Um governo de ricos para uma população
cada vez mais pobre.
Assistindo-se no dia a dia à
implementação de políticas de deslocalização de serviços
públicos que se traduzem no sistemático encerramento dos locais de
prestação desses serviços sem que daí resulte de forma manifesta
uma qualquer poupança económica ao erário público e uma melhoria
do atendimento das populações afectadas, perguntar-se-à: Porquê?
Colocando a questão com especial
incidência no sector da justiça e do encerramento dos tribunais das
localidades do interior do país, pretensão que o governo quer levar
a cabo sem se saber bem porquê, não consigo deixar de me perguntar:
Será o encerramento de alguns
tribunais de pequenas localidades do interior tradutor de uma
poupança significativa ao erário público?
Traduzirá essa atitude diminuição de
magistrados?
Traduzirá diminuição de
funcionários?
Estarão neste momento os tribunais de
destino com capacidades humanas e físicas sub aproveitadas?
Ou acarretará este acto transferência
de funcionários e magistrados para esses tribunais de destino?
Serão necessárias obras nos tribunais
de destino para acolherem o aumento de movimento processual com o
recebimento dos processos dos tribunais a encerrar?
Ou o que se pretende é tão só tornar
mais difícil às populações o acesso a estes serviços e dessa
forma reduzir o recurso a esses mesmos serviços?
Mas, já não são as pessoas que
recorrem aos serviços da justiça que têm de pagar custas
elevadíssimas?
Se pagar impostos e taxas não
significa ter direito aos serviços, para que serve esse esforço que
os cidadãos são obrigados a fazer?
Apenas para dar melhores condições de
vida aos residentes nos grandes centros urbanos que podem socorrer-se
de transportes públicos a cada minuto por "truta e meia"?
Porque não é posta à disposição
das populações do interior igual possibilidade de deslocação
pelos mesmos preços que são praticados nas grandes cidades?
Se se trata de realidades diferentes,
porque não se tratam como tal e apenas se olha para o interior do
país a fim de lhe retirar serviços e nunca a fim de lhe favorecer o
acesso aos bens mais essenciais como sejam justiça, saúde e
educação?
Precisará o país de governo para
encerrar serviços e dar ao desbarato o dinheiro dos impostos a
alguns grupos económicos, como tem sido notório e começa a ser assunto de discussão pública?
Estou convicto que não.
Para adoptar estas medidas sem qualquer
razão de ordem económica e social, bastaria um qualquer
privilegiado sentado num qualquer trono por esse mundo fora, "de cá,
ou d` alem mar".
São medidas que a troco de nada promovem a concentração urbana, fazendo aumentar os riscos sociais associados a essa concentração, reincidindo assim no que há muito os governos vêm reiteradamente a fazer.
Para isto não vale a pena gastar dinheiro de todos em ordenados de governantes, gabinetes de governantes e acessores de governantes.