Segundo as notícias mais
recentes, o governo decidiu hoje (13/3/2013) fixar limites máximos
aos juros cobrados pelos bancos em situações de manifestas
dificuldades financeiras das famílias e empresas traduzidas,
essencialmente, nas compras a crédito através de cartões de
crédito e nos descobertos, assim como nas demais situações de mora
no pagamento das prestações contratualizadas.
É assim anunciado que a
taxa máxima de juros para os créditos através de cartões de
crédito passa a ser de 27,5%, a taxa máxima em situações de
descobertos passa a ser de 19,5% e a taxa máxima de juros moratórios
no atraso de entrega das prestações contratualizadas passa a ser de
3%.
De facto, comparando
estas taxas com as atualmente praticadas, pode dizer-se traduzir esta
decisão uma medida amiga das famílias e empresas, uma vez que as
taxas atuais são arbitrárias e usurárias chegando aos 37,4%,
segundo informação do próprio governo.
Mas, não deveria o
governo ter ido mais longe e fixar limites ainda mais baixos?
Como é possível
admitir-se que os bancos cobrem 27,5% de juros quando os juros que os
mesmos bancos pagam pelos depósitos recolhidos rondam os 2 e 3%?
Não continuam a traduzir
juros usurários as taxas agora fixadas como limite máximo?
Sempre considerei que
existia uma enorme permissão governativa nesta área, raiando o
absurdo, num total laxismo legislativo sem a menor preocupação
social.
Isto porque, não se diga
que só compra quem quer, só usa cartões de crédito quem quer, só
deixa ficar as suas contas a descoberto quem quer.
É que, tais situações
começam por surgir muitas vezes apenas por iniciativa dos próprios
bancos, em atitudes manipuladoras da vontade dos seus clientes, em
manifestas ações de publicidade enganosa, promovendo tais situações
no intuito de virem, efetivamente, a poder cobrar tais juros e daí
retirar avultados proveitos.
E,
se os bancos são essenciais para o desenvolvimento de qualquer
sociedade, não menos importante é estabelecer parâmetros às suas
ações tendo em vista defender todos os cidadãos de comportamentos
usurários, assim como de ações que por falta de regulamentação
levam a que a "ousadia" de alguns gestores acabem em
situações como as que recentemente aconteceram neste país em que o
prejudicado acaba sempre por ser o cidadão contribuinte.
Certamente
que gerir bem não será apenas cobrar altas taxas de juros.
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