sábado, 29 de setembro de 2012


"Ignorantes"
 
Afinal, nós portugueses que trabalhamos, nós portugueses que criamos emprego, nós portugueses que pagamos impostos e segurança social somos ignorantes.
 
E não é que tem razão?
 
Somos nós que trabalhando pagamos impostos para ele receber principescos rendimentos dos cofres do Estado em troca de umas opiniões que vai dando ao governo no intervalo das aulas ou de outros bons empregos que estes "ignorantes" lhe dão.
 
Mas que opiniões: Vender o que dá lucro ao Estado, reduzir os salários dos trabalhadores, aumentar a taxa social paga pelos trabalhadores, aumentar impostos, tudo a bem do povo!
 
É caso para dizer que todos devemos um dia aspirar a passar o tal primeiro ano do curso especial de economia...
 
No dia de mais uma grande manifestação social a nível nacional por causa deste destino económico para onde nos estão a empurrar, esta será, certamente, a garantia da sensibilidade social da assessoria deste governo!
 
Contudo, não dá para perceber qual o contributo deste tipo de inteligência em favor da nossa economia: Quantas empresas terá criado? Quantos postos de trabalho criou? Que tipo de ordenados lhes paga?
 
Será legitimo contribuirmos com o nosso rendimento para pagarmos a quem nos trata assim?
 

Não creio.
 

domingo, 23 de setembro de 2012

O Povo que pague a crise


Desde que os sinos tocaram a rebate, apenas temos assistido ao lançamento dos mesmos pregões: Os trabalhadores têm de pagar mais impostos e receber menos rendimento.
 
Já lá vão mais de dois anos e nem uma palavra foi dada sobre a necessidade de reduzir o número de cargos políticos, designadamente deputados, vereadores e assessores, sejam secretários, adjuntos ou outros tais.
 
A única medida a esse respeito lançada, ainda que de forma tímida, foi acabar com as mais pequenas dos mais pequenos: freguesias quase sem população.
 
Mas, mesmo a este nível, aguarda-se, com curiosidade, a sua concretização a fim de se saber o que na verdade tal anunciada reforma significará.
 
Contudo, esta crise resultou sobretudo das políticas implementadas pelos governantes que continuam a manter privilégios, regalias e rendimentos improdutivos que eles próprios, enquanto decisores atribuíram aos seus futuros ex cargos.
 
Porque há-de a máquina política e improdutiva continuar tão pesada quando se pretende confiscar tanto e cada vez mais rendimento aos que trabalham?
 
Porque há-de essa máquina ser constituída por aqueles que nem tão pouco são escolhidos pelos militantes ou simpatizantes dos partidos mas sim designados pelas cúpulas e lóbis que se mantêm colados sistematicamente aos partidos?
 
Estamos numa guerra desigual, num sistema político desvirtuado, numa democracia meramente formal a um pequeno passo de novas ditaduras.
 
O alheamento da população em relação à política continua a ser ambiente propício à degradação da qualidade governativa, ao experimentalismo empírico, à não responsabilização pessoal pelas decisões erradas, à alternância continuada.
 
Porque terão medo os dirigentes partidários da eleição uninominal?
 
Porque não hão ser os deputados e os presidentes das autarquias escolhidos livremente pelo eleitorado em vez de indicados por partidos?
 
Traria isso dificuldades à governação?
 
Certamente que não. Nem sequer seriamos originais, uma vez que já muitos países europeus utilizam esse sistema de eleição.
 
Não é o presidente da república eleito sem ser escolhido previamente por um partido?
 
Quando tocarão os sinos a rebate para alterar este modo de coisas?

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Mais austeridade


Afinal, correu mal, por isso é preciso cortar ainda mais no rendimento dos portugueses.
 
Mas que correria mal, tinha sido dito por muitos considerados entendidos no assunto.
 
De facto, sendo as receitas do Estado provenientes, essencialmente, do rendimento dos cidadãos e do seu respetivo consumo, assim como do rendimento das empresas diretamente relacionado com o consumo dos cidadãos, além das exportadoras, cortar rendimento significará reduzir consumo e reduzir impostos a não ser que se aumentem as taxas desses mesmos impostos.
 
Sempre defendi que o país não podia dar continuadamente aquilo que não possuía sob pena de um dia termos de ser todos nós a pagar, e a pagar bem caro.
 
Contudo, porque em Portugal se governa para o presente, lá foram os governos satisfazendo interesses, gastando o rendimento que o país não possuía, negligenciando a capacidade produtiva e os efeitos perveros de tais medidas no futuro, mas pedindo emprestado cada vez mais.
 
E, apesar de agora, todos os governos ou candidatos a governantes afirmarem como intenção reduzir os gastos excessivos do Estado, chegados ao governo parece que apenas sabem aumentar impostos, reduzir prestações e serviços essenciais à população, mas não já diminuir os gastos excessivos em serviços escondidos entre edifícios governamentais sobre os quais pouco se sabe.
 
