sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Em plena vaga de incêndios

No meio de mais uma grande vaga de incêndios a notícia que aparentemente traduz uma reforma no sector florestal foram as alegadas declarações do ministro da tutela no sentido de alterar a lei sobre a plantação de eucaliptos por forma a facilitar a sua plantação.
 
Pelo menos uma organização ambientalista pronunciou-se no sentido de dever haver cuidado com tal hipótese de liberalização de tais plantações em virtude dos danos ao nível do solo que tais plantações podem acarretar.
 
Creio ser algo de inacreditável num qualquer país com uma política florestal ou, pelo menos, com alguma preocupação em termos ambientais.
 
De facto, quando no terreno, todos os anos e cada vez mais durante mais meses de cada ano, todos nós observemos quanto é difícil combater os incêndios florestais, verificando-se que a existência de manchas de eucaliptos dificulta gravemente esse combate em virtude da capacidade de esvoaçar das folhas de eucalipto a arder, parece que o "ovo de Colombo" florestal português é permitir encher os terrenos incultos portugueses de eucaliptos!
 
Se não fosse sério de mais diria tratar-se de uma brincadeira.
 
Ora, se hoje é já notória a extrema dificuldade em combater e controlar os incêndios florestais, ameaçando cada vez mais povoações inteiras e não só casas isoladas, estaremos a facilitar esse combate com mais plantação de eucaliptos em qualquer sitio do território?
 
Creio que não.
 
Estará o governo com essa medida a querer acenar às populações que vêem os seus terrenos arborizados queimados com a facilidade em plantarem eucaliptos para mais rapidamente poderem rentabilizar esses terrenos devido ao crescimento rápido desta árvore?
 
Estará a pensar nas empresas de fabrico de papel que precisam de madeiras para laborar e produzir?
 
Mas pondo o país a arder de forma descontrolada de norte a sul estar-se-à a criar matéria prima para essas empresas e a dar rendimento às famílias portuguesas?
 
Não creio.
 
A concretizar-se tal política, é sinal de que não são as populações que contam, mas sim algumas fábricas e algumas empresas que vivem de lançar água do ar para televisão ver e os portugueses pagarem com os seus impostos.
 
Já terá o governo reflectido quanto rendimento poderia atribuir às populações do interior do país se não houvessem incêndios florestais?
 
Não seria outra forma de rentabilizar o território português?
 
Mas, evitar incêndios exige trabalho. Plantar eucaliptos é quase só lançá-los à terra e esperar que cresçam..., ou ardam...
 
Certamente que com o actual clima ninguém terá a fórmula eficaz com capacidade para evitar que a floresta arda.
 
Mas não haverá medidas que impeçam a progressão rápida e descontrolada dos incêndios?
 
Se os entraves são legais, mudem-se as leis. Mas faça-se essa mudança com coragem e no sentido correcto.

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