Aquilo que tem sido
apregoado como reforma do Estado até hoje parece mais ser apenas um somatório de
aumento de impostos e de cortes nos rendimentos e nos serviços públicos.
Por tudo e por nada, a
cada momento o governo aproveita para aumentar impostos, taxas,
contribuições e multas.
É caso para dizer que
tudo o que mexe paga imposto e o que não mexe imposto paga.
Por outro lado tudo o que
é serviço público no interior do país encerra.
Estas medidas, vão,
seguramente, provocar a maior transformação do interior do país,
transformando-o de área habitável em área selvagem, ou, sabe-se
lá, zona de caça para os Senhores da capital.
Ora, uma vez que já tem
autoestradas para facilmente cá chegarem e depressa voltarem, eventualmente sem pagarem portagem por circularem em carro do Estado, quiça com motorista, num instante poderão vir
tentar apenhar o javali, o veado, e outros gados que pelos montes não
queimados consigam reproduzir-se.
A única ameaça será
mesmo essa do crescimento rápido dos matos e dos incêndios que, por
certo, não deixarão de percorrer estes montes como ondas de vento
vindo do litoral.
Por acaso, após os
últimos e trágicos incêndios deste verão, já algum governante
deu à luz alguma ideia brilhante não incandescente?
Ouviu-se falar no aumento
da plantação de eucalipto como forma de aumentar o rendimento dos
produtores.
Estou certo que sim, para
aqueles que tenham possibilidade de vigiar as suas plantações de
noite e de dia com capacidade de apagar e suster qualquer tornado
incandescente que por lá se forme ou passe.
Aliás, daqui a uns anos,
sem serviços de finanças locais, sem cadastros, sem residentes,
alguém saberá onde se situam os terrenos que já possuiram?
Estará, por certo, em
curso a maior reforma do direito de propriedade no país.
Por abandono e
consequente desconhecimento do local, as proprieadades rurais a curto
prazo passarão a ser propriedade de ninguém ou do Estado, já não
precisando este de as adquirir ou confiscar, como há dias alguém
propunha.
Na verdade, a única
forma de inverter esta tendência que acabo de apontar como
inevitável, seria o Estado tomar posse de tudo o que fosse
propriedade rústica e florestal.
Assim, como o objetivo é,
dizia-se, manter os montes limpos, nada melhor nesta altura que o
Estado assumir a posse das terras e contratar pessoal para as limpar
pagando-lhe, de preferência no final do dia.
É que, nesse caso,
estou certo que muitos dos proprietários que hoje por falta de
recursos não limpam os seus terrenos, depressa passariam a
assalariados e a colaborar nessa tarefa.
Contudo, aquilo que me
parece que vai suceder, é que se reforma o governo e o Estado
continuará como sempre: a dar pouso a novos "soberanos"
ávidos de arrecadar do povo o pouco que este ainda tenha.