segunda-feira, 7 de maio de 2012

Mudança

É com curiosidade que olho para o resultado das eleições presidenciais francesas.

Devo confessar que não simpatizava muito com o estilo do Presidente Sarkozy. Talvez pela sua total adesão, senão mesmo submissão, às ideias alemãs impostas pela respectiva Chanceler.

É verdade que não concordo com a simples ideia de que quanto mais distribuição melhor, essencialmente quando não há para distribuir. E, o resultado está a vista, quer o queiramos, quer não.

Sendo este presidente agora eleito, socialista, num mundo europeu onde a esmagadora maioria de governantes neste momento não o é, torna-se curioso verificar até onde um governante francês com o poder económico, estratégico e histórico, como é o de França, consegue ir na oposição às políticas de austeridade desenhadas para toda a Europa tendo em vista reduzir as dívidas soberanas ou, o mesmo sendo dizer, a redução dos consumos internos ou, as disponibilidades financeiras de cada família.

E, apesar de se poder dizer que a Europa está mal, a culpa não pode ser atribuída apenas a um partido, ou só aos partidos mais à esquerda ou mais à direita, dado ter havido com normalidade alternância governativa entre os mesmos.

Outra curiosidade surge com este resultado eleitoral:
Em França, ao fim de 17 anos, o chefe da governação deixa de ser de direita e passa a ser de esquerda. Em Portugal, até há um ano atrás, durante cerca de quinze anos, o governo fora quase sempre de esquerda e o país votou mais à direita.

Aliás, tendência semelhante resulta das eleições gregas realizadas também ontem.

Em momentos de crise as populações tendem a mudar o voto e, consequentemente, as lideranças, os governos.

Contudo, fazendo-o quase sempre de forma inglória. Isto é: Se não votam em quem elegeram depois da crise se ter instalado, e que nesse momento elegeram na expectativa de resolver a crise que os anteriores permitiram se instalasse, votam no partido que governava enquanto a crise se instalou, o mesmo que rejeitaram por ter permitido que a crise se instalasse.

Daí a procura de alternativas que os eleitores começam por sentir necessidade de fazer e os resultados preocupantes que a cada vez  maior expressão de partidos radicais começa a ter.

Preocupações estas a acrescer, certamente, por parte de todos os políticos sob pena de ser a própria democracia a auto destruir-se.

De facto, creio que as militâncias ideológicas tradicionais estão a diluir-se cada vez mais, dando lugar a preocupações mais imediatas sentidas pelos cidadãos, muitas vezes contraditórias, provocando votos em candidaturas supostamente inexplicáveis e muitas vezes com resultados totalmente opostos aos pretendidos.

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