

Por isso, creio ter chegado o momento para reflectir neste tipo de organização sócio-politica que nos levou a este precipício colectivo.

Há que ponderar nos investimentos públicos a fazer, na actual organização administrativa e seus custos, nos mecanismos de apoio à actividade económica privada e na redução das despesas improdutivas estatais que absorvem todos os impostos que dia a dia pagamos em qualquer tipo de acção que façamos.

E esta atitude de prudência deverá ser regra do Governo, mas não só. Deverá ser igualmente regra das autarquias e de todas as demais entidades públicas, sejam elas empresas, institutos ou como tais.

Por isso, estou convencido que nesta fase da vida colectiva as despesas a fazer pelas entidades públicas deverão ter por base a sua capacidade financeira e não a capacidade do banco em emprestar dinheiro a essas entidades.

Continuar a pedir dinheiro emprestado a juros elevadíssimos para fazer obras que embora úteis não serão indispensáveis, será continuar no rumo anterior sem o mínimo de sensibilidade para com as dificuldades colectivas que o país atravessa.  

Por isso, espero que esta Nova Esperança introduza regras que contribuam para estabelecer a regular saúde financeira de todas as instituições.

domingo, 12 de junho de 2011

Depois… do adeus


Se o resultado eleitoral de 5 de Junho foi admiração para muitos, como alguns deles acabaram por dizer, creio que só o “clubismo” partidário terá evitado maior transferência de votos.

Outro resultado, fosse ele de “empate técnico”, ou de vitória do PS é que mal se perceberia perante o descontentamento gerado pelo governo liderado pelo primeiro ministro que se demitiu numa atitude pensada de através da mesma culpar terceiros pelos seus repetidos erros de governação.

Como costumo dizer, o país não precisa de folclore. Precisa, sim, daqueles que apesar de saberem e gostarem de folclore se disponham a trabalhar e a trabalhar com verdade.

Este resultado eleitoral, a meu ver, demonstrou que a população portuguesa, independentemente dos seus gostos “clubísticos”, soube dar uma resposta de mudança capaz de permitir outro rumo ao país, notando também o cansaço do estilo de arrogância e picardia característico destes últimos 6 anos.  

O resultado em Castro Daire não deixa de se integrar na lógica que sobressaíu a nível nacional.

Nesta perspectiva, creio não ser admiração que o Bloco de Esquerda tenha perdido metade dos seus deputados. Em verdade tinha-os ganho num outro cenário em que muitos eleitores, apesar de não serem simpatizantes do Bloco de Esquerda, também não se reviam já no então candidato a primeiro ministro pelo PS, nem tão pouco se reviam na candidata a primeiro ministro apresentada pelo PSD e que fora a Drª Manuela Ferreira Leite.

Além disso, o aumento do número de deputados por parte do Bloco de Esquerda, e quem não se lembra do discurso de Francisco Louçã na noite das eleições de 2009, fê-lo perder o pé da realidade fazendo-o pensar que afinal o país estava à sua espera como o novo redentor.

Contudo, a prática demonstrada pela liderança daquele partido, apesar da maior representatividade no Parlamento, foi no sentido de um cada vez maior radicalismo que, estou certo, caso não seja invertido, fará reduzir ainda mais a sua representação.

Assim, do novo primeiro ministro espera-se muito de diferente do seu antecessor. No estilo, nas ideias e sua concretização, no comportamento, na capacidade de motivação dos portugueses, etc.

Porque a tarefa é árdua, precisará de colaboração e de compreensão por parte dos demais responsáveis políticos e dos portugueses em geral.

Esperamos que a tenha e que lhe saiba corresponder.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Campanhas eleitorais


Após uma semana de campanha eleitoral e a avaliar pelo que os meios de comunicação transmitem para o povo em geral, apenas se assistiu a troca de acusações entre os lideres dos diversos partidos, respostas ao que disse que disse, mas propostas de resolução dos diversos problemas que afligem a população não têm sido tema da campanha.

Por outro lado, a carta que parece ir reger o país independentemente do governo que vier a ser formado após as eleições, de tão boa para Portugal, como anunciou José Sócrates, continua a ter mais do que uma versão, com encurtamento de prazos para que muitas medidas aí previstas sejam postas em prática, parecendo também que sobre a mesma não têm os partidos e os seus lideres a mesma leitura.

