quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Tudo legal


Ontem, ouvindo a TSF no programa “o mundo num minuto”, referindo-se o jornalista à forma de aprovação de muitos diplomas legais pela Assembleia Nacional de um certo país, fez-me recordar os recentes episódios por mim impensáveis mas ocorridos na última reunião da Assembleia Municipal de Castro Daire.

E, perguntado o Presidente desse órgão legislativo sobre a legalidade de tais procedimentos, o mesmo respondeu estar “tudo legal”.

Assim, talvez por transmissão de conhecimentos, também o que se passou na Assembleia Municipal de Castro Daire com a elaboração e aprovação da acta referente à reunião de Junho deste ano, foi tudo legal.

Contar no momento da votação determinado número de votos e depois colocar no texto da acta outra votação, é legal.

Não colocar na acta parte de intervenções realizadas, mas colocar a seguir a resposta a essas mesmas intervenções, é legal.  

Inserir no texto da acta deliberações que não tiveram lugar, é legal.

Tudo isso é legal porque a legalidade depende, manifestamente, do número de votos.

As leis são aprovadas ou não, em virtude do número de votos.
As eleições são ganhas ou não, em virtude do número de votos.
As actas estão correctas ou não, em virtude do número de votos que as aprovam.

A verdade em democracia passou a ser meramente numérica, dependendo do número de votos a cada momento.

Este é o modo de funcionamento de algumas instituições democráticas que dão o exemplo a seguir ao cidadão comum, como devem agir no seu dia a dia, nas suas empresas, nas suas famílias, nas suas mais diversas relações.

Excelentes exemplos.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Assembleia Municipal


Tendo por ordem de trabalhos, além do mais, a análise, discussão e votação das taxas de IMI sobre os prédios urbanos para o próximo ano, a revogação da deliberação anterior sobre a constituição da sociedade para a concepção, construção e conservação do complexo termal, e ainda a votação da 1ª revisão ao orçamento municipal,  realizou-se ontem, dia 12 do corrente mês de Setembro reunião da Assembleia Municipal de Castro Daire.

Após conhecimento do teor da acta elaborada sobre a reunião anterior, da qual não consta parte das respostas dadas e comentários feitos pelo Presidente da Câmara e dela constando incorrectamente, quanto ao número de membros que votou o empréstimo de 1.160.910,00 € pedido pela Câmara Municipal,  que foram 27 os votos favoráveis quando, na verdade, apenas 24 membros votaram favoravelmente esse empréstimo, foi pelo Presidente da Mesa recusado fazer qualquer correcção ao texto apresentado, tendo-o posto à votação, tal e qual, explicando que as actas têm de conter um resumo do que se passa e não propriamente tudo o que é dito e discutido.

No entanto aquele texto de acta posto à votação tem 42 páginas, não sendo assim tão resumido quanto nos era feito fazer crer.

E, no jogo de que a “Mesa é que manda”, e “quem manda é que decide”, foi aquele texto posto à votação, tendo recebido 18 votos contra e 17 a favor e ainda uma abstenção.

Concluindo-se assim, pela primeira vez, desde que me recordo, pela não aprovação de uma acta da Assembleia Municipal.

E, feito o pedido de cópia da gravação realizada durante a sessão anterior, cujos comentários sobre o mesmo imediatamente feitos me sugerem uma negação à vista, o Presidente da Câmara acabou por dizer e fazer, que “a partir de agora recusa a gravação das suas intervenções na assembleia municipal”, por “ter voz forte e não necessitar de ampliação do som”.

Certamente que não quererá que tudo o que diz no seio desta Assembleia  Municipal, que alguns apelidam de órgão politico máximo do município, fique gravado ou seja, eventualmente, transcrito para a acta.

Mas, sendo uma atitude de um Presidente de Câmara que fará estar os Secretários da Mesa da Assembleia com mais atenção e dedicados à tomada de apontamentos, fazendo jus à lei que já lhes atribui um valor de senha de presença superior aos demais comuns membros, não deixarão estes, por isso, de fazerem constar nas actas, com exactidão, a reprodução das suas intervenções.

O certo é que, após alguma reflexão sobre o sucedido, presumindo-se saber porquê, o Presidente da Mesa da Assembleia propôs fosse convocada uma reunião extraordinária da Assembleia a fim de ser feita nova votação da acta da reunião anterior, já com a apresentação de um texto corrigido, de modo a poder ser votado favoravelmente.

E, curioso foi ver alguns membros do PS votarem contra esta proposta, pretendendo, em vez disso, agora que supostamente já estariam em maioria com a chegada de outros membros antes faltosos, se desse sem efeito aquela votação inicial e se voltasse a colocar à votação o texto já rejeitado.

Enfim…

Aguardamos com expectativa a apresentação do novo texto.

Quanto aos assuntos propriamente ditos da ordem de trabalhos acima referidos, foi o primeiro aprovado por unanimidade, mantendo as taxas de 0,2% e 0,7% consoante o prédio esteja ou não avaliado nos termos da actual lei, tendo os demais sido aprovados por maioria.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Politico Ocasional


“Não precisamos, obrigado”.

Não pude deixar de considerar surpreendente esta consideração feita sobre o actual Ministro das Finanças pelo ex Primeiro Ministro, ex Presidente da República, ex Deputado Europeu, etc, Sr Dr Mário Soares, politico profissional desde o 25 de Abril.

Segundo ele, Dr Mário Soares, o país não precisa de técnicos, ainda que bons, na gestão pública, mas sim de políticos de carreira, a tempo inteiro!

Nem mais.

O exemplo está à vista. O resultado está a sentir-se.
É caso para perguntar o que andaram a fazer ao longo destes anos após 1974 todos os políticos que fizeram carreira politica a tempo inteiro, começando por si, designadamente enquanto Chefe de Governo e como Presidente da República.

Não estará a sentir os efeitos dessa governação sucessivamente feita por políticos de carreira?

É que, enquanto alguns políticos profissionais se têm governado com as politicas seguidas no país durante estas últimas décadas, muitos portugueses, cada vez em maior número, trabalhadores, técnicos qualificados, ou não, vêem o seu esforço diário e honesto ser cada vez menos recompensado.  

Porque terão então os políticos de carreira deixado chegar o país à situação financeira e económica a que chegou?

A culpa é dos estrangeiros?

Daqueles que nos ofereceram dinheiro para acabar com a agricultura, com as pescas e com outros sectores da actividade produtiva do país?

Ou dos que, cá, aceitaram essas ofertas?

Ou terá sido por não terem capacidade para prever aquilo que qualquer família percebe venha a acontecer quando gasta mais do que recebe?

Provavelmente, permitindo-me ter opinião diferente, se o Dr Mário Soares e outros políticos de carreira tivessem sido apenas políticos ocasionais, o país poderia ter tomado outro rumo, com medidas mais sensatas e adequadas ao seu desenvolvimento económico dispensando agora, pela terceira vez, a ajuda externa em condições financeiras péssimas, após um período de distribuição de riqueza que o país não possuía, dada como incentivo ao ócio e ao  absentismo. 

E, que faria então no ministério das finanças, neste quadro financeiro e económico que o país enfrenta, um político de carreira, eventualmente, não técnico nem de finanças nem de economia, mas politico!?

Certamente que o que o país tem a mais são políticos de carreira.
Necessário é que haja coragem e capacidade de decisão por parte dos ocasionais para reduzir o número dos lugares que dão assento a tantos carreiristas.