terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Opções discutíveis


Após adesão à comunidade europeia por parte do nosso país, o pensamento português, desde os governantes aos governados, foi um só: Gerir bem é fazer obras com dinheiro dado e algum emprestado.

Assim se viveu durante décadas, quadro comunitário, após quadro comunitário.

Endividando-se uns mais que outros, todos os organismos da administração pública e privados, viraram-se essencialmente para a construção de obras de grande volume, canalizando para as mesmas todos os recursos disponíveis, bem como recursos inexistentes no momento, dando de garantia recursos futuros.

Nesta corrida desenfreada aos ditos quadros comunitários, num total deslumbramento oferecido pela Comunidade Europeia, a solução para tudo era o recurso ao crédito, mais crédito e crédito.

E, quando algumas vozes começaram a chamar a atenção para a impossibilidade de tal sistema poder ser mantido por muito tempo, qual quê? Não senhor, nada disso.

Contudo, as despesas de manutenção de diferentes serviços por parte do Estado, e que a este competem, designadamente na área da segurança, da justiça e da saúde, foram sendo esquecidas, relegadas para último plano, não satisfeitas.

Assim se chega às gigantes dívidas do Estado para com alguns seus fornecedores, designadamente na área da saúde permitindo-se mesmo chegar ao cúmulo de não pagar as comparticipações legais nos medicamentos como acontece na Região da Madeira, obrigando os cidadãos a pagar do seu bolso o custo do medicamento que por lei compete ser pago pelo Estado.

De facto, parece que mais importante era gastar três milhões de euros em festas e fogo de artifício na passagem do ano do que assegurar o fornecimento de medicamentos à população com a devida comparticipação.

Agora, e após o fecho de muitos serviços de atendimento permanente, designadamente nos Centros de Saúde, equaciona-se já o encerramento de várias urgências hospitalares, apesar da brutal subida do preço das consultas nesses serviços e do aumento de impostos.

Tudo porque o dinheiro disponível ou a baixo custo foi canalizado para a execução de obras e obras, mais ou menos úteis e mesmo totalmente inúteis ou desnecessárias, algumas das quais, apesar de custarem milhões foram inauguradas e logo encerradas, continuando, apesar disso, a pagar-se altos juros pela renovação dos empréstimos contraídos para esse efeito.

Apesar de tudo, dizem estes governantes, velhos ou menos velhos, que não se arrependem das opções que tomaram.

E, não sei porquê, a verdade é que indo a votos continuam a ganhar eleições.

E assim, uns tiveram a glória efémera da inauguração, outros têm e terão o sacrificio sentido e duradouro do  pagamento do seu custo e demais encargos financeiros.

Sem comentários:

Enviar um comentário