Parece que as campanhas eleitorais se transformaram em simples arruadas de aclamação, não por ideias, não por projectos, não por objectivos, mas por “clubismo”, por "simpatias", por "interesses difusos" promovidos por uma ideologia de sócio - dependência  com efeitos económicos extremamente graves que levaram à situação actual.

De facto, parece que já ninguém luta por objectivos nacionais.
O que importa é quem diz que dá mais, mesmo que se saiba que se oferece muito não vai ter para dar.

E, a par destas manifestações de campanha autorizadas, previstas como forma de esclarecimento da população no âmbito dos seus poderes de decisão politica e de escolha dos seus representantes nos órgãos de soberania, mas que nada esclarecem, temos cada vez mais e diversas manifestações de rua de protesto contra este tipo de prática politica exercida por parte das mesmas pessoas anos e anos a fio, mas de forma incapaz de responder aos interesses legítimos das gerações mais novas.

Nesta campanha não assistimos a uma discussão séria sobre como resolver o problema do desemprego. E se alguém lança uma opinião, os outros criticam, porque têm de criticar, mas não dão uma alternativa.

Nesta campanha não vimos ninguém desenvolver uma ideia de alteração das condições de desertificação do interior e de defesa do meio rural e florestal. Mas gastam-se anualmente milhões e milhões no combate aos incêndios que todos os anos sabemos que hão-de voltar no verão seguinte.

Já não se discutem ideologias. Já não se discutem programas de desenvolvimento. Já não se avalia a competência de equipas capazes de zelar pelos interesses colectivos.

Vota-se porque, por qualquer motivo, se gosta ou se detesta.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A crença no vale tudo

Se houvesse tanta imaginação por parte do PS para promover boas medidas em favor do desenvolvimento económico e social do nosso país, como tem demonstrado nas iniciativas da campanha para fazer ver aos portugueses que tem a população do seu lado, estaríamos, sem dúvida alguma, bem melhor.

É que, transportar de várias localidades eleitores cidadãos portugueses para as suas festas e comícios, já não era nada de novo. Mas pegar em cidadãos estrangeiros, sem direito a voto nestas eleições, para encher recintos de acções de campanha, é que lembraria a poucos.

Parece valer tudo para que alguém diga alguma coisa a favor do PS e do seu líder, ou ainda melhor para tão só acenar com uma bandeira do PS neste período de campanha politica.

Gestos que marcam, sem qualquer dúvida, uma clara intenção de convencer um eleitorado pouco esclarecido ou ainda indeciso, não olhando a meios, porque, para si, os fins tudo justificam.

De resto, olhando para os actos de campanha, discursos e debates do PS, parece que esconderam o seu programa eleitoral, não falando dele nem das suas medidas, mas apenas das intenções, muitas vezes distorcidas, dos seus adversários.

O PS, em tudo que é anti-popular, ainda hoje não estudou, ainda hoje diz não saber o que ir fazer, vai estudar após as eleições, vai nomear mais uns tantos para darem apoio a esse estudo, mas criticou duramente há semanas atrás o facto dos partidos da oposição não terem publicado os seus programas eleitorais.

Se é esta seriedade em que devemos votar, está tudo dito.
Se é esta seriedade que premiamos, tem o país o que merece.

Na verdade, dos discursos e debates do PS ainda não percebi quais as medidas que, sem ser subida de impostos, vão ser tomadas para inverter este rumo de endividamento excessivo do Estado, nem tão pouco quais as medidas que irão ser implementadas para promover o emprego, tema esse que por ser tão difícil deixou de fazer parte do discurso do PS.

De facto, disso, não tem o PS interesse em falar. Se até estas eleições tivesse estado no Governo o PSD ou o CDS, aí essa discussão já seria fundamental, imprescindível, inultrapassável para os dirigentes do PS.

Assim, vem então dizer o PS que pretende manter o Estado Social, a saúde pública de acesso para todos, como se os outros não quisessem oferecer o melhor serviço de saúde, o melhor serviço de educação, etc.

É o PS no seu melhor: Quando não tem soluções invoca os fantasmas, os medos, os papões a ver se consegue, e por vezes consegue, iludir os mais distraídos.

Mas foi o PS que andou a fechar Centros de Saúde e Maternidades sem oferecer em troca qualquer contrapartida válida!
Foi o PS que subiu o custo dos diversos serviços públicos!
Certamente espera que já ninguém se recorde.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Em época de campanha eleitoral

Se houvesse um sistema político perfeito e fosse possível implementá-lo no nosso país talvez Portugal não precisasse neste momento de duas coisas: De recorrer a pedido de ajuda financeira externa e de realizar eleições antecipadas.