São gestores, assessores, diretores de qualquer coisa, são institutos disto e daquilo, são fundações para qualquer fim, são ex governantes que além da respetiva reforma mantêm privilégios que mais ninguém tem.
 
Será legitimo num período de crise como este termos de pagar mais e mais impostos para continuar a permitir semelhantes regalias?
 
Porque a Assembleia da República não reduz o número de deputados para metade?
 
Não pertence à Assembleia da República fazer as leis e decidir sobre essa matéria?
 
Porque havemos de gastar tantos recursos em atividades não produtivas?
 
Valerá a pena sacrificar a esmagadora maioria da população, atirando-a para o desemprego ou para trabalhos com ordenados miseráveis para, alegadamente, salvar da banca rota algumas grandes empresas fornecedoras de serviços públicos que recebem cada vez mais incentivos fiscais?
Para sermos um país de pobres, falidos e obrigados à emigração não precisamos de tantos governantes, tantos assessores de governantes, tantos diretores gerais, tantos presidentes.
 
Mas, se quem gastou mal o rendimento que tinha foram os governos, para manter esses erros não se socorram daquilo que os particulares conseguem produzir.
 
É que isso não me parece ser ainda democracia. Reduzam no "aparelho" governativo.
 
Como é possível, com tantos assessores e técnicos da troika e outros a cobrar milhões, cometerem erros tão grosseiros sobre o comportamento da nossa economia?
 
Não era suposto que esses técnicos tivessem conhecimento suficiente nas matérias para não cometer erros de apreciação e de previsão?
Creio que esta anunciada medida de tirar aos trabalhadores mais 7% do seu ordenado num momento destes para dar a maior parte dessa verba às empresas é algo injustificável, inadmissível, insensato e, por conseguinte, que deve ser abandonado.
 
Com esta medida consegue o governo atual colocar contra si todos os portugueses apesar de não ter sido o responsável pela situação financeira a que o país chegou.
 
E, consegue esse feito porque os sacrifícios que está a impor são apenas as medidas mais simples de aplicar demonstrando ser incapaz de reduzir a verdadeira "máquina" sorvedoura do rendimento dos portugueses.
 
Assim, não.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Em plena vaga de incêndios

No meio de mais uma grande vaga de incêndios a notícia que aparentemente traduz uma reforma no sector florestal foram as alegadas declarações do ministro da tutela no sentido de alterar a lei sobre a plantação de eucaliptos por forma a facilitar a sua plantação.
 
Pelo menos uma organização ambientalista pronunciou-se no sentido de dever haver cuidado com tal hipótese de liberalização de tais plantações em virtude dos danos ao nível do solo que tais plantações podem acarretar.
 
Creio ser algo de inacreditável num qualquer país com uma política florestal ou, pelo menos, com alguma preocupação em termos ambientais.
 
De facto, quando no terreno, todos os anos e cada vez mais durante mais meses de cada ano, todos nós observemos quanto é difícil combater os incêndios florestais, verificando-se que a existência de manchas de eucaliptos dificulta gravemente esse combate em virtude da capacidade de esvoaçar das folhas de eucalipto a arder, parece que o "ovo de Colombo" florestal português é permitir encher os terrenos incultos portugueses de eucaliptos!
 
Se não fosse sério de mais diria tratar-se de uma brincadeira.
 
Ora, se hoje é já notória a extrema dificuldade em combater e controlar os incêndios florestais, ameaçando cada vez mais povoações inteiras e não só casas isoladas, estaremos a facilitar esse combate com mais plantação de eucaliptos em qualquer sitio do território?
 
Creio que não.
 
Estará o governo com essa medida a querer acenar às populações que vêem os seus terrenos arborizados queimados com a facilidade em plantarem eucaliptos para mais rapidamente poderem rentabilizar esses terrenos devido ao crescimento rápido desta árvore?
 
Estará a pensar nas empresas de fabrico de papel que precisam de madeiras para laborar e produzir?
 
Mas pondo o país a arder de forma descontrolada de norte a sul estar-se-à a criar matéria prima para essas empresas e a dar rendimento às famílias portuguesas?
 
Não creio.
 
A concretizar-se tal política, é sinal de que não são as populações que contam, mas sim algumas fábricas e algumas empresas que vivem de lançar água do ar para televisão ver e os portugueses pagarem com os seus impostos.
 
Já terá o governo reflectido quanto rendimento poderia atribuir às populações do interior do país se não houvessem incêndios florestais?
 
Não seria outra forma de rentabilizar o território português?
 
Mas, evitar incêndios exige trabalho. Plantar eucaliptos é quase só lançá-los à terra e esperar que cresçam..., ou ardam...
 
Certamente que com o actual clima ninguém terá a fórmula eficaz com capacidade para evitar que a floresta arda.
 
Mas não haverá medidas que impeçam a progressão rápida e descontrolada dos incêndios?
 
Se os entraves são legais, mudem-se as leis. Mas faça-se essa mudança com coragem e no sentido correcto.