segunda-feira, 30 de maio de 2011

Campanhas eleitorais


Após uma semana de campanha eleitoral e a avaliar pelo que os meios de comunicação transmitem para o povo em geral, apenas se assistiu a troca de acusações entre os lideres dos diversos partidos, respostas ao que disse que disse, mas propostas de resolução dos diversos problemas que afligem a população não têm sido tema da campanha.

Por outro lado, a carta que parece ir reger o país independentemente do governo que vier a ser formado após as eleições, de tão boa para Portugal, como anunciou José Sócrates, continua a ter mais do que uma versão, com encurtamento de prazos para que muitas medidas aí previstas sejam postas em prática, parecendo também que sobre a mesma não têm os partidos e os seus lideres a mesma leitura.

Parece que as campanhas eleitorais se transformaram em simples arruadas de aclamação, não por ideias, não por projectos, não por objectivos, mas por “clubismo”, por "simpatias", por "interesses difusos" promovidos por uma ideologia de sócio - dependência  com efeitos económicos extremamente graves que levaram à situação actual.

De facto, parece que já ninguém luta por objectivos nacionais.
O que importa é quem diz que dá mais, mesmo que se saiba que se oferece muito não vai ter para dar.

E, a par destas manifestações de campanha autorizadas, previstas como forma de esclarecimento da população no âmbito dos seus poderes de decisão politica e de escolha dos seus representantes nos órgãos de soberania, mas que nada esclarecem, temos cada vez mais e diversas manifestações de rua de protesto contra este tipo de prática politica exercida por parte das mesmas pessoas anos e anos a fio, mas de forma incapaz de responder aos interesses legítimos das gerações mais novas.

Nesta campanha não assistimos a uma discussão séria sobre como resolver o problema do desemprego. E se alguém lança uma opinião, os outros criticam, porque têm de criticar, mas não dão uma alternativa.

Nesta campanha não vimos ninguém desenvolver uma ideia de alteração das condições de desertificação do interior e de defesa do meio rural e florestal. Mas gastam-se anualmente milhões e milhões no combate aos incêndios que todos os anos sabemos que hão-de voltar no verão seguinte.

Já não se discutem ideologias. Já não se discutem programas de desenvolvimento. Já não se avalia a competência de equipas capazes de zelar pelos interesses colectivos.

Vota-se porque, por qualquer motivo, se gosta ou se detesta.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A crença no vale tudo

Se houvesse tanta imaginação por parte do PS para promover boas medidas em favor do desenvolvimento económico e social do nosso país, como tem demonstrado nas iniciativas da campanha para fazer ver aos portugueses que tem a população do seu lado, estaríamos, sem dúvida alguma, bem melhor.

É que, transportar de várias localidades eleitores cidadãos portugueses para as suas festas e comícios, já não era nada de novo. Mas pegar em cidadãos estrangeiros, sem direito a voto nestas eleições, para encher recintos de acções de campanha, é que lembraria a poucos.

Parece valer tudo para que alguém diga alguma coisa a favor do PS e do seu líder, ou ainda melhor para tão só acenar com uma bandeira do PS neste período de campanha politica.

Gestos que marcam, sem qualquer dúvida, uma clara intenção de convencer um eleitorado pouco esclarecido ou ainda indeciso, não olhando a meios, porque, para si, os fins tudo justificam.

De resto, olhando para os actos de campanha, discursos e debates do PS, parece que esconderam o seu programa eleitoral, não falando dele nem das suas medidas, mas apenas das intenções, muitas vezes distorcidas, dos seus adversários.

O PS, em tudo que é anti-popular, ainda hoje não estudou, ainda hoje diz não saber o que ir fazer, vai estudar após as eleições, vai nomear mais uns tantos para darem apoio a esse estudo, mas criticou duramente há semanas atrás o facto dos partidos da oposição não terem publicado os seus programas eleitorais.

Se é esta seriedade em que devemos votar, está tudo dito.
Se é esta seriedade que premiamos, tem o país o que merece.

Na verdade, dos discursos e debates do PS ainda não percebi quais as medidas que, sem ser subida de impostos, vão ser tomadas para inverter este rumo de endividamento excessivo do Estado, nem tão pouco quais as medidas que irão ser implementadas para promover o emprego, tema esse que por ser tão difícil deixou de fazer parte do discurso do PS.

De facto, disso, não tem o PS interesse em falar. Se até estas eleições tivesse estado no Governo o PSD ou o CDS, aí essa discussão já seria fundamental, imprescindível, inultrapassável para os dirigentes do PS.

Assim, vem então dizer o PS que pretende manter o Estado Social, a saúde pública de acesso para todos, como se os outros não quisessem oferecer o melhor serviço de saúde, o melhor serviço de educação, etc.

É o PS no seu melhor: Quando não tem soluções invoca os fantasmas, os medos, os papões a ver se consegue, e por vezes consegue, iludir os mais distraídos.

