quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Interesses? Incapacidade?


Ano após ano, a marca deste país durante o verão tem sido, sistematicamente, calor e incêndios florestais cada vez maiores e cada vez mais ameaçadores dos locais de habitação, sejam pequenas aldeias, sejam vilas ou até mesmo cidades.

Bem sabemos os fatores que propiciam este dramático quadro, por vezes trágico, ou mesmo cada vez mais trágico, para famílias, proprietários, operacionais, ambiente e até para a economia do país.

Contudo, olhando ao lado da produção, assistimos à tomada de opções governamentais pela plantação de mais eucaliptos, mais resinosas, autênticos materiais incandescentes com as temperaturas que cada vez mais altas se fazem sentir.

Esquecendo-se a impossibilidade prática de limpeza capaz dos terrenos arborizados, até porque, como se costuma dizer, no verão até a terra arde, bastando olhar para a queima de cada vez mais áreas cultivadas, continua a assistir-se apenas, ano após ano, numa política de reação, à contratação milionária de mais meios de combate aos incêndios.

Mas, perante este cenário que, com toda a certeza, vai piorar ano após ano (veja-se o caso da Madeira), não seriam de pensar a sério outras políticas florestais?

Sabemos que o interior do país tem sido abandonado em termos de governação ao longo dos tempos, permitindo apenas que sobreviva à custa de muitos sacrifícios de quem opta por não se juntar aos grandes centros urbanos.

Seria caso para perguntar se tal abandono faria parte de alguma estratégia de governação para o país, se, na verdade, houvesse alguma estratégia governativa para todo o país.

E, se para muitos acabar com as aldeias é necessário para o desenvolvimento do país, não se alcança o que poderá vir a ser a economia deste país, sem produção própria, sem riquezas de subsolo à vista e sem qualquer oásis que possa provocar o interesse dos estrangeiros em grau suficiente para a sustentar.

Ainda é verdade que as áreas arborizadas continuam a ter relevo na economia nacional, designadamente na área da indústria do papel e, daí a opção por árvores de crescimento rápido como o eucalipto.

Mas não deveriam essas áreas ser definidas e delimitadas, estrategicamente localizadas e, por outro lado, orientadas muitas das políticas despesistas para a proteção aos aglomerados urbanos?

Sabemos que já muita legislação foi produzida sobre o assunto, parte dela revogada depois sem que sequer entrasse em vigor. Mas legislação por si só não apaga incêndios nem evita que eles se propaguem.

São precisas novas práticas, medidas concretas que evitem que todo o interior passe a ser mato, giestas e silvas.

Estamos, este ano, em campanha eleitoral autárquica. Não vi ainda nenhum candidato expor o que pensa sobre este assunto, fosse nos cartazes que se vêem espalhados ao longo do país, fosse em papel escrito distribuído aos eleitores.

Sabemos não ser tarefa fácil inverter esta tendência. Mas é preciso tomar medidas, executar práticas preventivas concretas, investir no antes e não só no depois.

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