quarta-feira, 30 de março de 2011

Incoerências?

Ou total desorientação?


Começa a ser demasiado perturbante a euforia com que os intervenientes políticos deste triste país giram à volta dos meios de comunicação social a fim de dizerem mal das propostas dos seus adversários.


Desde que fora recusado o último PEC na Assembleia da República que os actos governativos deste governo híbrido (nem demitido nem de gestão), se têm traduzido em conferências de imprensa de má língua, de maldizer das propostas da oposição e das atitudes da oposição, de critica às oposições, mas também para reafirmarem que as suas medidas são as que foram chumbadas.


E, no meio de um espanto desmedido, vêm dizer que isto que está a acontecer ao país é o resultado da demissão do Primeiro Ministro!!!


È preciso ter lata. Procuram com a repetição deste penoso discurso fazer esquecer que isto que está a acontecer ao país é o resultado da governação deste primeiro ministro durante estes anos todos. Incapaz de ouvir, incapaz de fazer reformas que equilibrassem as contas públicas apesar de as anunciar repetidamente com pompa e circunstância para a comunicação social e para inglês ver.


Afinal, quem tanto apregoava que não se falasse mal em Portugal das tendências da economia portuguesa para não enervar os mercados, é quem agora mais vezes por dia diz mal das propostas de eventuais partidos ganhadores das próximas eleições, já não se importando com o que isso possa provocar junto dos mercados financeiros! Está visto esse “amor a Portugal” desses políticos que têm gerido os nossos destinos.


Tal é a sua animosidade que deixam transparecer nas suas afirmações diárias que, noutras circunstâncias, duvido se não estaríamos a passar por uma revolução civil como noutros países está a acontecer.


Pelo tom de desassossego que estes políticos de dedo em riste têm manifestado, é cada vez mais preocupante o ambiente que se irá viver nos próximos meses e designadamente, durante a campanha eleitoral.


Mas, parece que estamos condenados a isto.

Já não há decência política nem respeito.

Estão lá os melhores e os melhores levaram-nos a isto.


Afinal se esta era a “boa moeda”, então dêem-nos de volta a má moeda.


Se apelos valessem, deixaria aqui um: Tratem-nos com respeito e honestidade intelectual, porque também não é amarfanhando os boletins de voto ou com o dedo em riste que o povo vota.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Sem brilho nem glória

Após uma jogada calculada milimetricamente, assim creio, atribuindo a culpa ao seu maior rival, sai crispado, sua imagem de marca, mas sem brilho nem glória, com o voto unânime da oposição contra esta governação.

E, como foi insistentemente afirmado pelos que agora estão demissionários, quando o PS é governo, ir a eleições a meio do mandato é uma catástrofe nacional. É sinal de perigo de soberania, invasão estrangeira, irresponsabilidade da oposição e de todos os demais órgãos de soberania. Sem dúvida, inimaginável!

Quando o PSD está no governo, ir a eleições a meio do mandato é, para os mesmos, um alívio, um imperativo nacional, uma oportunidade, um acto de louvor.

No entanto, quem conduziu o país a esta situação de crise nacional foi tão só o PS que governa desde há cerca de seis anos consecutivos.

Será caso para dizer que Sócrates e os seus ministros conduziram à crise cujo papão agora invocam em cada frase que verbalizam como forma de intimidar a população e demais agentes políticos a não querer fazer mexidas sob pena de agravamento da crise.

Mas, de crise estamos nós todos fartos de ouvir falar e de sentir, continuadamente, ano após ano, desde o período dos cofres ainda bem guarnecidos e esbanjados durante o governo do Eng. Guterres até hoje.

Creio que a pergunta que verdadeiramente deve ser feita é: Porque é que mesmo obrigando a população a sacrifícios enormes, com medidas que fazem aumentar o desemprego e diminuir os rendimentos das famílias, os políticos que conduziram o país à crise se agarram ao poder com toda a força e defesas que conseguem encontrar alegando, em desespero de causa, que só eles podem evitar o caos?

Não se terão ainda dado conta de que no caos já colocaram o país?

Precisará este país, além da crise, de todo o ambiente de crispação que este governo e partido que o sustenta alimentam no dia a dia tanto no seio dos órgãos de soberania como com a população em geral?

Se isto é democracia, algo de diferente terá de ser pensado, criado e posto em prática.

Certamente que esta crise não é só económica e financeira.

