quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Fins de Agosto

 
Em fins de Agosto, o que para muitos equivale a fim de férias, começa a repensar-se o novo ano que se avizinha.
É o novo ano escolar, o novo ano político, o novo ano judicial, entre outras actividades que ainda podem ter férias em Agosto, apesar de alguns governantes mais iluminados considerarem isto das férias de verão apenas uma questão de tradição e não algo que naturalmente se aceita em virtude do clima a que o país está sujeito.
Parece que perante a Troika, oriunda sei lá de onde, já nem a "siesta" vizinha se aguenta.
Talvez resultado da internacionalização destes países. É que, mesmo sujeitos a igual clima, quer me parecer que os comerciantes chineses por cá instalados não fazem férias de verão. 

Em Castro Daire tudo se prepara com grande azáfama para que os novos centros escolares prometidos há três anos reabram cheios de gente nova beneficiária do enxoval de bébé, os residentes de diversas localidades que há três anos não tinham saneamento básico nas suas habitações regozijam-se de já o terem e em sinal de satisfação preparam-se para participar na festa das colheitas neste concelho grande produtor agrícola, enchendo o novo parque urbano onde as feiras quinzenais passaram a realizar-se virtualmente.
Dúvidas não restam que a representação autárquica concelhia no exterior tem feito justiça àqueles que, incomodados, diziam há três anos atrás que o concelho era o exemplo da pobreza económica e da pobreza cultural.
Os serviços de atendimento permanente do centro de saúde fecharam durante um longo período da noite.
O tribunal parece ser mesmo para fechar.
Outros serviços públicos, desde Finanças, Segurança Social, Registo Predial, também seguirão o mesmo destino.
Perante esta realidade a pergunta que se impõe formular é saber se, em verdade, faz sentido manter Castro Daire como concelho.
Para gerir o quê?
As águas da rede domiciliária quando os governos pretendem que tais serviços sejam realizados por empresas dedicadas ao sector?
As estradas municipais quando já não há dinheiro para arranjar as existentes nem para limpar as valetas?
A construção urbana quando deixou de se construir casas novas por já não serem necessárias?
Estou convicto que após a implementação da reforma administrativa sobre as juntas de freguesia que está em curso, se vier a ser realmente concretizada, novo reforma virá para agregação de municípios.
Castro Daire, como tive ocasião de dizer há já alguns anos, porque com a construção da autoestrada A 24 passara a ficar perto de muitos outros lugares maiores, tinha dois caminhos a percorrer:
Ou se tornava o centro de uma área geográfica aglutinando em si serviços, ou se desfazia acabando repartido entre Viseu e Lamego.
Porque o processo de crescimento é sempre muito mais difícil de concretizar do que qualquer outro, infelizmente, é a segunda previsão que está a vingar.
Por este andar, havemos de acabar integrados noutro qualquer concelho e a agradecer , ainda assim, por isso mesmo.
Nessa altura talvez possamos até dizer que já nem somos o concelho do país mais atrasado cultural e economicamente...

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