sexta-feira, 30 de março de 2012

Naturalmente, incêndios florestais.

Já não é tema de noticia, já não é algo que admire alguém, já não é assunto que não tenha sido abordado.

Mudam os tempos, o clima, as condições de vida, as atitudes políticas sobre o interior do país, cada vez mais desertificado e abandonado, mas algo parece cada vez mais certo e inevitável.

Há uns anos atrás os governantes de ocasião apressaram-se a criar um código florestal que revolucionaria o panorama florestal português, dizia-se. Não chegou a entrar a vigor, acabando por ser revogado antes de produzir qualquer efeito.

Várias leis ou medidas governamentais foram implementadas, de entre as quais se tornou mais visível a determinação de um período crítico em que se proíbem os trabalhos no seio das áreas florestais, assim como qualquer tipo de queima ou queimada.

No entanto, as queimadas, mesmo fora desse período crítico, continuam de forma desrespeitadora dessas regras e, consequentemente, continuam a alimentar incêndios de proporções devastadoras, como se tal prática fosse inocente para quem a realiza.

Seria caso para perguntar se estas pessoas não vêem televisão e não têm observado o que acontece por este país fora em resultado dessas atitudes, ou se se julgam tão fortes e capazes de fazer face a uma qualquer fogueira feita por si, ainda não tendo interiorizado que depois de começar a arder, com estas condições de tempo e terreno, nada o apagará.

Ou, será antes algum espírito de revolta contra estas condições de incapacidade física e económica para fazer face ao crescendo dos matagais em toda a área florestada e nos terrenos de cultura abandonados por falta de quem os trabalhe e que se tornam floresta natural e desordenada mesmo junto das aldeias?

Todos nós gostaríamos de ter uma explicação para, a partir dela tentar encontrar uma solução.

Mas, aquilo que há uns anos começou a ser feito, logo parece ter deixado de ter continuação, provavelmente por motivos vários, mas não deixando de ser um facto.

Ora, se temos grandes manchas florestais não seria indispensável criar condições de acesso a qualquer carro de protecção florestal?

Sei que por vezes os próprios proprietários são os primeiros a criar entraves na abertura desses caminhos.

Mas terá havido vontade política dirigida com prioridade para essa questão?

É que, não basta abrir caminhos, não basta mandar limpar, não basta proibir fogueiras, seria preciso além disso, investir na manutenção das boas condições dos acessos, na substituição do pinheiro e do eucalipto por outras árvores menos combustíveis e capazes de por si só reduzir o crescimento espontâneo do mato, dar incentivos a quem se dedicasse a cuidar verdadeiramente das áreas florestadas.

É que, se não pudemos determinar as condições do clima, poderíamos, pelo menos, reduzir as condições de propagação fácil e inevitável dos incêndios florestais.

Mas, enquanto o pinheiro e o eucalipto derem papel, não haverá alternativa que resista.

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