Porque tal sistema não existe e em qualquer um dos existentes os políticos e candidatos a políticos procuram reduzi-los ao seu peso e medida, vagueamos ao sabor dos que, ainda que mais ignorantes, mas aptos na arte ilusionista, conseguem manipular o sistema em seu favor.

E os exemplos são vários ao longo da história, repetindo-se pelo mundo de forma mais ou menos frequente e com consequências mais ou menos dramáticas.

No entanto, muitos deles são protagonizados por pessoas que subiram ao poder através de eleições, de uma forma dita democrática, por escolha dos cidadãos que, certamente descontentes com as soluções existentes, decidiram mudar indo atrás do canto da sereia sem se aperceberem que, mesmo sem saber nadar, se dirigiam para alto mar.

Contudo, a verdade é que, a meu ver, não é possível atribuir as culpas desses desastres governativos a apenas uma pessoa.
Certamente que se não fossem as dezenas, senão centenas ou milhares que se juntam em redor desse individuo procurando sentar-se à mesa a que de outra forma não teriam acesso, por si só não lhe seria possível manter-se no cargo com sacrifício da maioria da população em nome da qual e, supostamente, em favor da qual devia governar.

No entanto, porque a memória dos povos é curta, ou a realidade muitas vezes traduz efectivamente aquele ditado popular que diz que em muitas situações quem tem um olho é rei, os casos repetem-se.

No momento actual português, é de todo pertinente uma entrevista dada por Henrique Neto, militante e dirigente do PS ao Jornal Económico, segundo o qual, após tecer vários comentários sobre as razões porque Portugal chegou até aqui após todos estes anos de governação socialista, diz: “Devíamos usar a inteligência e o debate para resolver os problemas e temos dirigentes que utilizam a mentira e evitam o debate”.

Vem igualmente no Económico online, que numa conferência em que José Sócrates respondia à plateia, Peter Villax, dirigindo-se-lhe afirmou “os seus actos não reflectem as suas palavras”.

Na verdade é caso para perguntar: Palavras para que?

Mas, porque em democracia, supostamente, quem manda é o povo, resta-nos aguardar que tenhamos a sabedoria suficiente para fazer a melhor escolha no próximo dia 5 de Junho.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A Troika e o Monstro

Afinal quem é o monstro?

Já se disse cobras e lagartos do Fundo Monetário Internacional, do Banco Central Europeu, da União Europeia, dos mercados, das agências de rating, enfim, de todos os que têm dinheiro para nos emprestar a fim de distribuirmos sem o produzir.

E, como bom português que somos, depois de termos o “precioso metal” no bolso, falamos mal de quem poupou para nos emprestar aquilo que nós, fazendo de conta que somos ricos, gastamos à boa e à francesa.

Mas, culpa de quem?

Certamente da má governação que temos tido. Da incompetência de quem se produz ao pormenor para aparecer na televisão, mas é incapaz de executar qualquer medida que anuncia e que signifique reformar o que precisa de ser reformado. Da incompetência de quem sabe aumentar impostos mas é incapaz de reduzir despesas ou incrementar politicas de crescimento económico.

E, comparando os PECs sucessivamente apresentados pelo governo com o que agora a Troika estrangeira apresentou como contrapartidas para emprestar o seu dinheiro a juros bem mais baixos que o mercado normal, parece que, afinal, tal Troika não é o monstro que já foi repetidamente vendido aos portugueses pelo governo e pelos demais dirigentes do partido socialista.

Exigem, é certo, rigor, honestidade, lealdade, seriedade nos compromissos, verdade nas informações e capacidade de execução desses mesmos compromissos.

Mas, que havíamos de querer? Continuar neste diz que nada diz, neste não que é sim, neste sim que é não?

Certamente que só aceita este estado de coisas quem quer. E, sem dúvida que há muitos que querem. Vá-se lá saber porquê? Ou talvez saiba. Serão vários e diversificados os motivos que, somados, têm dado no resultado a que chegamos.

Creio, no entanto, que outros motivos haverá para em maioria dizer chega.

Motivos para dizer basta. O que é diferente de dizer nem sim nem não.

