terça-feira, 29 de outubro de 2013

A Reforma do Estado




Aquilo que tem sido apregoado como reforma do Estado até hoje parece mais ser apenas um somatório de aumento de impostos e de cortes nos rendimentos e nos serviços públicos.

Por tudo e por nada, a cada momento o governo aproveita para aumentar impostos, taxas, contribuições e multas.

É caso para dizer que tudo o que mexe paga imposto e o que não mexe imposto paga.

Por outro lado tudo o que é serviço público no interior do país encerra.

Estas medidas, vão, seguramente, provocar a maior transformação do interior do país, transformando-o de área habitável em área selvagem, ou, sabe-se lá, zona de caça para os Senhores da capital.

Ora, uma vez que já tem autoestradas para facilmente cá chegarem e depressa voltarem, eventualmente sem pagarem portagem por circularem em carro do Estado, quiça com motorista, num instante poderão vir tentar apenhar o javali, o veado, e outros gados que pelos montes não queimados consigam reproduzir-se.

A única ameaça será mesmo essa do crescimento rápido dos matos e dos incêndios que, por certo, não deixarão de percorrer estes montes como ondas de vento vindo do litoral.

Por acaso, após os últimos e trágicos incêndios deste verão, já algum governante deu à luz alguma ideia brilhante não incandescente?

Ouviu-se falar no aumento da plantação de eucalipto como forma de aumentar o rendimento dos produtores.

Estou certo que sim, para aqueles que tenham possibilidade de vigiar as suas plantações de noite e de dia com capacidade de apagar e suster qualquer tornado incandescente que por lá se forme ou passe.

Aliás, daqui a uns anos, sem serviços de finanças locais, sem cadastros, sem residentes, alguém saberá onde se situam os terrenos que já possuiram?

Estará, por certo, em curso a maior reforma do direito de propriedade no país.

Por abandono e consequente desconhecimento do local, as proprieadades rurais a curto prazo passarão a ser propriedade de ninguém ou do Estado, já não precisando este de as adquirir ou confiscar, como há dias alguém propunha.

Na verdade, a única forma de inverter esta tendência que acabo de apontar como inevitável, seria o Estado tomar posse de tudo o que fosse propriedade rústica e florestal.

Assim, como o objetivo é, dizia-se, manter os montes limpos, nada melhor nesta altura que o Estado assumir a posse das terras e contratar pessoal para as limpar pagando-lhe, de preferência no final do dia.
 
É que, nesse caso, estou certo que muitos dos proprietários que hoje por falta de recursos não limpam os seus terrenos, depressa passariam a assalariados e a colaborar nessa tarefa.

Contudo, aquilo que me parece que vai suceder, é que se reforma o governo e o Estado continuará como sempre: a dar pouso a novos "soberanos" ávidos de arrecadar do povo o pouco que este ainda tenha.

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