sexta-feira, 23 de julho de 2010

A trapalhada das portagens

Num país em que as leis fossem feitas para ser aplicadas e cumpridas, o transito em algumas das SCUTS (auto-estradas sem portagens) deveria começar a pagar portagens já no próximo dia 1 de Agosto, depois do adiamento de um mês relativamente ao prazo inicialmente previsto.

Contudo, apesar da lei existir, o que tudo indica é que tal início vai ser uma vez mais adiado e sobretudo por causa da forma de processar esse pagamento.

Isto é: temos estradas, temos lei a mandar cobrar portagens, mas não temos forma de proceder a essa cobrança!

Isto não é uma trapalhada deste governo! É, sem dúvida, sinal da boa governação a que estamos sujeitos, desconhecenso-se, ainda assim, o que o futuro nos reserva nos próximos anos.

Não quero com isto dizer que sou a favor da introdução das portagens nas auto-estradas iniciadas como itinerários principais (IPs) porque não sou.

Muitos são os motivos invocados, alguns válidos para esse pagamento, mas, a verdade, é que tal procedimento é a demonstração clara e inequívoca de que o governo centralista de Lisboa está apenas a pensar nos cofres do Estado e não no interior desprezado do país onde, verdadeiramente, nunca investiu nada em favor do seu desenvolvimento.

Se a intenção é portajar as SCUTS do interior, então tivessem feito IPs e depois auto-estradas alternativas.

Porque transformou o governo, por exemplo, a IP5 em auto-estrada em vez de ter feito uma auto-estrada alternativa à ex IP5?

Introduzir portagens agora na A25 é maquiavélico, mais parecendo o desenvolvimento de um propósito governativo de que no interior do país quem quiser circular numa estrada com razoável segurança tem de pagar!

No entanto, tal estrada, vendo bem, nem sequer terá todos os requisitos de um traçado de auto-estrada.

Obrigar os habitantes de Castro Daire, entre outros concelhos, a pagar portagem na A24 num percurso que lhes permita ir até ao centro urbano dos concelhos vizinhos é uma total injustiça, além de ser uma medida com consequências finais para os cofres do Estado com um significado simplesmente irrisório.

E, mais injusto é quando o sistema que se pretende implantar para proceder a essas cobranças permite que veículos com matrículas estrangeiras acabem, na prática, por circular nessas vias sem pagar qualquer portagem.

Mas, estranho é ver os líderes de opinião local, ou assim auto proclamados, defender tais portagens. Certamente que todos eles já deixaram de viver no concelho. Refugiaram-se no centro cosmopolita mais próximo, onde residem e de onde, de vez em quando, saem e vão até ao seu feudo observar os seus pertences.

Na verdade, parece que estamos destinados a viver sob a tutela estranha, exercida directamente, ou, quando não, indirectamente.
Castro Daire, à semelhança de outros concelhos vizinhos, não precisará de tutelas nem de portagens, precisa, sim, de condições de investimento local criador de emprego a residentes.

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