Afinal, correu mal, por isso é preciso
cortar ainda mais no rendimento dos portugueses.
Mas que correria mal, tinha sido dito
por muitos considerados entendidos no assunto.
De facto, sendo as receitas do Estado
provenientes, essencialmente, do rendimento dos cidadãos e do seu
respetivo consumo, assim como do rendimento das empresas diretamente
relacionado com o consumo dos cidadãos, além das exportadoras,
cortar rendimento significará reduzir consumo e reduzir impostos a
não ser que se aumentem as taxas desses mesmos impostos.
Sempre defendi que o país não podia
dar continuadamente aquilo que não possuía sob pena de um dia
termos de ser todos nós a pagar, e a pagar bem caro.
Contudo, porque em Portugal se governa
para o presente, lá foram os governos satisfazendo interesses,
gastando o rendimento que o país não possuía, negligenciando a
capacidade produtiva e os efeitos perveros de tais medidas no futuro, mas pedindo emprestado cada vez mais.
E, apesar de agora, todos os governos
ou candidatos a governantes afirmarem como intenção reduzir os
gastos excessivos do Estado, chegados ao governo parece que apenas
sabem aumentar impostos, reduzir prestações e serviços essenciais
à população, mas não já diminuir os gastos excessivos em
serviços escondidos entre edifícios governamentais sobre os quais
pouco se sabe.
São gestores, assessores, diretores de
qualquer coisa, são institutos disto e daquilo, são fundações
para qualquer fim, são ex governantes que além da respetiva reforma
mantêm privilégios que mais ninguém tem.
Será legitimo num período de crise
como este termos de pagar mais e mais impostos para continuar a
permitir semelhantes regalias?
Porque a Assembleia da República não
reduz o número de deputados para metade?
Não pertence à Assembleia da
República fazer as leis e decidir sobre essa matéria?
Porque havemos de gastar tantos
recursos em atividades não produtivas?
Valerá a pena sacrificar a esmagadora
maioria da população, atirando-a para o desemprego ou para
trabalhos com ordenados miseráveis para, alegadamente, salvar da
banca rota algumas grandes empresas fornecedoras de serviços
públicos que recebem cada vez mais incentivos fiscais?
Para sermos um país de pobres, falidos e obrigados à emigração não
precisamos de tantos governantes, tantos assessores de governantes,
tantos diretores gerais, tantos presidentes.
Mas, se quem gastou mal o rendimento
que tinha foram os governos, para manter esses erros não se socorram daquilo que os
particulares conseguem produzir.
É que isso não me parece ser ainda
democracia. Reduzam no "aparelho" governativo.
Como é possível, com tantos
assessores e técnicos da troika e outros a cobrar milhões, cometerem erros
tão grosseiros sobre o comportamento da nossa economia?
Não era suposto que esses técnicos
tivessem conhecimento suficiente nas matérias para não cometer
erros de apreciação e de previsão?
Creio que esta anunciada medida de
tirar aos trabalhadores mais 7% do seu ordenado num momento destes
para dar a maior parte dessa verba às empresas é algo
injustificável, inadmissível, insensato e, por conseguinte, que
deve ser abandonado.
Com esta medida consegue o governo
atual colocar contra si todos os portugueses apesar de não ter sido
o responsável pela situação financeira a que o país chegou.
E, consegue esse feito porque os
sacrifícios que está a impor são apenas as medidas mais simples de
aplicar demonstrando ser incapaz de reduzir a verdadeira "máquina"
sorvedoura do rendimento dos portugueses.
Assim, não.