De facto, não creio que optar pela abstenção, como já vi defendido em folhetos espalhados por aí, face ao não cumprimento das promessas feitas, seja a opção mais correcta em qualquer eleição.

Elegemos governantes, não só pela obra junto à nossa porta, mas também pela que fica junto à porta do vizinho.

Creio que precisamos, sim, é de estar atentos e procurar saber quem é que afinal é o monstro a fim de, por opção, nos desviarmos dele.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Mérito e Excelência


Nestes dias conturbados, em que o termo poupança assume uma relevância excepcional, por este país ainda se vão tomando atitudes cujo “mérito” é de reconhecer.

Refiro-me, em concreto, à acção desenvolvida ontem pelo “ex agrupamento” de Escolas de Castro Daire, ou outro qualquer nome que lhe queiram dar, cujo “mérito” na troca de nomes não é por certo o maior, acção essa, dizia, no sentido de reconhecer publicamente, em “cerimónia solene” realizada no Auditório Municipal, o trabalho de estudo desenvolvido pelos seus alunos e que em termos de resultados se traduziu na atribuição, em média, da nota máxima.   

E, se tal gesto, economicamente, significou algum gasto em papel e pequenas lembranças, atendendo até ao número dos contemplados (cerca de 90 jovens) cujo Ministério da Educação não pôde comportar mas que outras entidades da comunidade local assumiram, apoiando monetariamente a iniciativa, creio ter sido mais útil e estimulante para os seus destinatários em concreto e para toda a comunidade escolar em geral, do que outras e recorrentes alegadas iniciativas culturais bem mais caras, subsidiadas com dinheiro público e já sem qualquer significado, por tão corriqueiras se terem tornado.

No caso em concreto promoveu-se o mérito e a excelência no âmbito do trabalho escolar, de jovens deste concelho que se pretendem cada vez, em maior número, mais esclarecidos e com mais apetência para serem os melhores através do seu trabalho, seja em que área vier a ser, capazes de concorrerem em pé de igualdade com os demais em qualquer área de actividade.

E, promovendo-se o mérito e a excelência, está-se, sem dúvida alguma, a contribuir para que amanhã, ao invés do que tem vindo a acontecer, não se cometam erros trágicos para o desenvolvimento deste país, como agora se reclama a todo o momento, num período em que parece serem os estrangeiros que nos vão governar.

É certo que também já é ditado antigo que os melhores acabam por abandonar o país indo à procura de oportunidades que os satisfaçam em países estrangeiros.

Mas, se melhores forem cada vez em maior número, muitos acabarão por ficar por cá dando o seu contributo a estas terras que dele bem precisam.

Por isso, estou confiante que após gerações “à rasca” virá o tempo em que novas gerações saberão encontrar os caminhos e opções certas para tornar este país melhor do que está hoje.

Por isso, o meu reconhecimento por esta simples mas significativa atitude de quem, em troca de nada, se dispôs reconhecer publicamente o mérito de outros.    

domingo, 10 de abril de 2011

Folclore eleitoral

Folclore? Ou Fado?

Música triste é.

Mas continuará o povo a contentar-se com esta música já conhecida que nos foi repetidamente apresentada ao longo destes últimos seis anos?

Continuará o povo a gostar de ouvir semelhantes papagaios que já não têm nada de novo a apresentar aos mais desesperados que não têm dinheiro para pagar o bilhete de autocarro para ir assistir à festa?

Convencerá este som o ouvido de quem já não tem dinheiro para pagar medicamentos e os bens essenciais para a sobrevivência do dia a dia?

Não sei se é só descaramento de atitude, se desprezo por todo o “zé povinho”.

Mas, que é triste elevar a mentira a principio geral orientador da governação, isso é, não tenho duvidas de que é.

Por isso, neste momento pré-eleitoral, poderei dizer ter dúvidas em quem vou votar, mas tenho a certeza em quem não votarei.

Neste país em que parece que tudo depende da falta de leis, em que tanto se legisla, se revoga, se altera, se volta a alterar, ainda não vi ninguém propor que passasse a constar da Constituição da República uma regra segundo a qual a falta de verdade nas declarações sobre as condições de governabilidade do país e os objectivos da governação seria motivo de perda de mandato e impedimento de ocupação de cargos públicos.

Creio que já é tempo de trazermos seriedade e dignidade às funções de governação.
O carnaval não dura sempre nem é modo de vida sustentável.

