segunda-feira, 1 de julho de 2013

Tradição ?


Na manhã do dia 29 de Junho de cada ano, tem vindo a ser costume que o presidente da câmara faça uma "ronda" pelas povoações da paróquia de Castro Daire acompanhado do pároco e da banda de música.

Nunca percebi a razão de ser de tal prática, sendo que a explicação que me foi sendo dada é que já antes era assim, e por isso continuavam.

Contudo, creio que este tipo de práticas nada tem a ver com o bom exercício de um cargo político, nem tão pouco favorece, seja no que for a questão religiosa.

Ora, se o dia 29 de Junho é considerado feriado municipal, se é dia especial dedicado ao concelho, qualquer visita pelo presidente da câmara a povoações do concelho devia acontecer a todas elas. Não sendo possível concretizar essa visita no mesmo ano, então devia ser rotativa de modo a que tal visita pudesse revestir de alguma igualdade de tratamento em relação a todas.

Mais estranho é o facto de esta prática nem tão pouco incluir todas as aldeias da freguesia de Castro Daire, mas tão só as da paróquia de Castro Daire.

De facto, se esta visita, "ronda", tem alguma utilidade, por eventuais promessas a fazer pelo político, pois não vejo que seja o pároco a fazê-las, então todas as povoações do concelho deviam ter um dia em que o político aí se deslocasse a fim de ouvir os anseios e as necessidades que os moradores gostariam de ver satisfeitas.

Mas, em boa verdade, os planos de atividade do município, era costume serem feitos de acordo com as obras e preferências que os presidentes de junta apresentavam ao executivo municipal a fim de serem tais trabalhos incluídos no respetivo plano de atividades municipal.

Se essas indicações e preferências não são de manter, não sei também para que servem os presidentes de junta.

Mais estranho ainda, a meu ver, é que tal visita se faça acompanhar da banda de música, num frenesim constante de para, toca e arranca, cujos custos de transporte, além de outros, terão, certamente, de ser pagos.

Assim, independentemente da eventual maior ou menor utilidade que tal prática possa ter, continuo a não ver qual a razão de ser nesta altura da mistura de política com religião, ficando-se sem saber se as promessas a fazer nessa data procuram agradar a uns ou a outros, se são aceites por serem feitas por uns e não por outros.

Mas, num tempo que se quer de transparência, apesar de festas poderem ser feitas muitas, sobretudo por quem tem dinheiro de todos nós para gastar, a gestão política, essa, merece, cada vez mais, que seja feita com rigor, demonstrando igualdade de tratamento de todos os munícipes, quer vistos em termos individuais, quer vistos em termos coletivos.

Porque às vezes também é preciso questionar o porquê dos costumes, aqui deixo a ideia.