terça-feira, 30 de setembro de 2014

Prometer reduzir cargos políticos não rende votos


Parece ser contraditório, mas a verdade é que apesar dos cidadãos normalmente dizerem que temos um regime político com cargos a mais, designadamente ao nível dos deputados à Assembleia da República, quando algum político avança com uma ideia tendente a concretizar a redução dos mesmos, acabará por ver o partido tirar-lhe o tapete.
 
Exemplo disso parece ter sido o resultado das eleições internas no PS ao revelar uma extraordinária falta de apoio a António José Seguro apesar deste ter lançado como um dos temas de campanha uma proposta de reduzir o número de deputados à Assembleia da Republica e por via disso a redução da despesa pública.
 
Certamente, dirão muitos que essa não foi a razão deste resultado, mas sim outras que estiveram subjacentes a toda esta situação partidária que levou à convocação destas eleições internas, não estando à data lançada qualquer proposta nesse sentido pelo então Secretário Geral.
 
É verdade.

Mas o curioso é que todos, e foram muitos, os que estavam contra esta iniciativa imediatamente vieram a público criticar a mesma, muitas vezes falando em nome dos outros, dos pequenos partidos, como se o seu interesse fossem os deputados dos outros partidos e não os seus próprios lugares.

São vários os argumentos que para o povo se vão lançando como se tal proposta promovesse a redução na representatividade, a redução da democracia, etc, etc....

Mas, afinal, qual é a representatividade que um individuo de Lisboa eleito por um circulo eleitoral do interior do país tem quando nem sequer conhece a área e os problemas sociais desse circulo eleitoral?
 
Qual é a representatividade social de uma lista de deputados escolhidos pelo aparelho partidário de entre políticos de carreira que nada mais fazem senão passear nos corredores dos diversos organismos políticos?
 
Será este tipo de organização política o único capaz de satisfazer os requisitos da democracia em Portugal?
 
Não me parece.

Aquilo que continuamos a ver é que neste país são muitos os que vivem à sombra de qualquer coisa, servindo para dar apoio aos que os acolhem, numa espécie de troca de favores em que um apoia o outro, sem qualquer lógica de interesse público.

E, num sistema como este, acaba o sector público /político por ser o grande suporte de mão de obra paga com os impostos cobrados a todos os cidadãos, reduzindo a capacidade de iniciativa privada com regimes laborais desproporcionais onde o investidor / empregador é tido como o lobo mau, com as consequências à vista de todos nós.

Assim, não sendo da iniciativa dos titulares dos cargos políticos a revisão do sistema político que além de possível é necessária, não restará outra alternativa aos cidadãos senão provocar, pelo menos, a mudança dos titulares.

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