Desde que os sinos tocaram a rebate,
apenas temos assistido ao lançamento dos mesmos pregões: Os
trabalhadores têm de pagar mais impostos e receber menos rendimento.
Já lá vão mais de dois anos e nem
uma palavra foi dada sobre a necessidade de reduzir o número de
cargos políticos, designadamente deputados, vereadores e assessores,
sejam secretários, adjuntos ou outros tais.
A única medida a esse respeito lançada,
ainda que de forma tímida, foi acabar com as mais pequenas dos mais
pequenos: freguesias quase sem população.
Mas, mesmo a este nível, aguarda-se,
com curiosidade, a sua concretização a fim de se saber o que na
verdade tal anunciada reforma significará.
Contudo, esta crise resultou sobretudo
das políticas implementadas pelos governantes que continuam a manter
privilégios, regalias e rendimentos improdutivos que eles próprios,
enquanto decisores atribuíram aos seus futuros ex cargos.
Porque há-de a máquina política e
improdutiva continuar tão pesada quando se pretende confiscar tanto
e cada vez mais rendimento aos que trabalham?
Porque há-de essa máquina ser
constituída por aqueles que nem tão pouco são escolhidos pelos
militantes ou simpatizantes dos partidos mas sim designados pelas
cúpulas e lóbis que se mantêm colados sistematicamente aos
partidos?
Estamos numa guerra desigual, num
sistema político desvirtuado, numa democracia meramente formal a um
pequeno passo de novas ditaduras.
O alheamento da população em relação
à política continua a ser ambiente propício à degradação da
qualidade governativa, ao experimentalismo empírico, à não
responsabilização pessoal pelas decisões erradas, à alternância
continuada.
Porque terão medo os dirigentes
partidários da eleição uninominal?
Porque não hão ser os deputados e os
presidentes das autarquias escolhidos livremente pelo eleitorado em vez de
indicados por partidos?
Traria isso dificuldades à governação?
Certamente que não. Nem sequer seriamos originais, uma vez que já muitos países europeus utilizam esse sistema de eleição.
Não é o presidente da república
eleito sem ser escolhido previamente por um partido?
Quando tocarão os sinos a rebate para
alterar este modo de coisas?
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