quinta-feira, 3 de junho de 2010

O Desacerto da mesma rasa

No fecho das escolas

Olhar para o interior do país e aplicar-lhe o mesmo critério que se pretende aplicar nos centros urbanos é um disparate total, apesar de, aparentemente, ser justificado com a melhor oferta de instalações e equipamentos aos alunos.

Será legitimo exigir a uma criança de seis anos que se levante todos os dias às seis horas da manhã para ir à escola que fica situada a vinte ou trinta quilómetros de distância da sua residência e regressar ao fim do dia sem voltar a ver os seus pais?

Haverá nessa mudança de escola acréscimo de formação ou perda de formação individual de cada criança?

Todos sabemos que esta proposta não é inocente e visa, essencialmente, satisfazer critérios económicos de resultados duvidosos.

Isto porque, se não queremos hoje salas de aulas com menos de 20 alunos, para quantos alunos estão dimensionados os novos centros?

Funcionará um novo centro escolar com apenas 25 ou 30 alunos? Ou será exigido um mínimo de 90 a 120 alunos?

Mas, mesmo com esse número de alunos, economicamente saíra mais barato manter em funcionamento um desses centros em vez de 2 ou 3 escolas periféricas com instalações melhoradas e adequadas às chamadas “novas exigências”?

E qual é a tendência de evolução demográfica, por exemplo, no nosso concelho e nas freguesias mais afastadas do centro?

Quantos anos estarão tais centros a funcionar, com excepção dos criados nas Vilas?

Se daqui a uns anos a zona do Vale do Paiva não tiver crianças em número suficiente para manter em funcionamento um centro escolar serão para lá conduzidas crianças doutras áreas do concelho ou virão as que houver para Castro Daire?

Estou em crer que o próximo passo será a criação de residências para crianças nos centros urbanos onde frequentarão centros educativos, as quais verão os pais apenas aos fins de semana.

Mas será que essas crianças vão ter pais? Será esse o caminho certo para a formação e educação das crianças do interior do país?

Creio que os concelhos do interior estão uma vez mais empurrados para a construção de elefantes brancos que daqui a uns anos estarão completamente abandonados.

Mas, neste país onde o planeamento a médio prazo foi deitado fora há muito e as medidas surgem como que por inspiração de quem chega ao poder pela primeira vez num ímpeto de que nada será como dantes, tudo se faz e desfaz, se ordena e desordena, se manda e desmanda.

Castro Daire, a meu ver, precisaria, não de centros educativos para inglês ver, mas de escolas com instalações capazes de agrupar dentro da maior proximidade possível, olhando em concreto às distâncias e ao tipo de estrada a percorrer, assim como a possíveis novas estradas a abrir ou a requalificar,

Não manter em funcionamento uma dessas escolas na zona norte do concelho é um erro estratégico.

Os autarcas não devem ser só uma extensão do poder central.
O que se está a fazer com a educação revela a pobreza de espírito dos nossos governantes fechados em gabinetes com ar condicionado e que odeiam pó, água, frio e calor.

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