segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Orfandade politica


 
Aproxima-se 2014, ano de eleições europeias nas quais, segundo se diz, PSD e CDS irão concorrer em lista conjunta.

Em 2015 termina este mandato governativo, ano em que, senão antes, irá haver também eleições legislativas.

Questionado o líder do PSD sobre a possibilidade de nessa altura surgirem também listas conjuntas entre PSD e CDS, o mesmo nem disse que sim, nem afastou essa possibilidade.

Se analisarmos o quadro partidário português, com esta candidatura conjunta temos de um lado, à direita, digamos assim, uma lista de candidatos, e à esquerda várias listas de candidatos.

Aparentemente, com esta lista única, podemos pensar no ganho a obter com a não dispersão de votos nos dois partidos, reduzindo o número de votos a inutilizar segundo o método da proporcionalidade quando do apuramento dos mandatos.

Ao passo que na chamada esquerda, do PS à CDU, BE e eventualmente o novo partido, com a existência de diversas listas, o número de votos final a inutilizar será bastante maior.

Contudo, nesta altura no país, considerando os resultados das eleições mais recentes, designadamente em termos de votos brancos e nulos, quer para a Presidência da República, quer para as autarquias, corre-se um outro risco com a junção de listas entre o PSD e o CDS - o do agravamento do sentimento de orfandade política de muitos dos eleitores que tradicionalmente votam à direita do PS.

Sabemos que as eleições europeias têm um significado político diferente das demais. Sabemos que o eleitorado português consegue distinguir o valor a atribuir a cada um dos atos eleitorais.

Contudo, neste momento político, a manter-se o calendário eleitoral previsto, primeiro europeias e depois legislativas, aquelas poderão servir para parte daquele eleitorado que não se revê num voto socialista castigar os partidos que suportam a atual governação, assim como para aumentar o voto branco ou nulo desse mesmo eleitorado.

Esta decisão, a concretizar-se, demonstra também a incapacidade do eleitorado à direita do PS para reagir de forma enérgica ao modo como PSD e CDS têm estado a governar, podendo tal facto significar uma outra realidade: a consideração de solução natural a fuga por parte de muitos desses eleitores para o voto no PS, desconsiderando assim a necessidade de eventual aparecimento de nova formação partidária nessa área.

Seguindo este raciocínio, o normal será acontecer, como tem acontecido, uma continuada transferência de votos, tipo ping-pong entre PSD e PS, desta vez a favor deste último, mesmo que também em dissabor de muitos, assim como o avolumar de votos não diretamente elegíveis.

Nessa medida creio ser curioso ver se os partidos à direita do PS vão ser capazes de captar, ou não, muitos dos eleitores que neste momento não sentem qualquer entusiasmo num voto nesses mesmos partidos.

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