Já todos nós sabemos que a economia
do país vive à custa de umas tantas empresas, de grande número de
reformados que ao longo da vida foram fazendo economia de
subsistência no grande interior do país agrícola e florestal e,
por fim, do grande número de desempregados e beneficiários de
rendimentos garantidos que absorvem a grande fatia das receitas de
impostos pagos por aqueles que ainda trabalham e ganham a cima do
limite mínimo livre de impostos.
Mas é neste país que vemos,
continuadamente, alguns, que ainda têm emprego, promover greves
sucessivas, impedindo produtos portugueses de serem exportados,
impedindo muitos portugueses que querem trabalhar de chegar aos seus
locais de trabalho, enfim, provocar enormes prejuízos quer às
empresas, quer à economia em geral, fazendo diminuir o tal PIB
(produto interno bruto) de que tanto se fala e aumentar a percentagem
da dívida pública em relação a esse mesmo PIB.
Enfim. Perante essas sistemáticas
greves, por ventura legítimas, do ponto de vista de quem as pratica,
assistimos, no entanto, ao nosso característico modo de ser de um
país de brandos costumes, onde nem o Governo assume que quer a lei
da greve, quer outras, desde o âmbito laboral, ao judicial,
administrativo e quejandos, estão ultrapassadas nos seus termos,
merecendo uma profunda reflexão no sentido de fazer com que as
mesmas contenham em si essencialmente uma coisa: bom senso.
Em vez disso, vimos governantes na
comunicação social esforçando-se por explicar que estão a
trabalhar como nunca nos seus ministérios, a fazer reformas
profundas, ou que querem refundar o Estado, mas que, pouco depois,
dando o dito pelo não dito, ou por falta de coragem política, ou
porque afinal nunca quiseram reformar fosse o que quer que fosse, até
por nem tão pouco saberem como se faz, apresentam resquícios de uma
reforma, que de reforma nada têm.
Exemplos disso, são a chamada reforma
autárquica com redução de freguesias, que de reforma apenas tem o
nome, assim como a também chamada reforma do mapa judicial com fecho
de uns tantos tribunais do interior do país, que mais não passa de
uma "vergonha" nacional, quando se aprecia no terreno as
escolhas políticas que estão em cima de mesa, sem qualquer
critério, sem orientação, sem jeito, sem justificação que o
valha.
Contudo, temos autoestradas às moscas,
a pagar portagens quando se quer ir a uma urgência, sendo que o
fecho das urgências teve como explicação também a existência de
autoestradas sem portagens, ambulâncias para quem necessitasse, que
a seguir deixaram de ter transporte subsidiado.
Contudo, permite-se que ao nível de
ministérios, estruturas administrativas intermédias e das
autarquias se continuem a criar postos de trabalhos políticos e
familiares numa gestão caseira como se o dinheiro abundasse, desse
para continuar a fazer obras de fachada, que apesar de poderem bem
parecer, nenhuma utilidade maior oferecem!
Creio já ser tempo dos governantes
terem bom senso, se outras qualidades minguam, trabalharem em favor
da população e não de alguns grupos económicos, tomando decisões
transparentes e não cada vez mais opacas.
Mas bom senso não se costuma adquirir
com remédios, sejam de marca ou genéricos. É preciso mais, é
preciso procurá-lo, trabalhá-lo diariamente, consertá-lo, criá-lo.
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