Todos somos poucos
Dizia-me a
experiência que mesmo todos seriamos poucos para em termos políticos
partidários podermos vencer este populismo que avassaladoramente se
instalara no município de Castro Daire.
Contudo, desde há cerca
de meia dúzia de anos que no seio do PSD assistimos exatamente ao
contrario. À procura da divisão dentro do partido para reinar no
suposto de que o eleitorado castrense seria sempre o mesmo.
Puro engano.
Não só porque aqueles
que tradicionalmente votavam nesta bandeira partidária foram
desaparecendo, assim como o trabalho partidário junto dos mais novos foi
cada vez mais esquecido, acrescendo ainda a tudo isso a forte crise
que levando muitas pessoas a perder os seus postos de trabalho e
rendimentos ficaram cada vez mais vulneráveis e suscetíveis de
influência por quem usa todos os argumentos para atingir os seus
objetivos políticos.
A par de tudo isso, desde
há vários anos que no PSD em Castro Daire se deixou de traçar
objetivos coletivos. As reuniões plenárias deixaram de acontecer, a
experiência política passou a ser olhada de soslaio e da renovação
que deve estar sempre presente passou-se para a substituição pura e
simples.
Correram mal estas
eleições ao PSD local, seja a que nível for a análise que se pode
fazer dos resultados obtidos.
Perderam-se muitos votos,
em número superior àquele que há quatro anos votaram na lista de
independentes.
O número global de
eleitores que votaram foi inferior ao de há quatro anos, mas
proporcionalmente, a votação para a Câmara no PSD ficou aquém
dessa proporcionalidade em mais de quatrocentos votos.
E, a somar a tudo isso,
nem sequer os votos no PSD de há quatro anos foram para o CDS, uma
vez que este partido acabou também por perder cerca de duzentos e
cinquenta votos para o executivo municipal em relação às últimas
eleições.
E, não sendo decisivo, a
verdade é que não deixa de ser notória a diferença no que
respeita à Assembleia Municipal.
Para este órgão houve
mais 245 votos no PSD, assim como também houve mais votos para o
CDS.
Para este órgão,
fazendo uma análise proporcional em relação aos votantes e às
últimas eleições o PSD apenas ficou aquém dessa linha
proporcional em cerca de duzentos e trinta votos.
Se ao lado desta variação
colocarmos também o aumento significativo dos votos nulos e brancos
(em maior número até na votação para a Assembleia Municipal),
mais 123 votos nessas circunstâncias para a Câmara, atingindo 462
votos, e mais 134 votos para a Assembleia Municipal, atingindo os 537
votos, há, certamente, leituras a fazer.
Razões que,
forçosamente, nos levam a concluir, por um lado, a existência de um
número significativo de eleitores que não se reviu nas listas
apresentadas pelos partidos, ou que não têm uma preferência pré
definida, sendo suscetível de fazer opções em conformidade com as
circunstâncias do momento e, por outro lado, que as opções do
partido socialista na feitura das suas listas foram opções
inteligentes, pelo menos comparativamente, capazes de convencerem a grande maioria do eleitorado
local.
Nessa medida, há que lhe
reconhecer o mérito de ter convencido um grande número de
eleitores, já não só idosos (pois também neste setor muitos dos
que há quatro anos terão votado PS já poderão ter falecido), mas
também jovens eleitores e, sem dúvida alguma, muitos eleitores que
terão votado PS pela primeira vez.
Estando, sem dúvida,
nessa medida, de parabéns.
Agora, resta-nos esperar
que esta maioria saiba ser capaz de gerir com igualdade as diversas
necessidades do concelho, sejam elas territoriais, sejam elas de
ordem social.