Parece que toda a gente sabe que
existe uma série infindável de práticas incorrectas na
administração pública que atravessa os diversos sectores, mas parece que são
maiores os esforços no sentido de as manterem do que aqueles que
poderiam por-lhe fim.
Ler os jornais e ouvir as demais
notícias é já qualquer coisa como esperar que nova situação de má
gestão dos dinheiros públicos seja noticiado.
Ultimamente, procura-se dar também
ênfase à renegociação dos contratos públicos em que o Estado
interveio como cliente, seja ao nível das já famosas PPP, seja ao
nível dos contratos de produção de energias renováveis...
Ora, se é preciso renegociar é porque algo não terá sido bem negociado...
É caso para dizer que, de facto, o
Estado tem sido um bom cliente para as empresas privadas, dando-lhes
injustificadamente dinheiro e mais dinheiro que consegue sacar do
bolso dos contribuintes, pondo-os a pão e água para retribuir os
grandes grupos económicos que, em verdade, passaram a governar o
país.
E, porque os bolsos dos portugueses
são pequenos, depois de os esvaziar, hão-de querer os governos
retirar-lhes os bens que ainda possuírem, transferindo-os para
alguns grupos que os consigam gerir, já não de acordo com o que o
Estado impõe, mas sim de acordo com o que eles impuserem ao Estado.
Vivemos, de facto, num país grande
demais para a capacidade de governo que temos.
Por isso, fechar parte do país foi
a solução encontrada por alguns ministros.
É preciso concentrar a população
em dois ou três campos - as mega cidades ou mega agrupamentos de
aglomerados, bairros e casarios, é preciso acabar com a dispersão,
com esse interior selvagem onde alguns teimam em querer viver.
Viva Lisboa. Viva a praia e os os chapeus de sol plantados à beira mar.
Para quem quiser fazer disso modo de vida o Estado, com o dinheiro do nosso trabalho, subsidia.
E assim vamos tendo um Estado que tem dinheiro para construir autoestradas mas não tem dinheiro para reparar um muro de suporte a uma estrada nacional cuja queda estrangula a circulação diária.
Temos um Estado com dinheiro para pagar anualmente fortunas no combate aos incêndios florestais, mas não tem dinheiro para trabalhos simples, mas permanentes, de prevenção.
Temos uma administração autárquica que privilegia a festa e esquece acções de prevenção nas diferentes áreas de actuação.
E, perante este cenário de autêntico caos, onde de cima vem o mau exemplo, é fácil perceber a razão de ser desta autêntica desagregação social e moral.
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