Contudo, porque o povo é “quem mais ordena”, esperamos que os candidatos digam tudo o que querem fazer e o povo venha a saber ordenar, escolhendo em conformidade com o que acharem mais razoável.  

Uma coisa é certa. Não vale a pena continuarem a dizer que se deixaram enganar, porque à terceira só cai quem quer caír.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Um fim anunciado

Porque já estamos habituados a que um primeiro ministro quando diz não quer dizer sim, já nada nos pode espantar no âmbito das medidas a adoptar pela classe politica que elegemos.

A propaganda foi tanta que a população portuguesa já está resignada e parece até disposta, senão a pedir desculpa, a perdoar, quem a dirigiu nestes últimos anos ao precipício onde se encontra!

É, realmente, notável, como consegue este governo fazer passar a mensagem de que, apesar de ser ele a governar, não foi ele o responsável pela condução dos destinos do país nestes últimos seis anos!

Enfim. Palavras para quê.

Mas terá a sociedade portuguesa capacidade para se unir em torno das melhores ideias e fazê-las vingar de forma a mudar o rumo económico e financeiro do país?

Será possível continuar a acreditar que é bom para a economia nacional pagar para não produzir e subsidiar o absentismo?

Temos sido inundados de afirmações de vitimização, como se quem está no poder não soubesse, melhor do que nós, as reais incapacidades do país para se livrar deste desfecho.

Contudo, não temos ouvido os responsáveis políticos discutirem os caminhos possíveis e necessários para redireccionar as linhas estratégicas da nossa economia, as medidas que serão capazes de, a curto ou médio prazo, devolverem à nossa economia capacidade de produção e de expansão.

Preferem o mesmo de sempre: A agressão verbal sobre os outros como forma de manutenção no poder, único lugar capaz de garantir os “jobs” a todos os amigos, independentemente dos sacrifícios que exijam à população em geral.

Ainda gostaria de um dia destes ver responsabilizado em termos penais comportamentos de gestão politica manifestamente contrários aos princípios de uma gestão correcta da coisa pública.

Não seria democrático, diriam logo em coro!

Mas será esta forma de governar a melhor?

E sendo este o desfecho nacional, quais serão as consequências a nivel regional e local?

quarta-feira, 30 de março de 2011

Incoerências?

Ou total desorientação?


Começa a ser demasiado perturbante a euforia com que os intervenientes políticos deste triste país giram à volta dos meios de comunicação social a fim de dizerem mal das propostas dos seus adversários.


Desde que fora recusado o último PEC na Assembleia da República que os actos governativos deste governo híbrido (nem demitido nem de gestão), se têm traduzido em conferências de imprensa de má língua, de maldizer das propostas da oposição e das atitudes da oposição, de critica às oposições, mas também para reafirmarem que as suas medidas são as que foram chumbadas.


E, no meio de um espanto desmedido, vêm dizer que isto que está a acontecer ao país é o resultado da demissão do Primeiro Ministro!!!


È preciso ter lata. Procuram com a repetição deste penoso discurso fazer esquecer que isto que está a acontecer ao país é o resultado da governação deste primeiro ministro durante estes anos todos. Incapaz de ouvir, incapaz de fazer reformas que equilibrassem as contas públicas apesar de as anunciar repetidamente com pompa e circunstância para a comunicação social e para inglês ver.


Afinal, quem tanto apregoava que não se falasse mal em Portugal das tendências da economia portuguesa para não enervar os mercados, é quem agora mais vezes por dia diz mal das propostas de eventuais partidos ganhadores das próximas eleições, já não se importando com o que isso possa provocar junto dos mercados financeiros! Está visto esse “amor a Portugal” desses políticos que têm gerido os nossos destinos.


Tal é a sua animosidade que deixam transparecer nas suas afirmações diárias que, noutras circunstâncias, duvido se não estaríamos a passar por uma revolução civil como noutros países está a acontecer.


Pelo tom de desassossego que estes políticos de dedo em riste têm manifestado, é cada vez mais preocupante o ambiente que se irá viver nos próximos meses e designadamente, durante a campanha eleitoral.


Mas, parece que estamos condenados a isto.

Já não há decência política nem respeito.

Estão lá os melhores e os melhores levaram-nos a isto.


Afinal se esta era a “boa moeda”, então dêem-nos de volta a má moeda.


