sábado, 29 de janeiro de 2011

Falta de expectativas

Num mundo em ebulição.

Num mundo cada vez mais pequeno, onde as politicas têm sido suportadas essencialmente em medidas de curto prazo, onde a mão de obra tende a ser algo dispensável, faltam estratégias capazes de mudar um rumo traçado antes da era dos computadores, da internet e das redes sociais.

Assiste-se hoje com grande preocupação e também entusiasmo às grandes manifestações populares que em alguns países estão a fazer cair regimes políticos que há décadas se mantêm no poder.

Preocupação, em virtude da reacção de quem está no poder e das respectivas forças armadas, ou do que pode vir a acontecer aos países que, de repente, possam ficar ingovernáveis em virtude do aparecimento de novos movimentos radicais.

Entusiasmo porque quem tem protagonizado esse poder de rebelião tem sido o povo, os cidadãos, os jovens nas ruas de mãos abertas, e não o exército e as armas.

Manifestações que parecem surgir do nada, que num repente se transformam em movimentos com um poder e vigor extraordinários.

O que parecia impensável acontecer até há pouco tempo atrás, passa depressa a parecer algo de perfeitamente normal, fazendo-nos perguntar antes porque é que tudo isto não acontecera já há vários anos.

E tudo isso acontece ali, à nossa frente, tal como se estivéssemos a assistir a todas as movimentações e a todas as manobras de defesa e contenção das mesmas.

Contudo, quem melhor conhece a realidade social e económica de cada um desses países vai procurando explicar as razões destes fenómenos sociais destacando, quase sempre, a falta de expectativas dos jovens num “mundo” em que vivem sem rendimentos e sem trabalho, apesar das grandes fortunas dos seus governantes.

Ingredientes que normalmente quando comungados pela maioria da população propiciará revolta, distúrbio, manifestação e oposição.

Creio que nós, na Europa, não podemos dizer estar descansados por se tratar de fenómenos a acontecer longe de nós.

A nossa realidade social progride a alta velocidade no sentido descendente provocada pela cada vez maior falta de emprego aliada à incapacidade financeira e económica de suportar custos com medidas de apoio social.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Depois das Presidenciais

Parece que a vida do país no último meio ano foi dominada pelo efeito presidenciais.
O que o Presidente pode fazer e o que não pode fazer, o que deve fazer e o que não deve fazer, deu já que falar e continuará a encher colunas de jornais e espaços televisivos.

Durante a campanha eleitoral é que parece também não ter havido interesse por parte dos candidatos em discutirem os assuntos sérios e actuais para o país, mais parecendo até, a dada altura, que importante foi aquilo que alguns fizeram ou deixaram de fazer há quarenta e tal anos atrás.

Sem dúvida, motivos interessantes para continuar, pelo meu lado, a dizer que cada vez se justifica menos termos dois órgãos de soberania a ser eleitos directamente em eleições gerais.

E, não fosse o lugar comum de que a democracia tem custos, perguntar-se-ia porque se havia de gastar quase quatro milhões de euros de impostos em campanhas eleitorais tão pobres em conteúdo.

Talvez fosse até momento para perguntar se os subsídios estatais, também a esse nível, não teriam se ser atribuídos apenas de acordo com um programa, tipo plano de actividades de cada candidatura e seu cumprimento.

Sinal de que cada vez há menos ideias nesses círculos de decisão politica são, sem dúvida, os votos em branco depositados nas urnas, cada vez em maior número, eleição após eleição, assim como o voto de protesto em candidatos, notoriamente contra-candidatos.

E, o momento da eleição está a passos largos a transformar-se cada vez mais em momento de reivindicação, de reclamação, de manifestação, de boicote.

Sinais da crise económica e financeira?

Creio que não. Creio serem mais sinais da crise social, da falta de valores sociais orientadores e perspectivantes denunciados por uma grande maioria dos decisores políticos que no dia a dia assumem papeis relevantes na nossa vida comunitária.

Tomam-se decisões ao total arrepio do bom senso e de um mínimo de justiça social. Assumem-se comportamentos que jamais seriam impensáveis por quem é governado e obrigado a cumprir os seus deveres enquanto cidadão.

Mas, para pagar os “erros” de alguns somos todos chamados, porque responsabilidade de quem os pratica é coisa que não figura no dicionário.

Bom seria que, passada esta agitação pré eleitoral, fossemos capazes de inverter o rumo do “vento” que parece levar-nos cada vez mais por caminhos árduos apontados como únicos para a salvação.

Mas, não poderá o “Calvário” afinal não estar no cimo da montanha?

domingo, 16 de janeiro de 2011

Código Florestal

No final do verão de 2009, através do DL 254/2009 de 24 de Setembro, com entrada em vigor para 90 dias depois, foi aprovado pelo Governo, no uso de uma autorização legislativa da Assembleia da República, o Código Florestal, documento esse à data publicitado como contendo medidas inovadoras necessárias à defesa da nossa floresta.

Em 23 de Dezembro desse ano foi publicada a Lei 116/2009 que prorrogou a entrada em vigor daquele Código por 360 dias.

No passado dia 14 do corrente mês de Janeiro foi publicada a primeira lei do ano, Lei 1/2011, a qual prorroga uma vez mais a entrada em vigor daquele Código por mais 365 dias.

Assim, uma lei feita e publicada no rescaldo do calor do verão, viu já a sua entrada em vigor adiada por duas vezes e por dois anos.

Curioso é também que, além destas leis que adiam a entrada em vigor do referido Código Florestal terem sido ambas publicadas nos meses frios do ano, nenhuma delas refere qualquer motivo para tal adiamento.

Certamente que haverá motivos para tal adiamento. Não se compreende é porque os mesmos não são tornados públicos.