terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Floresta doente




Porque o nemátodo, doença do pinheiro, está já instalado no nosso concelho, conforme na altura demos conta disso, passo a transcrever um texto de Margarida Davim publicado no jornal Sol do fim de semana passado, assim como uma imagem referente ao referido insecto, por os considerar mais uma chamada de atenção para esta doença da nossa floresta.


Buçaco e Pinhal de Leiria já estão infectados. Associações acusam Governo




A DOENÇA do nemátodo do pinheiro está a alastrar. Há zonas com novos focos de infecção e não há programas oficiais para controlar a praga. A denúncia é feita pela Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente (ANEFA) e pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).
«Não está a ser feito nada», acusa Luís Dias da CAP. «Há árvores marcadas no ano passado por abater. E isso é um sinal claro de que algo não está a funcionar», acrescenta Pedro Serra Ramos, da ANEFA.
«É cada vez mais frequente observar sintomas em árvores em diferentes locais»., afirma o dirigente, lembrando que o problema deixou de estar confinado á Península de Setúbal, onde surgiu em 1999. «O Buçaco e o próprio Pinhal de Leiria já estão afectados» denúncia Serra Ramos, afirmando que o problema está a afectar especialmente a região centro, onde «as empresas estão a fechar, porque vivem da floresta».
Num sector que representa 3% do Produto Interno Bruto (PlB) nacional e emprega cerca de 250 mil trabalhadores, os entraves colocados á exportação de madeiras de pinho, devido ao risco de contaminação, estão a causar sérios prejuízos. «Mais de 20 mil toneladas eram mensalmente enviadas para Espanha, mas isso já não acontece», diz Pedra Serra Ramos, que defende que se devia «limitar o abate ás zonas afectadas» para que a madeira infectada - que pode ser usada após um tratamento térmico - fosse absorvida pelo mercado e removida do espaço florestal.

10% do território afectado

«A sul já há zonas improdutivas, onde nem existe cobertura florestal», queixa-se o dirigente da CAP, Luís Dias. O problema agrava-se, segundo Pedro Serra Ramos, porque «não saíram ainda os concursos públicos de alienação de material lenhoso», que devia estar a ser removido durante o período de Novembro a Abril - para evitar que os insectos que crescem na casca das árvores infectadas disseminem a doença durante a Primavera e o Verão.

O Ministério da Agricultura reconhece a gravidade da situação e admite que cerca de 10% do território nacional está já afectado pela doença, que ataca os pinheiros de 12 distritos. «Hoje, a área afectada é muito superior».
No entanto, fonte do gabinete do ministro António Serrano explica que em 2009 foram investidos 5,7 milhões de euros em acções de prevenção da doença, que incluem a instalação de armadilhas, a monitorização dos insectos e a eliminação de pinheiros doentes. «Em 2010 será conduzido o Plano de Monitorização Nacional», adianta a mesma fonte, explicando que o mesmo contempla análises aos pinheiros na floresta e a «paletes de madeira oriunda de outros países».
De resto, Carla Fernandes, da Associação Portuguesa de Operadores Logísticos, frisa que uma das dificuldades no combate ao nemátodo está no facto de as paletes que vêm do estrangeiro «não estarem sujeitas ao controlo a que está submetido o material de embalagem de origem portuguesa».

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