sexta-feira, 26 de abril de 2013

Trinta e nove anos depois


Num tempo de incertezas

Nós, povo, temos assistido, mais ou menos impávidos e serenos, à atuação dos nossos políticos eleitos sob a condição de serem os mais capazes de resolver os problemas que os outros, os que estiveram antes, criaram.

E assim tem acontecido sucessivamente, em alternância institucional, ora tu, ora eu, tal como se se tratasse de um simples andar, caminhando, usando um pé a cada passo, demonstrando a necessidade dos dois, o da esquerda e o da direita, mas, porque sujeitos ao mesmo sistema nervoso, ambos prosseguindo o mesmo percurso.

E, tal como nessa caminhada, lá vamos colocando no poder, o que melhor julgamos para o momento certo, mas que, irremediavelmente, a seguir consideramos já não ser, mais ainda, que a seguir consideramos ter sido uma escolha errada e que, por isso, queremos emendar, para a seguir considerarmos que esta nova escolha foi errada e que por isso mesmo voltamos a emendar.

E, o que assistimos diariamente àqueles que foram eleitos para exercer os mais altos cargos da nação, não passa na maior parte das vezes de intriga, birras, puros jogos partidários com total menosprezo pelos eleitores, cidadãos anónimos que são cada vez mais súbditos de príncipes que necessitam do aparelho partidário como de pão para a boca.

Outrora, é certo, considerou-se a política como a ciência do governo das nações, a arte de bem governar, como ainda se pode ler nos dicionários.

Contudo, o que hoje podemos verificar é que só o exercício de cargos políticos é que não exigem a apresentação de qualquer currículum vitae, podendo entregar-se a governação a qualquer indicação partidária, independentemente do motivo da escolha.

Nos debates políticos, todos se apresentam como tendo o especial dom da sabedoria que o povo precisa, no entanto, a medida a que recorrem, dia após dia, quase invariavelmente, é aumentar as taxas dos impostos e dos serviços públicos, como se essa medida já não tivesse sido usada pelos seus antecessores, contra a qual estiveram!

No entanto, não reduzem o número de deputados, os quais já nem as leis redigem, segundo se diz, não reduzem o número de motoristas e viaturas ao seu dispor, não reduzem o número de assessores políticos que existem para tudo e para nada, não reduzem o número de vereadores e outros cargos políticos nas autarquias.

Não. Isso não.

Mas somos nós que pagamos os erros de governação, aqueles que garantem certas rentabilidades a meia dúzia de grupos económicos a que estamos sujeitos, os verdadeiros governantes do país, que colocam e destituem políticos, tornando a área da governação política na antecâmara da governação económica.

E, assim, ganhe quem ganhar, façam-se as eleições que se fizerem, os verdadeiros vencedores serão sempre os mesmos, embora pelo palco passem ora uns, ora outros.

No entanto, o frenesim das eleições é cada vez maior. E se não há eleições, uns fazem greves, outros amuam.
 
Por enquanto não se espera nova revolução. Mantemos os cravos de sempre e os disparates governativos que nos tiram o fundo de maneio para outras flores.
 

segunda-feira, 8 de abril de 2013

O síndrome das 18,30 h


Ultimamente, governo e oposição avisam com antecedência que vão falar ao país pelas 18 h e 30 m.

Já não esperam pela abertura dos telejornais, talvez porque pretendam que a essa hora sejam já comentados e não só ouvidos, ou porque receiam que a essa hora já não há quem os oiça, ficando assim prejudicado o verdadeiro impacto que pretendem causar com as suas palavras no povo português.

Não, talvez o horário de trabalho dos portugueses tenha diminuído, ou então, pelo menos, o horário de trabalho dos políticos.

Assim, fazendo os seus discursos até às 18,30 não receberão horas extraordinárias pelo partido, mas preparam-se para iniciar outra atividade bem rentável, pelos vistos, a de comentadores políticos, comentando os seus próprios atos tidos enquanto políticos.

Podemos, pelo menos, dizer com toda a segurança que não é por falta de políticos comentadores que as decisões governativas não acertam com o caminho do progresso económico e social de que tanto este nosso país precisa.

E, apesar de todas as dificuldades governativas que diariamente nos são transmitidas, pelo menos temos a sorte de ter vários candidatos a governantes.

Por este andar, podemos concluir que o poder não cai na rua.

Não sabemos é se temos várias alternativas ou se a música é sempre a mesma, embora tocada por diferentes tocadores, uns com mais ouvido, outros com mais sopro.