quinta-feira, 23 de maio de 2013

Inutilidades


Por razões várias, está o país na situação económica que está.

Parte da responsabilidade desta situação foi gerada com a realização de obras públicas subsidiadas pela Europa, para cuja despesa não comparticipada houve necessidade de pedir empréstimos.

Isto é: Fizeram-se obras e mais obras com dinheiro em parte dado e em parte emprestado, a juros, obras essas não destinadas propriamente ao aumento da capacidade produtiva mas sim, essencialmente, em benfeitorias não necessárias e muitas vezes mesmo sem qualquer utilidade.

Filosofia de governação essa que apesar de tudo continua no trabalho desenvolvido, senão em todos, pelo menos em parte dos autarcas, como se não soubessem o que fazer à abundância de verbas com que vivem!

Ora, refiro-me, designadamente, a diferentes obras que estão a ser executadas, por exemplo, nestes três concelhos vizinhos: Lamego, Castro Daire e S. Pedro do Sul.

Lamego desfez todo o pavimento da praça central e respetivos acessos para o refazer de seguida, com material idêntico, mas dando-lhe um novo aspeto.

S. Pedro do Sul fez idêntica intervenção no arruamento junto do jardim central.

Castro Daire, está a duplicar, num mini troço, sem ligação a coisa alguma semelhante, uma estrada normal, sem qualquer necessidade de tal obra.

No entanto, quando terminarem estas obras, foram centenas de milhares de euros, senão mais de um milhão de euros não comparticipados gastos e pagos por nós através dos impostos com que o governo nos sobrecarrega.

Assim, enquanto for possível com as verbas dos nossos impostos pagar as egocentricidades de alguns, não haverá reforma que nos valha.

Exemplos estes que nos fazem pensar, de verdade, quem é que deve decidir que obras fazer a nível de todo o país.

Não seria mais prudente, em tempos de crise como esta, obrigar o governo a que todos as obras públicas acima de certo valor, antes de aprovadas, tivessem de apresentar uma cabal motivação através da qual se pudesse perceber quais os objetivos e necessidades que a mesma iria satisfazer?

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Cortes



Cortes. Sim, cortes e não Cortes. Sim, tesouradas e não qualquer encontro de influentes políticos.
 
Cortes necessários, dizem uns, erros de governação dizem outros.
 
Mas, a verdade é que as notícias hoje neste país passam irremediavelmente por transmitir essas decisões políticas, cada vez mais humilhantes para a maioria da população portuguesa, enquanto que os famosos gastos intermédios ou não tão necessários do Estado continuam por cortar.
 
Sabemos que é uma crise económica profunda. Sabemos que andamos anos a viver à custa de empréstimos estrangeiros.
 
Mas não sabíamos que os empréstimos implicam pagar juros?
 
E com que critérios se fizeram adjudicações e mais adjudicações de obras públicas, muitas delas por ajuste direto sem obtenção de qualquer orçamento alternativo?
 
Creio que enquanto Portugal e outros países europeus decidiram gastar o dinheiro que tinham e o que não tinham em "folclores", outros apostaram na produtividade das suas empresas.
 
Hoje a diferença está à vista.
 
Nós consumimos cada vez menos, mas continuamos a consumir o que outros produzem.

Somos muitas vezes acusados de fraca produtividade, de falta de competitividade.

Mas o exemplo continua a vir de cima.

Qual será a produtividade da maioria das nossas instituições políticas?

Será o orçamento destinado à Presidência da República adequado às exigências do momento e às capacidades financeiras do país?

Será o orçamento destinado à Assembleia da República adequado às exigências do momento, às capacidades financeiras do país e à atual produção concreta dos trabalhos parlamentares?

Será necessário à boa decisão política os enormes gastos em consultadoria, seja por via de carradas de assessores, seja por via de pareceres? Ou demonstra esse facto a total impreparação técnica dos governantes?

Terão todos os consultores mais experiência e saber que os governantes?

A ser assim algo vai mal neste reino!

Estaremos, sem qualquer dúvida, a precisar de novas Cortes, mas não de novos cortes!

Mas, pior do que isso, é que não se vislumbra, por certo, novos príncipes capazes de reinarem contra esta maré, antes pelo contrário.

Reestruture-se o que for necessário. E diga-se sem qualquer receio de o dizer que há muito para reestruturar.

Mas faça-se com sensatez, com razão de ser, com igualdade de tratamento, iniciando o exemplo por quem decide e por quem está a absorver os milhões em que dia a dia cada vez mais nos endividamos.

Facilite-se a produção em vez de constranger cada vez mais quem quer produzir.