Apesar de muitos protestos, a verdade é
que, como já todos sabemos, não conseguimos produzir em Portugal o
suficiente para pagar o que consumimos.
E, não havendo financiamento
estrangeiro contínuo tipo mesada de pai para filho, o certo é, como
também qualquer um sabe, chegar o dia em que não há dinheiro para
nada.
E, neste momento, parece que esse dia
já chegou a Portugal, embora não para todos.
Assim, enquanto o Governo nos exige e
cobra cada vez mais impostos, permite que entidades da administração
pública continuem a fazer obras de fachada, inúteis, assim como
contratação de pessoas para serviços inexistentes ou sem qualquer
necessidade, apenas para cumprir uma qualquer promessa eleitoral ou
para dar emprego a um qualquer familiar!
Mas, se é o governo, a nível central,
que nos exige, ano após ano, mais impostos, porque não controla
então também a capacidade de contratação, seja de pessoal, seja
de obras, dos diversos serviços públicos, designadamente,
autárquicos?
Fala-se em reformas e mais reformas,
mas, no final de cada uma, tudo fica igual ou quase igual.
Veja-se o caso da reorganização das
freguesias ainda em curso e o resultado apontado para o nosso
concelho.
Algo praticamente injustificado, quer
em termos de efeitos económicos, quer em termos de opções de
constituição de agrupamentos.
Na verdade, esta ideia de que em cada
concelho têm de ser reduzidas freguesias numa determinada
percentagem, é algo peregrino, completamente errante, partindo de um
pressuposto sem razoabilidade alguma.
Se se pretende transformar a freguesia
numa autarquia com capacidade crítica tem de se partir do próprio
modelo de freguesia, fixando os critérios da sua constituição e
existência e depois verificar quais as que preenchem esses
requisitos e que podem manter-se e as que não preenchem e terão de
ser reorganizadas.
Mas já não é justificável nem
aceitável que por outros critérios meramente aleatórios uma
freguesia com, por exemplo, 300 habitantes possa manter-se e outra
com 500 tenha de ser agrupada, apenas porque o critério é reduzir
vinte e cinco por cento, ou qualquer outra percentagem, das freguesias num concelho.
Era preciso que os nossos governantes
fossem competentes, já se sabe, mas mesmo não o sendo, pelo menos
que tenham os sentidos apurados para ouvir, ver e emendar os erros.
Admita-se, de uma vez, que se gastou à rica e à francesa sem poder, e que agora temos de pagar juros demasiadamente altos sem querer.
Mas isso já é ditado antigo. Respeite-se.