Mas foi o PS que andou a fechar Centros de Saúde e Maternidades sem oferecer em troca qualquer contrapartida válida!
Foi o PS que subiu o custo dos diversos serviços públicos!
Certamente espera que já ninguém se recorde.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Em época de campanha eleitoral

Se houvesse um sistema político perfeito e fosse possível implementá-lo no nosso país talvez Portugal não precisasse neste momento de duas coisas: De recorrer a pedido de ajuda financeira externa e de realizar eleições antecipadas.

Porque tal sistema não existe e em qualquer um dos existentes os políticos e candidatos a políticos procuram reduzi-los ao seu peso e medida, vagueamos ao sabor dos que, ainda que mais ignorantes, mas aptos na arte ilusionista, conseguem manipular o sistema em seu favor.

E os exemplos são vários ao longo da história, repetindo-se pelo mundo de forma mais ou menos frequente e com consequências mais ou menos dramáticas.

No entanto, muitos deles são protagonizados por pessoas que subiram ao poder através de eleições, de uma forma dita democrática, por escolha dos cidadãos que, certamente descontentes com as soluções existentes, decidiram mudar indo atrás do canto da sereia sem se aperceberem que, mesmo sem saber nadar, se dirigiam para alto mar.

Contudo, a verdade é que, a meu ver, não é possível atribuir as culpas desses desastres governativos a apenas uma pessoa.
Certamente que se não fossem as dezenas, senão centenas ou milhares que se juntam em redor desse individuo procurando sentar-se à mesa a que de outra forma não teriam acesso, por si só não lhe seria possível manter-se no cargo com sacrifício da maioria da população em nome da qual e, supostamente, em favor da qual devia governar.

No entanto, porque a memória dos povos é curta, ou a realidade muitas vezes traduz efectivamente aquele ditado popular que diz que em muitas situações quem tem um olho é rei, os casos repetem-se.

No momento actual português, é de todo pertinente uma entrevista dada por Henrique Neto, militante e dirigente do PS ao Jornal Económico, segundo o qual, após tecer vários comentários sobre as razões porque Portugal chegou até aqui após todos estes anos de governação socialista, diz: “Devíamos usar a inteligência e o debate para resolver os problemas e temos dirigentes que utilizam a mentira e evitam o debate”.

Vem igualmente no Económico online, que numa conferência em que José Sócrates respondia à plateia, Peter Villax, dirigindo-se-lhe afirmou “os seus actos não reflectem as suas palavras”.

Na verdade é caso para perguntar: Palavras para que?

Mas, porque em democracia, supostamente, quem manda é o povo, resta-nos aguardar que tenhamos a sabedoria suficiente para fazer a melhor escolha no próximo dia 5 de Junho.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A Troika e o Monstro

Afinal quem é o monstro?

Já se disse cobras e lagartos do Fundo Monetário Internacional, do Banco Central Europeu, da União Europeia, dos mercados, das agências de rating, enfim, de todos os que têm dinheiro para nos emprestar a fim de distribuirmos sem o produzir.

E, como bom português que somos, depois de termos o “precioso metal” no bolso, falamos mal de quem poupou para nos emprestar aquilo que nós, fazendo de conta que somos ricos, gastamos à boa e à francesa.

Mas, culpa de quem?

Certamente da má governação que temos tido. Da incompetência de quem se produz ao pormenor para aparecer na televisão, mas é incapaz de executar qualquer medida que anuncia e que signifique reformar o que precisa de ser reformado. Da incompetência de quem sabe aumentar impostos mas é incapaz de reduzir despesas ou incrementar politicas de crescimento económico.

E, comparando os PECs sucessivamente apresentados pelo governo com o que agora a Troika estrangeira apresentou como contrapartidas para emprestar o seu dinheiro a juros bem mais baixos que o mercado normal, parece que, afinal, tal Troika não é o monstro que já foi repetidamente vendido aos portugueses pelo governo e pelos demais dirigentes do partido socialista.

Exigem, é certo, rigor, honestidade, lealdade, seriedade nos compromissos, verdade nas informações e capacidade de execução desses mesmos compromissos.

Mas, que havíamos de querer? Continuar neste diz que nada diz, neste não que é sim, neste sim que é não?

Certamente que só aceita este estado de coisas quem quer. E, sem dúvida que há muitos que querem. Vá-se lá saber porquê? Ou talvez saiba. Serão vários e diversificados os motivos que, somados, têm dado no resultado a que chegamos.

Creio, no entanto, que outros motivos haverá para em maioria dizer chega.

Motivos para dizer basta. O que é diferente de dizer nem sim nem não.

De facto, não creio que optar pela abstenção, como já vi defendido em folhetos espalhados por aí, face ao não cumprimento das promessas feitas, seja a opção mais correcta em qualquer eleição.

Elegemos governantes, não só pela obra junto à nossa porta, mas também pela que fica junto à porta do vizinho.

Creio que precisamos, sim, é de estar atentos e procurar saber quem é que afinal é o monstro a fim de, por opção, nos desviarmos dele.