Devo confessar que não simpatizava
muito com o estilo do Presidente Sarkozy. Talvez pela sua total
adesão, senão mesmo submissão, às ideias alemãs impostas pela
respectiva Chanceler.
É verdade que não concordo com a
simples ideia de que quanto mais distribuição melhor,
essencialmente quando não há para distribuir. E, o resultado está
a vista, quer o queiramos, quer não.
Sendo este presidente agora eleito,
socialista, num mundo europeu onde a esmagadora maioria de
governantes neste momento não o é, torna-se curioso verificar até
onde um governante francês com o poder económico, estratégico e
histórico, como é o de França, consegue ir na oposição às
políticas de austeridade desenhadas para toda a Europa tendo em
vista reduzir as dívidas soberanas ou, o mesmo sendo dizer, a
redução dos consumos internos ou, as disponibilidades financeiras
de cada família.
E, apesar de se poder dizer que a
Europa está mal, a culpa não pode ser atribuída apenas a um
partido, ou só aos partidos mais à esquerda ou mais à direita,
dado ter havido com normalidade alternância governativa entre os
mesmos.
Outra curiosidade surge com este resultado eleitoral:
Em França, ao fim de 17 anos, o chefe
da governação deixa de ser de direita e passa a ser de esquerda. Em
Portugal, até há um ano atrás, durante cerca de quinze anos, o
governo fora quase sempre de esquerda e o país votou mais à
direita.
Aliás, tendência semelhante resulta
das eleições gregas realizadas também ontem.
Em momentos de crise as populações
tendem a mudar o voto e, consequentemente, as lideranças, os
governos.
Contudo, fazendo-o quase sempre de
forma inglória. Isto é: Se não votam em quem elegeram depois da
crise se ter instalado, e que nesse momento elegeram na expectativa
de resolver a crise que os anteriores permitiram se instalasse, votam
no partido que governava enquanto a crise se instalou, o mesmo que
rejeitaram por ter permitido que a crise se instalasse.
Daí a procura de alternativas que os
eleitores começam por sentir necessidade de fazer e os resultados
preocupantes que a cada vez maior expressão de partidos radicais
começa a ter.
Preocupações estas a acrescer,
certamente, por parte de todos os políticos sob pena de ser a
própria democracia a auto destruir-se.
De facto, creio que as militâncias ideológicas tradicionais estão a diluir-se cada vez mais, dando lugar a preocupações mais imediatas sentidas pelos cidadãos, muitas vezes contraditórias, provocando votos em candidaturas supostamente inexplicáveis e muitas vezes com resultados totalmente opostos aos pretendidos.
Sem comentários:
Enviar um comentário