Nesta era do conhecimento
e da informação rápida, creio que se pode dizer que quando há
dias atrás se soube da decisão dos Senhores do dinheiro de
impor ao Chipre o confisco imediato de 10 por cento das poupanças de
cada cipriota, este mundo estremeceu, tal como num terramoto por,
apesar de se saber que existem, nunca se esperarem.
Depois disso, veio a
incerteza quanto à aceitação ou não por parte dos políticos
locais de tal exigência.
E, certamente num ato de
coragem, pelo menos num primeiro momento, resistiram, rejeitando tal
exigência, convictos que estavam também da possível ajuda dos seus
vizinhos amigos.
Soube-se entretanto da
indisponibilidade desses seus "aliados" para fazerem frente
à já famosa Troika.
E, assim, o suspense
sobre qual a decisão dos responsáveis políticos cipriotas coloca
em alerta, senão todo o mundo, pelo menos esta velha Europa cada vez
mais dependente de terceiros.
E, num instante, as
chamadas dividas soberanas, algo até há pouco tempo merecedor de
inquestionável valor e de crédito, não fosse a soberania tradução
de poder e valentia, passam para lixo, reduzindo o valor
de um país à cifra numérica tradutora da dívida a terceiros.
E, por esta via, as
garantias militares foram totalmente ultrapassadas pelo peso e pela
força do dinheiro, tantas vezes mal aplicado por aqueles a quem
outrora lhes foi oferecido, a preços baixos, fazendo-lhes crer que
haveria sempre mais.
E, porque em vez de
produzir é mais fácil gastar o poupado pelo vizinho, lá (e cá)
foram animando o Zé Povinho com empréstimos sobre
empréstimos, fazendo crer que eram as suas estratégias governativas
que estavam a garantir o crescimento económico.
Fazendo
algo que o nosso povo bem sabe e muitas vezes recorda numa simples
frase: "quem compra sem poder vende sem querer".
Mais
um velho do Restelo, dir-se-ia.
Mas
serão capazes os cipriotas de levar esta sua rejeição até ao fim?
Terão alguma alternativa que evite o colapso social, económico e financeiro?
Ou
virá esta medida a pegar moda e a ser usada por aqueles outros que
sempre prometeram (como se a palavra ainda valesse alguma coisa) ser contra a mesma?
E
como é possível explicar tudo isto com a crise dos outros (não nossa) se, ao que
parece, não é por falta de dinheiro disponível de investidores que
tudo isto acontece?