quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O caos num país grande demais

Parece que toda a gente sabe que existe uma série infindável de práticas incorrectas na administração pública que atravessa os diversos sectores, mas parece que são maiores os esforços no sentido de as manterem do que aqueles que poderiam por-lhe fim.

Ler os jornais e ouvir as demais notícias é já qualquer coisa como esperar que nova situação de má gestão dos dinheiros públicos seja noticiado.

Ultimamente, procura-se dar também ênfase à renegociação dos contratos públicos em que o Estado interveio como cliente, seja ao nível das já famosas PPP, seja ao nível dos contratos de produção de energias renováveis...
 
 
Ora, se é preciso renegociar é porque algo não terá sido bem negociado...
É caso para dizer que, de facto, o Estado tem sido um bom cliente para as empresas privadas, dando-lhes injustificadamente dinheiro e mais dinheiro que consegue sacar do bolso dos contribuintes, pondo-os a pão e água para retribuir os grandes grupos económicos que, em verdade, passaram a governar o país.

E, porque os bolsos dos portugueses são pequenos, depois de os esvaziar, hão-de querer os governos retirar-lhes os bens que ainda possuírem, transferindo-os para alguns grupos que os consigam gerir, já não de acordo com o que o Estado impõe, mas sim de acordo com o que eles impuserem ao Estado.

Vivemos, de facto, num país grande demais para a capacidade de governo que temos.
Por isso, fechar parte do país foi a solução encontrada por alguns ministros.
É preciso concentrar a população em dois ou três campos - as mega cidades ou mega agrupamentos de aglomerados, bairros e casarios, é preciso acabar com a dispersão, com esse interior selvagem onde alguns teimam em querer viver.

Viva Lisboa. Viva a praia e os os chapeus de sol plantados à beira mar.

Para quem quiser fazer disso modo de vida o Estado, com o dinheiro do nosso trabalho, subsidia.

E assim vamos tendo um Estado que tem dinheiro para construir autoestradas mas não tem dinheiro para reparar um muro de suporte a uma estrada nacional cuja queda estrangula a circulação diária.

Temos um Estado com dinheiro para pagar anualmente fortunas no combate aos incêndios florestais, mas não tem dinheiro para trabalhos simples, mas permanentes, de prevenção.

Temos uma administração autárquica que privilegia a festa e esquece acções de prevenção nas diferentes áreas de actuação.

E, perante este cenário de autêntico caos, onde de cima vem o mau exemplo, é fácil perceber a razão de ser desta autêntica desagregação social e moral. 

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