quinta-feira, 13 de maio de 2010

O VOTO

A institucionalização da má gestão

Neste dia em que, como desde a apresentação do PEC se adivinhava, o Governo se prepara para anunciar novas medidas de constrangimento social, designadamente aumento de impostos directos e indirectos, não restam motivos para acreditar em discursos de credibilidade, de confiança, de rigor, de seriedade.

De facto, quando um governo gere os recursos disponíveis tendo por único objectivo o voto eleitoral acaba por gerir mal os recursos públicos de todos em benefício imediato de alguns e a médio prazo em prejuízo de todos.

O nosso sistema democrático vai ter de se adaptar rapidamente a fim de evitar uma relação directa entre o voto e a gestão dos recursos públicos sob pena de ele próprio correr sérios riscos de colapso.

Efectivamente, quem não se recorda dos tempos em que o governo socialista liderado pelo Eng. António Guterres, em cumprimento de promessas eleitorais e acenando ao futuro acto eleitoral, lançou medidas como a do rendimento mínimo garantido, primeiro, dito temporário, meramente de apoio à reinserção laboral, e depois, ficando como uma benesse pública para quem não se preocupa muito com a corrida ao trabalho?

Distribuir rendimentos é fácil, é agradável, dá votos, mas apesar de aparentemente justo, acaba muitas vezes por ser injusto e insustentável, tanto mais quando quem não trabalhando acaba por ter ao fim de mês um “prémio” maior do que aquele que correndo e esforçando-se de manhã até à noite, recebe no final do mês como salário “justo”, contratado ou fixado.

Mas, se para distribuir rendimentos quando o cofre tem para distribuir os governos não chamam os partidos da oposição para lhes dar apoio ou aval, depois de terem gasto tudo, o que o cofre tinha e não tinha, pedindo emprestado, clamam por responsabilidade da oposição, por patriotismo, por dever nacional!

Mas, afinal, não foi este partido socialista que ao longo destes últimos quinze anos esbanjou tudo o que havia para esbanjar?
E criou menos pobres com esse esbanjamento, ou apenas mais subsídio - dependentes?
Aumentou com esse esbanjamento a produtividade nacional, ou deu sinal de avalizar o desemprego, o desincentivo e a improdutividade?

E como é possível ainda hoje manter distribuições gratuitas de rendimentos a quem ao longo dos anos não aproveitou esse chamado incentivo para se adaptar ao mercado de trabalho?

Como é possível continuar a dar se está a retirar e se prepara para anunciar que vai retirar mais e mais aos fracos rendimentos de muitos que trabalham?

Creio que o anunciado anúncio, preparando alguma “hipnotização” da população como muito bem este governo tem sabido fazer, é o sinal claro do que tem sido a incompetência governativa em face do único objectivo da governação – a renovação do voto.

Creio que se a governação pública não estivesse na dependência directa do voto os governos não teriam tomado medidas economicamente tão desastrosas que, como sempre, contraditórias entre si, acabam por levar a que tenham de ser todos a pagar os erros que alguns cometem.

Assim,neste dia 13 de Maio, de esperança e de sentimentos fortes para muitos, de visita ao Santuário de Fátima de sua Santidade o Papa Bento XVI, resta-nos a esperança de podermos continuar a reflectir publicamente enquanto a falta de pão não nos obrigar a vender a capacidade de expressão.

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