quarta-feira, 5 de junho de 2013

Numa Sociedade de enredos



Um país que nas suas leis é confuso, não pode querer ter um povo esclarecido.

E, se ao nível da legislação não é capaz de fazer publicar leis simples e claras, diversas razões poderão estar por trás dessa incapacidade, abrindo a porta à maior especulação sobre os motivos que justifiquem tais normas.

Todos sabemos que a vida é mais rica que toda a legislação, daí a necessidade da regra ser simples, geral, percetível e adaptável.

Mas, se deve ser a sociedade a ditar as regras, daí a evolução constante do direito, deve o legislador promover a elaboração de leis que nos diversos sectores da sociedade permitam perceber e alcançar os seus resultados de forma fácil e lógica.

Tanto mais que, segundo a lei, o desconhecimento da mesma não evita o cidadão da necessidade de a cumprir.

Assim sendo, devia a lei primar pela clareza nos diversos sectores de aplicação, desde a área laboral, no estabelecimento das regras entre patrões e empregados, à área do mercado do arrendamento, na área das relações de convivência social e familiar, na área fiscal, na segurança social, nos comportamentos considerados ilícitos, na aplicação da justiça propriamente dita, etc, etc,

O legislador, através da sua função, devia dar o exemplo e traçar um horizonte e um caminho para a sua sociedade.

Mas não nos parece que seja hoje, ou tão pouco tenha sido esse, o objetivo do nosso legislador nos últimos tempos.

Cada vez mais o emaranhado das leis escritas é mais difícil de ser apreendido pelo cidadão que a cada esquina pode ser confrontado com uma norma que desconhecia e o pune, o castiga, se não em termos de liberdades e direitos individuais, essencialmente em termos patrimoniais, com multas, coimas, indemnizações e outras tais.

Uma sociedade que necessita do desenvolvimento económico mais do que nunca, como a nossa, que não consegue produzir o que consome, necessita de libertar todos os esforços possíveis de fazer pela sua população para esse objetivo principal - a produção de riqueza.

Mas este objetivo não será atingível com cidadãos amarrados a condutas e regras que os impedem de saber com o que podem contar no futuro próximo.

Seja a nível de emprego, seja a nível de salários, seja a nível de impostos, de contribuições para a segurança social, de licenciamentos, de requisitos para desenvolver uma atividade.

Temos de ter a consciência de que o Estado somos nós, que o Estado só nos pode dar o que lhe dermos, mas não pode é esse mesmo Estado retirar à força parte do esforço de uns para o gastar indevidamente como se fosse seu, esbanjando-o no diverso tipo de atitudes como se o cidadão ainda antes de o ser já fosse seu servo.

Enquanto estes enredos legais e burocráticos se mantiverem os objetivos apregoados das medidas impostas serão sempre inatingíveis.

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