Em fins de Agosto, o que para muitos
equivale a fim de férias, começa a repensar-se o novo ano que se
avizinha.
É o novo ano escolar, o novo ano
político, o novo ano judicial, entre outras actividades que ainda
podem ter férias em Agosto, apesar de alguns governantes mais
iluminados considerarem isto das férias de verão apenas uma questão
de tradição e não algo que naturalmente se aceita em virtude do
clima a que o país está sujeito.
Parece que perante a Troika, oriunda
sei lá de onde, já nem a "siesta" vizinha se aguenta.
Talvez resultado da internacionalização
destes países. É que, mesmo sujeitos a igual clima, quer me parecer
que os comerciantes chineses por cá instalados não fazem férias de
verão.
Em Castro Daire tudo se prepara com
grande azáfama para que os novos centros escolares prometidos há
três anos reabram cheios de gente nova beneficiária do enxoval de
bébé, os residentes de diversas localidades que há três anos não
tinham saneamento básico nas suas habitações regozijam-se de já o
terem e em sinal de satisfação preparam-se para participar na festa
das colheitas neste concelho grande produtor agrícola, enchendo o
novo parque urbano onde as feiras quinzenais passaram a realizar-se
virtualmente.
Dúvidas não restam que a
representação autárquica concelhia no exterior tem feito justiça
àqueles que, incomodados, diziam há três anos atrás que o
concelho era o exemplo da pobreza económica e da pobreza cultural.
Os serviços de atendimento permanente
do centro de saúde fecharam durante um longo período da noite.
O tribunal parece ser mesmo para
fechar.
Outros serviços públicos, desde
Finanças, Segurança Social, Registo Predial, também seguirão o
mesmo destino.
Perante esta realidade a pergunta que
se impõe formular é saber se, em verdade, faz sentido manter Castro
Daire como concelho.
Para gerir o quê?
As águas da rede domiciliária quando
os governos pretendem que tais serviços sejam realizados por
empresas dedicadas ao sector?
As estradas municipais quando já não
há dinheiro para arranjar as existentes nem para limpar as valetas?
A construção urbana quando deixou de
se construir casas novas por já não serem necessárias?
Estou convicto que após a
implementação da reforma administrativa sobre as juntas de
freguesia que está em curso, se vier a ser realmente concretizada,
novo reforma virá para agregação de municípios.
Castro Daire, como tive ocasião de
dizer há já alguns anos, porque com a construção da autoestrada A
24 passara a ficar perto de muitos outros lugares maiores, tinha dois
caminhos a percorrer:
Ou se tornava o centro de uma área
geográfica aglutinando em si serviços, ou se desfazia acabando
repartido entre Viseu e Lamego.
Porque o processo de crescimento é
sempre muito mais difícil de concretizar do que qualquer outro,
infelizmente, é a segunda previsão que está a vingar.
Por este andar, havemos de acabar
integrados noutro qualquer concelho e a agradecer , ainda assim, por
isso mesmo.
Nessa altura talvez possamos até dizer
que já nem somos o concelho do país mais atrasado cultural e
economicamente...