sexta-feira, 22 de março de 2013

Coragem?



Nesta era do conhecimento e da informação rápida, creio que se pode dizer que quando há dias atrás se soube da decisão dos Senhores do dinheiro de impor ao Chipre o confisco imediato de 10 por cento das poupanças de cada cipriota, este mundo estremeceu, tal como num terramoto por, apesar de se saber que existem, nunca se esperarem.

Depois disso, veio a incerteza quanto à aceitação ou não por parte dos políticos locais de tal exigência.

E, certamente num ato de coragem, pelo menos num primeiro momento, resistiram, rejeitando tal exigência, convictos que estavam também da possível ajuda dos seus vizinhos amigos.

Soube-se entretanto da indisponibilidade desses seus "aliados" para fazerem frente à já famosa Troika.

E, assim, o suspense sobre qual a decisão dos responsáveis políticos cipriotas coloca em alerta, senão todo o mundo, pelo menos esta velha Europa cada vez mais dependente de terceiros.

E, num instante, as chamadas dividas soberanas, algo até há pouco tempo merecedor de inquestionável valor e de crédito, não fosse a soberania tradução de poder e valentia, passam para lixo, reduzindo o valor de um país à cifra numérica tradutora da dívida a terceiros.

E, por esta via, as garantias militares foram totalmente ultrapassadas pelo peso e pela força do dinheiro, tantas vezes mal aplicado por aqueles a quem outrora lhes foi oferecido, a preços baixos, fazendo-lhes crer que haveria sempre mais.

E, porque em vez de produzir é mais fácil gastar o poupado pelo vizinho, lá (e cá) foram animando o Zé Povinho com empréstimos sobre empréstimos, fazendo crer que eram as suas estratégias governativas que estavam a garantir o crescimento económico.

Fazendo algo que o nosso povo bem sabe e muitas vezes recorda numa simples frase: "quem compra sem poder vende sem querer".

Mais um velho do Restelo, dir-se-ia.

Mas serão capazes os cipriotas de levar esta sua rejeição até ao fim? Terão alguma alternativa que evite o colapso social, económico e financeiro?

Ou virá esta medida a pegar moda e a ser usada por aqueles outros que sempre prometeram (como se a palavra ainda valesse alguma coisa) ser contra a mesma?

E como é possível explicar tudo isto com a crise dos outros (não nossa) se, ao que parece, não é por falta de dinheiro disponível de investidores que tudo isto acontece?
 

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