Uma sociedade não viverá de forma saudável se se alimentar apenas de números, de contas, de percentagens, de estatísticas, abandonando por completo os deveres de respeito, lealdade, assistência e confiança.

Apresente-se a eleições quem for capaz de dar alguma coisa aos portugueses e não só quem quiser tirar tudo o que puder aos portugueses.

domingo, 13 de março de 2011

Até quando?

Costuma o povo dizer que pela boca morre o peixe.

É sabedoria pura, de experiência feita, de reflexão madura.

Quando aqui há uns anos começamos a ouvir, eufóricos, alguns políticos dizerem que quem estava no governo apenas fazia trapalhada, que não governava, que ora dizia isto ora dizia aquilo, é caso para perguntar: E agora?

Trapalhada, dizem os dicionários, é sinónimo de “mistura de coisas variadas”, “situação confusa”, “atabalhoada”, “barafunda”, “baralhada”, “desordem”, “balbúrdia”, “enredo”, “tumulto”, etc.

Esta semana terá sido também para o povo português mais uma semana de confusão, de barafunda, de desordem de sentimentos, de incerteza, de angústia, de envolvimento num enredo de onde já não sabe sair.

Contudo, os fabricantes deste enredo continuam de ar sério, mesmo desdizendo-se a todo o momento, apelando aos sacrifícios, mesmo que só os apliquem aos mais fracos.

Isto não é governar de forma atabalhoada, nem atamancada.
Não, isto é uma forma típica de governação para a qual o povo português paga, entregando o seu tributo, e pela qual vai ter de pagar por mais largos anos para remissão dos seus pecados por se dar ao luxo de ir no canto do rouxinol quando das eleições.

De facto, em campanha eleitoral, tudo é música. São vozes afinadas, coros bem treinados, melodias interpretadas na perfeição.

E, se “não é só de pão que vive o homem”, certamente que não fora só para ouvir música que mais uma multidão de jovens desceu a Av. da Liberdade ou encheu outras ruas e praças das nossas cidades.

Até quando continuaremos neste “sacode, leva e foge” fazendo deste país algo de insustentável, à mercê dos outros, onde parece que quem tem um olho é rei.

Será problema do lugar ou de quem nele mora?

Creio que já nem a história nos safará.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Um país em apuros

Apesar de não ser surpresa nenhuma, não deixa de ser sintomático ter sido esta frase proferida agora por quem há cerca de meia dúzia de anos abriu a porta de S. Bento ao Partido Socialista.

Estando ele em Belém, com o PS em S. Bento este país seria outro, baniam-se as trapalhadas de então, dava-se credibilidade à nação, formava-se o exército boy, e tudo correria sobre rosas.

O foguetório foi estrondoso, de facto, mas as canas afiadas e as barracas a desmoronar, somos nós que as apanhamos.

Um país em apuros! Que diria se fossem outros a governar o país estes últimos seis anos?

Um país de tanga? Seria plágio.

Como podemos ter ouvido estes anos todos os governantes afirmar constantemente que vamos no bom caminho, que estamos a crescer, que estamos a adoptar as medidas correctas e, depois, quando se confirma ser tudo isso uma tanga ninguém se demite, ninguém é demitido, mas, antes pelo contrário, todos se agarram ao poder como ventosas na mais polida superfície.

Tal como muitos fazem toar bem longe, certamente que é momento de uma nova geração com um ideal alternativo se impor em face deste beco sem saída onde a classe politica conduziu o país, provocando a degradação contínua do emprego e das condições de vida em geral, mas permitindo a formação de feudos em que alguns se tornam à custa de todos.

Um novo ideal, sem dúvida alguma que se impõe, promovendo outro tipo de politicas, outro tipo de valores, outro tipo de responsabilidades, sob pena de, a muito curto prazo, esta civilização submergir em face de outras culturas com outra atitude, com outras capacidades, com outros objectivos.

Portugal recebeu rendimentos para nada fazer, continua a distribuir rendimentos para muitos nada fazerem, embora exigindo demais, brutalmente demais, a outros que se disponibilizam para trabalhar.

Não pode ser. Este ciclo politico só vingará enquanto a manta da distribuição for suficientemente abrangente para se autosustentar.

Mas, onde não há produção, não há criação de riqueza e os estrangeiros não estão sempre disponíveis para sustentar maus hábitos, como disso todos nós já nos apercebemos.

E, se está o país em apuros, porque não pedimos responsabilidades a quem a isso o conduziu?