No meio de mais uma grande vaga de
incêndios a notícia que aparentemente traduz uma reforma no sector
florestal foram as alegadas declarações do ministro da tutela no
sentido de alterar a lei sobre a plantação de eucaliptos por forma
a facilitar a sua plantação.
Pelo menos uma organização
ambientalista pronunciou-se no sentido de dever haver cuidado com tal
hipótese de liberalização de tais plantações em virtude dos
danos ao nível do solo que tais plantações podem acarretar.
Creio ser algo de inacreditável num
qualquer país com uma política florestal ou, pelo menos, com alguma
preocupação em termos ambientais.
De facto, quando no terreno, todos os
anos e cada vez mais durante mais meses de cada ano, todos nós
observemos quanto é difícil combater os incêndios florestais,
verificando-se que a existência de manchas de eucaliptos dificulta
gravemente esse combate em virtude da capacidade de esvoaçar das
folhas de eucalipto a arder, parece que o "ovo de Colombo"
florestal português é permitir encher os terrenos incultos
portugueses de eucaliptos!
Se não fosse sério de mais diria
tratar-se de uma brincadeira.
Ora, se hoje é já notória a extrema
dificuldade em combater e controlar os incêndios florestais,
ameaçando cada vez mais povoações inteiras e não só casas
isoladas, estaremos a facilitar esse combate com mais plantação de
eucaliptos em qualquer sitio do território?
Creio que não.
Estará o governo com essa medida a
querer acenar às populações que vêem os seus terrenos arborizados
queimados com a facilidade em plantarem eucaliptos para mais
rapidamente poderem rentabilizar esses terrenos devido ao crescimento
rápido desta árvore?
Estará a pensar nas empresas de
fabrico de papel que precisam de madeiras para laborar e produzir?
Mas pondo o país a arder de forma
descontrolada de norte a sul estar-se-à a criar matéria prima para
essas empresas e a dar rendimento às famílias portuguesas?
Não creio.
A concretizar-se tal política, é
sinal de que não são as populações que contam, mas sim algumas
fábricas e algumas empresas que vivem de lançar água do ar para
televisão ver e os portugueses pagarem com os seus impostos.
Já terá o governo reflectido quanto
rendimento poderia atribuir às populações do interior do país se
não houvessem incêndios florestais?
Não seria outra forma de rentabilizar
o território português?
Mas, evitar incêndios exige trabalho.
Plantar eucaliptos é quase só lançá-los à terra e esperar que
cresçam..., ou ardam...
Certamente que com o actual clima
ninguém terá a fórmula eficaz com capacidade para evitar que a
floresta arda.
Mas não haverá medidas que impeçam a
progressão rápida e descontrolada dos incêndios?
Se os entraves são legais, mudem-se as
leis. Mas faça-se essa mudança com coragem e no sentido correcto.
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