Na manhã do dia 29 de
Junho de cada ano, tem vindo a ser costume que o presidente da câmara
faça uma "ronda" pelas povoações da paróquia de Castro
Daire acompanhado do pároco e da banda de música.
Nunca percebi a razão de
ser de tal prática, sendo que a explicação que me foi sendo dada é
que já antes era assim, e por isso continuavam.
Contudo, creio que este
tipo de práticas nada tem a ver com o bom exercício de um cargo
político, nem tão pouco favorece, seja no que for a questão
religiosa.
Ora, se o dia 29 de Junho
é considerado feriado municipal, se é dia especial dedicado ao
concelho, qualquer visita pelo presidente da câmara a povoações do
concelho devia acontecer a todas elas. Não sendo possível
concretizar essa visita no mesmo ano, então devia ser rotativa de
modo a que tal visita pudesse revestir de alguma igualdade de
tratamento em relação a todas.
Mais estranho é o facto
de esta prática nem tão pouco incluir todas as aldeias da freguesia
de Castro Daire, mas tão só as da paróquia de Castro Daire.
De facto, se esta visita,
"ronda", tem alguma utilidade, por eventuais promessas a
fazer pelo político, pois não vejo que seja o pároco a fazê-las,
então todas as povoações do concelho deviam ter um dia em que o
político aí se deslocasse a fim de ouvir os anseios e as
necessidades que os moradores gostariam de ver satisfeitas.
Mas, em boa verdade, os
planos de atividade do município, era costume serem feitos de acordo
com as obras e preferências que os presidentes de junta apresentavam
ao executivo municipal a fim de serem tais trabalhos incluídos no
respetivo plano de atividades municipal.
Se essas indicações e
preferências não são de manter, não sei também para que servem
os presidentes de junta.
Mais estranho ainda, a
meu ver, é que tal visita se faça acompanhar da banda de música,
num frenesim constante de para, toca e arranca, cujos custos de
transporte, além de outros, terão, certamente, de ser pagos.
Assim, independentemente
da eventual maior ou menor utilidade que tal prática possa ter,
continuo a não ver qual a razão de ser nesta altura da mistura de
política com religião, ficando-se sem saber se as promessas a fazer
nessa data procuram agradar a uns ou a outros, se são aceites por
serem feitas por uns e não por outros.
Mas, num tempo que se
quer de transparência, apesar de festas poderem ser feitas muitas,
sobretudo por quem tem dinheiro de todos nós para gastar, a gestão
política, essa, merece, cada vez mais, que seja feita com rigor,
demonstrando igualdade de tratamento de todos os munícipes, quer
vistos em termos individuais, quer vistos em termos coletivos.
Porque às vezes também é preciso questionar o porquê dos costumes, aqui deixo a ideia.