sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Depauperados, mas com grandes obras!


Num país que andou décadas cantando embalado pela melodia vinda do centro europeu, tudo se fazia justificando a necessidade de pagamento apenas nas gerações futuras.
 
Porque aqueles que tinham muito necessitavam de emprestar a fim de receberem juros, rentabilizando as suas poupanças, outros que nada tinham foram pedindo emprestado cada vez mais e a juros cada vez mais altos, até chegarem a este já chega vindo do outro lado.
 
Entretanto gastou-se o que se tinha e o que se não tinha pagando coisas a preços de luxo, algumas das quais pouco vão além de lixo, pela manifesta não utlilização que das mesmas se faz.
 
É certo que muitos poderão dizer que à data da sua concretização se enquadravam no padrão de desenvolvimento europeu, nas áreas comparticipadas pela Europa, que se não fossem feitas naquela altura não mais o seriam.
 
Mas, a verdade é que o preço que agora as famílias portuguesas estão a pagar por isso é bem caro, é mesmo, caro demais, além de injusto e em alguns casos imoral.
 
Na verdade, se hoje perguntassem aos residentes no concelho de Castro Daire se preferiam uma auto estrada em vez da manutenção do Tribunal, Centro de Saúde e do Serviço de Finanças, por exemplo, não tenho dúvidas de qual seria a resposta.
 
Contudo, apesar dessas opções e das críticas que sobre as mesmas fazemos, a realidade é que os nossos decisores políticos continuam em grande parte com a mesma linha de raciocínio, como se nada de anormal estivesse a acontecer.
 
E, digo isto, pensando, concretamente, além do mais, na opção do executivo municipal deste pobre concelho sobre as grandes opções de investimento para o próximo ano de 2013.
 
Numa leitura rápida do respetivo orçamento e documentos complementares, verifica-se que da verba das receitas de capital previstas para 2013, na ordem dos cinco milhões e quatrocentos mil euros (menos de metade do previsto para ano em curso), a grande obra a executar, na ordem dos oitocentos mil euros - o equivalente a quinze por cento daquele orçamento- é a requalificação da Av. Maria Alcina, transformando-a, segundo se diz, num perfil de auto estrada!
 
Se a essa obra juntarmos a abertura e pavimentação da estrada de Mós a Faifa, com previsão de gastos de seiscentos mil euros, igual ao montante já previsto para o ano em curso, assim como a requalificação da estrada de Sobrado a Sobreda, com previsão de gastos no montante de seiscentos e cinquenta mil euros, com anterior previsão de gastos para o ano em curso no montante de seiscentos e dez mil euros, verifica-se que só nestas três obras prevê o executivo gastar dois milhões e cinquenta mil euros, o equivalente a cerca de quarenta por cento da verba prevista no orçamento como receitas de capital.

Se a este valor juntarmos a previsão de pagamento de obras já feitas e inauguradas com as receitas que se prevê virem por transferência do "Estado", como seja no largo da Feira, na Rua Padre Américo, no sistema de recolha de tratamento de Esgotos a Cujó, S. Joaninho e Granja, e noutras de menor dimensão, num total superior a um milhão de euros, verifica-se que sobra para outras obras por todo o concelho menos de dois milhões de euros, o equivalente a cerca de trinta e cinco por cento da receita global.
 
Assim, feitas as contas, retirando ao previsto receber, o valor para pagar obras já feitas, aquelas três estradas irão consumir mais de metade da verba prevista receber para investimento.

Daí esta simples pergunta: Justificar-se-à hoje aplicar quase todo o dinheiro disponível para investimento num concelho como o nosso em obras desta natureza e dimensão financeira?

Não será isto fazer mais do mesmo?

Quais os benefícios previsíveis para as populações no seu quotidiano e o retorno económico deste investimento?

Não haveria alternativas mais económicas e suscetíveis de oferecer outros benefícios?
 

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