quinta-feira, 26 de agosto de 2010

CDS / Nova Comissão Politica

Foi com agrado que li a “Carta de intenções” apresentada publicamente por Paulo Ramos, novo rosto do CDS de Castro Daire.

Renovar e recriar é sempre, além de necessário e positivo, motivo de esperança. Castro Daire ganhará, estou certo disso, com a intervenção da nova equipa liderante daquele partido.

E, na verdade, como aí se pode ler, o nosso concelho precisa de novas ideias e de novas formas de olhar esta realidade que a todos nos rodeia e que permanece à espera de novas capacidades de interpretação das dificuldades sociais existentes e de execução de planos de erradicação das mesmas, assim como de desenvolvimento das potencialidades locais.

Todos sabemos não nos ser possível fazer milagres, mas sabemos também que um princípio social básico de cada povo é viver sabendo a verdade sobre as possibilidades oferecidas a cada um em particular e ao conjunto em geral.

Por isso sempre defendi que, sejamos políticos ou não, devemos ser sérios nas nossas apreciações e nas propostas que apresentamos por forma a podermos honrar os compromissos que assumimos.

Da leitura do texto em referência parece-me transparecer do mesmo esse espírito.

Por isso, desde já lhe louvo a coragem e o sacrifício a que se propõe sujeitar em defesa da implementação de propostas que em seu entender beneficiarão o nosso concelho.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Mostra Castro Daire

Sendo mostra a exposição de alguma coisa, a Mostra Castro Daire, à semelhança das demais suas vizinhas, nasceu tendo em vista fazer uma exposição das diversas actividades económicas empresariais, artesanais e outras desenvolvidas na localidade a fim de as dar a conhecer, quer aos que aqui residem, quer aos que, sendo embora naturais de cá, só em período de férias por aqui passam alguns dias.

A par dessa exposição, foram sempre oferecidos aos visitantes momentos de animação mais atractivos com a actuação de grupos musicais, designadamente de música tradicional e folclore através da actuação dos diversos Ranchos de Folclore locais.

Este ano, além da parte de animação, a mostra propriamente dita, foi a mais pobre de todas.

Na verdade, por desânimo, desinteresse, desincentivo, desadaptação, ou outras razões, este tipo de iniciativas tem vindo a merecer cada vez menos adesão por parte dos empresários e a Mostra Castro Daire é cada vez menos exposição, limitando-se na prática a um espaço de divertimento e animação de verão no jardim da Vila.

Continuar a chamar mostra a esta iniciativa é, seguramente, dar uma imagem errada do concelho, passando a ideia aos visitantes da falta de actividades cá desenvolvidas, o que, apesar de tudo, não será igualmente justo, mesmo que tal facto resulte da não adesão por parte dos empresários.

Animação é sempre animação. Motivos de convívio são diversos e tanto mais ricos quanto mais diversificados.

E, a iniciativa e organização desses momentos não terão de ser sempre da autarquia. Exemplo disso, a meu ver, foi a noite destinada ao desfile dos vestidos de chita, cujo brilho dispensaria, de todo, introduções paternalistas numa resenha histórica sempre repetitiva.

Haja imaginação, vire-se do avesso a calça rota, encha-se de espigas o espigueiro que o presunto será bom.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Desorientação

Há dias, sob o calor do sol e das chamas, lá veio uma vez mais o Ministro da Agricultura falar em multas e expropriação de terrenos incultos como forma de evitar os incêndios.

Triste a sina do português que perante a incapacidade dos governantes em implementar medidas capazes de proporcionar novo rumo à floresta se vêem, de quando em vez, ameaçados com expropriações como se tal medida fosse a forma capaz de evitar incêndios florestais.

É caso para perguntar porque é que o governo ainda não expropriou toda a superfície florestal do país? Espera porquê? Que arda tudo primeiro para depois poder ficar com o terreno mais barato?

É claro que normalmente as expropriações têm um objectivo. Se no caso concreto o objectivo for manter durante todo o ano, todos os anos, esses terrenos limpos de materiais combustíveis, tal medida é desejada e só peca por tardia.

Seguindo esse raciocínio diria mesmo que essa medida seria o maior investimento no interior do país e com elevados efeitos positivos ao nível da economia nacional.

De facto, é fácil imaginar quantos postos de trabalho o governo iria criar para manter todo o território florestal limpo, florestado e ordenado.

Certamente que o Ministério da Agricultura deixaria de ter problemas com o excesso de pessoal que tem nos gabinetes espalhados pelos mais diversos serviços.

Mas, qual tem sido o exemplo dos terrenos florestados pelo Estado? São tratados como os demais: Esquecidos, sem qualquer intervenção de silvicultura preventiva, cheios de mato, impenetráveis.

Para isto de nada valerá expropriar e não terá o governo fundamento para tal medida.

E, para dar maus exemplos, como diz o povo, valeria mais ter contenção nas palavras. Pensar primeiro e falar depois.

E notória a desorientação governativa a este respeito.
Procuram-se estatísticas, comparam-se épocas estivais, espera-se que este ano arda menos do que no ano anterior, mas, quanto à prevenção efectiva tudo não passa de boas intenções.
Contudo, se este assunto é uma questão de protecção civil nacional, e é, então trate-se como tal, dando-lhe a atenção que merece.

sábado, 7 de agosto de 2010

O inevitável

Gostava de passar um verão sem falar de incêndios florestais.

Mas, parece ser cada vez mais apenas um sonho. As temperaturas aquecem e aí vêm as chamas quimando matos, florestas, pastos e habitações.

Parece que já nada escapa.

Tarefa que ontem era de todos, com o sino da aldeia a rebate, hoje criou-se a ideia de que passou a estar atribuída a apenas alguns equipados com meios técnicos capazes de superarem a simples força do braço humano.

No entanto, aquilo que há dezenas de anos era combatível com enxadas, alguma água e uns ramos verdes, hoje nem grandes tanques de água móveis com fortes jactos, ou até mesmo densas descargas de aviões conseguem apagar esses enormes fornos a céu aberto.

É comum ouvir dizer-se que “ninguém limpa nada”, e até concordamos, acabando mesmo por dizer que isso é verdade.

Mas será possível à nossa sociedade, tal como ela hoje se apresenta, levando em conta a média de idades daqueles que ainda residem no interior do país, assim como ao seu número, fazer face à crescente densidade de material combustível que existe por todo o lado?

Hoje já não arde apenas mato e floresta. Ardem campos de cultura, ardem simples ervas que vão crescendo nas bermas dos caminhos. Tudo o que é verde também arde.

Será possível, apesar das leis e leis que são publicadas sucessivamente (parecendo até por vezes que o legislador crê que o fogo tem medo das leis), continuar a pensar que a nossa floresta tem de continuar a ser predominantemente pinheiro e eucalipto?

Desde há vários anos que vou defendendo que se acabe com o pinheiro e o eucalipto. Sei também que muita gente não concorda, designadamente quem trabalha com esses produtos.

Mas, como é evidente, não se deseja ver o nosso território despovoado de árvores. Creio é que se torna urgente substituir este tipo de árvores por outras que não ardam com tanta facilidade e que simultaneamente sejam capazes de evitar o crescimento do mato à sua volta.

E isto não creio que seja sonhar. É preciso, sim, investigar e adaptar as plantações em conformidade com as condições climatéricas em vez de pensar que esta questão é meramente cíclica e que para o ano que vem já não vai acontecer.

A floresta e a sua gestão precisam de ser repensadas sob pena de nada valer todo o trabalho e esforços despendidos anualmente, primeiro em trabalhos de prevenção e depois em trabalhos de combate.