terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Governos & Oposição


Após estes quase quarenta anos de regime democrático no país, é legítimo perguntar se permite o mesmo uma convivência prolongada entre um governo com imagem forte e estável e uma oposição igualmente forte e estável.

E, vem esta ideia à reflexão após os últimos acontecimentos na vida interna do Partido Socialista, neste momento oposição.

É que, também em virtude de ter sido o PS o partido que nos últimos anos se manteve por longos períodos no governo, as crises internas partidárias estavam até aqui associadas essencialmente ao PSD.

Na verdade, a instabilidade partidária tem sido característica dos partidos quando na oposição e, sobretudo, naqueles que, não estando no governo, anseiam e têm expectativas de no curto prazo passarem a ser governo.

Ora, com os últimos acontecimentos no seio de PS sobre a marcação ou não de congresso e de eleições para a liderança do partido nos próximos tempos, verifica-se que também neste partido, pelo menos nesta altura, estão instaladas duas tendências. Uma que defende a atual liderança e outra que pretende ver esta liderança substituída.

Situação esta que ocorre numa altura em que começam a ser menos definidos em termos de bons ou maus os resultados das medidas tomadas pelo atual governo e, consequentemente, qual o seu destino.

Isto é: Com a realização do financiamento obtido no mercado como acontecera nos últimos dias, o governo respirou de alívio, reafirmou o sucesso das suas medidas e o PS tremeu quanto à certeza de ocorrerem eleições legislativas nos próximos meses.

O que pode significar vir a termos um governo de legislatura, cumprindo os seus quatro anos de mandato, obrigando os socialistas a continuar na oposição ainda por mais uns anos, quando, segundo as sondagens, se fossemos hoje a votos, ganharia o PS.

Significa isto que um governo capaz de governar na perspetiva de uma legislatura tende a provocar crises no partido da oposição tendencialmente sua alternativa, com queda de lideres que acabam por não se afirmar, muitas vezes, sobretudo, pelo espreitar de terceiros ao lugar da liderança e, habitualmente com o argumento de sempre: "Com esta liderança não vamos lá".

Se isto acontece do lado da oposição, é possível também dizer-se que uma liderança de oposição com imagem forte e estável faz com que um governo que não seja tão forte acabe por cair antes do seu prazo normal de vida pré estabelecido - o da legislatura.

Facto este resultante essencialmente da melhor imagem do líder da oposição capaz de transmitir à população outra esperança que não o governo constituído.

Aliás, resultado notório desse cenário aconteceu com a derrube do governo do PSD pelo então Presidente da República após o PS ter eleito como novo Secretário Geral José Sócrates.

É caso para dizer que o regime político em vigor associado à forma de pensar da nossa sociedade e designadamente da "classe" política, impõe que sucesso de um acarrete, inevitavelmente, o insucesso de outro.

Neste encruzilhar de caminhos espera-se, ainda assim, que o objetivo seja um só: O sucesso do país.

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