sexta-feira, 23 de março de 2012

Reestruturação via aérea.

Creio já não ser motivo de admiração que as reformas que este governo pretende implementar são feitas sem argumentação válida, sem rigor, sem competência assente na realidade dos factos, mas sim, num qualquer sopro de ouvido, numa visão distorcida, enfim, seguindo um padrão de desempenho a que os governos, infelizmente, já nos habituaram.
Hoje ficou-se a saber da própria boca do Sr Ministro Miguel Relvas que afinal, a base fundamental de trabalho para a reestruturação administrativa e de serviços públicos que o governo pretende fazer é uma fotografia aérea do país!
Extraordinário!
É, efectivamente, de forma aérea que estes últimos governos têm governado o país, embora não o dissessem abertamente, mas tendo hoje sido confirmada essa prática pelo Sr Ministro.

Na verdade, é andando no ar que se vêem as dificuldades da terra, é passando a voar, sem curvas nem inclinações que se medem as distâncias, é olhando lá de cima que se certifica das dificuldades de cada um no seu dia a dia e da necessidade de manutenção, encerramento ou abertura de serviços nas diversas localidades, é voando que se identificam as capacidades locais, é voando que se sente a saúde e vigor de cada um, é voando que se fica a saber onde chegam os sinais de revolta e onde se levantam as bandeiras da vitória.
Ficou, é certo, sem se saber se as viagens são no sentido norte sul, ou apenas no sentido nascente poente.
Quase me atrevo a dizer que serão mais no sentido nascente poente, a fim de verificar qual a demora em chegar da fronteira de Espanha até à beira mar.
Por este andar, começo a ter dúvidas se não seria mesmo melhor para o país escolher uns governantes estrangeiros, sem irem a votos, com outras experiências de vida, com outra capacidade de análise, que até tivessem fobia por andar de avião, que fossem capazes de sentir as realidades locais, que fossem capazes de identificar as capacidades locais de desenvolvimento e igualmente capazes de distribuírem por todo o país os serviços de que os cidadãos na realidade precisam.
Afinal, numa época dum mundo virtual, onde o 4g se prepara para arrancar a toda a velocidade, mas à custa do bolso de muitos portugueses que apesar de terem de pagar a mudança ficaram mais mal servidos com o sinal digital, Sr. Ministro, andar de avião será um desperdício, ligue-se aos portugueses através dessas formas de comunicação e visão mais recentes e tirará fotografias muito mais reais e úteis aos seus propósitos e anunciadas reformas.

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