É já público que dia 24 do corrente
mês de Junho, para inaugurar o novo espaço destinado à feira
quinzenal concelhia, o Presidente da Câmara de Castro Daire convidou
o Presidente da República, convite esse que terá sido aceite.
Grande honra, dirão uns. Mais uma
festa, dirão outros, sem qualquer resultado futuro, com inerentes e
elevados custos para a autarquia que deixam de estar disponíveis
para outros trabalhos.
Numa situação económica como a
actual, é sem dúvida alguma um acto de gestão que não visa gerir
para produzir, mas apenas gerir para festejar, esbanjando recursos
com inutilidades.
Ora: Se desde há muito defendo que o
órgão Presidência da República deixou de ter qualquer
razão de ser neste nosso sistema político, tal como existe,
atendendo aos elevados encargos financeiros que acarreta ao erário
público e à improdutividade do cargo, mais notório se torna essa
desnecessidade quando o mesmo se dá ao trabalho de inaugurar
um qualquer largo, numa qualquer aldeia, vila ou cidade.
De facto, demonstrar que se pediu
dinheiro para se fazer e pavimentar um largo onde se gastaram
bastantes milhares de euros destinado a ser usado de quinze em quinze
dias, é notório de que por Castro Daire não há crise financeira,
os recursos abundam, o comércio local tradicional não tem mãos a
medir e a feira vai crescer exponencialmente com elevadas receitas
para o município, seja dos alugueres de espaço, seja dos impostos a
pagar pelas empresas e particulares que aí vão fazer negócio.
Dia 24 seria, pois, numa comunidade com
capacidade reivindicativa, momento para junto do Sr Presidente da
Republica, questionar porquê que o poder político pretende encerrar
o tribunal local quando tal medida em nada diminui os custos da
justiça, porquê que têm as populações locais de pagar portagens
em direcção a Viseu e a Lamego quando precisam de se deslocar por
motivos de saúde, assim como terão de as pagar quando tiverem de se
deslocar a essas localidades por razões do foro da justiça.
Por acaso, os gastos com esta
inauguração não serão superiores aos gastos com água e
electricidade durante um ano consumidos pelo tribunal local?
Se dessem oportunidade à população
de escolher entre esses dois gastos qual preferiria fazer?
Depois queremos que os alemães paguem
o nosso folclore!