Se apelos valessem, deixaria aqui um: Tratem-nos com respeito e honestidade intelectual, porque também não é amarfanhando os boletins de voto ou com o dedo em riste que o povo vota.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Sem brilho nem glória

Após uma jogada calculada milimetricamente, assim creio, atribuindo a culpa ao seu maior rival, sai crispado, sua imagem de marca, mas sem brilho nem glória, com o voto unânime da oposição contra esta governação.

E, como foi insistentemente afirmado pelos que agora estão demissionários, quando o PS é governo, ir a eleições a meio do mandato é uma catástrofe nacional. É sinal de perigo de soberania, invasão estrangeira, irresponsabilidade da oposição e de todos os demais órgãos de soberania. Sem dúvida, inimaginável!

Quando o PSD está no governo, ir a eleições a meio do mandato é, para os mesmos, um alívio, um imperativo nacional, uma oportunidade, um acto de louvor.

No entanto, quem conduziu o país a esta situação de crise nacional foi tão só o PS que governa desde há cerca de seis anos consecutivos.

Será caso para dizer que Sócrates e os seus ministros conduziram à crise cujo papão agora invocam em cada frase que verbalizam como forma de intimidar a população e demais agentes políticos a não querer fazer mexidas sob pena de agravamento da crise.

Mas, de crise estamos nós todos fartos de ouvir falar e de sentir, continuadamente, ano após ano, desde o período dos cofres ainda bem guarnecidos e esbanjados durante o governo do Eng. Guterres até hoje.

Creio que a pergunta que verdadeiramente deve ser feita é: Porque é que mesmo obrigando a população a sacrifícios enormes, com medidas que fazem aumentar o desemprego e diminuir os rendimentos das famílias, os políticos que conduziram o país à crise se agarram ao poder com toda a força e defesas que conseguem encontrar alegando, em desespero de causa, que só eles podem evitar o caos?

Não se terão ainda dado conta de que no caos já colocaram o país?

Precisará este país, além da crise, de todo o ambiente de crispação que este governo e partido que o sustenta alimentam no dia a dia tanto no seio dos órgãos de soberania como com a população em geral?

Se isto é democracia, algo de diferente terá de ser pensado, criado e posto em prática.

Certamente que esta crise não é só económica e financeira.

Uma sociedade não viverá de forma saudável se se alimentar apenas de números, de contas, de percentagens, de estatísticas, abandonando por completo os deveres de respeito, lealdade, assistência e confiança.

Apresente-se a eleições quem for capaz de dar alguma coisa aos portugueses e não só quem quiser tirar tudo o que puder aos portugueses.

domingo, 13 de março de 2011

Até quando?

Costuma o povo dizer que pela boca morre o peixe.

É sabedoria pura, de experiência feita, de reflexão madura.

Quando aqui há uns anos começamos a ouvir, eufóricos, alguns políticos dizerem que quem estava no governo apenas fazia trapalhada, que não governava, que ora dizia isto ora dizia aquilo, é caso para perguntar: E agora?

Trapalhada, dizem os dicionários, é sinónimo de “mistura de coisas variadas”, “situação confusa”, “atabalhoada”, “barafunda”, “baralhada”, “desordem”, “balbúrdia”, “enredo”, “tumulto”, etc.

Esta semana terá sido também para o povo português mais uma semana de confusão, de barafunda, de desordem de sentimentos, de incerteza, de angústia, de envolvimento num enredo de onde já não sabe sair.

Contudo, os fabricantes deste enredo continuam de ar sério, mesmo desdizendo-se a todo o momento, apelando aos sacrifícios, mesmo que só os apliquem aos mais fracos.

Isto não é governar de forma atabalhoada, nem atamancada.
Não, isto é uma forma típica de governação para a qual o povo português paga, entregando o seu tributo, e pela qual vai ter de pagar por mais largos anos para remissão dos seus pecados por se dar ao luxo de ir no canto do rouxinol quando das eleições.

De facto, em campanha eleitoral, tudo é música. São vozes afinadas, coros bem treinados, melodias interpretadas na perfeição.

E, se “não é só de pão que vive o homem”, certamente que não fora só para ouvir música que mais uma multidão de jovens desceu a Av. da Liberdade ou encheu outras ruas e praças das nossas cidades.

Até quando continuaremos neste “sacode, leva e foge” fazendo deste país algo de insustentável, à mercê dos outros, onde parece que quem tem um olho é rei.

Será problema do lugar ou de quem nele mora?

Creio que já nem a história nos safará.