Aproxima-se 2014, ano de
eleições europeias nas quais, segundo se diz, PSD e CDS irão
concorrer em lista conjunta.
Em 2015 termina este
mandato governativo, ano em que, senão antes, irá haver também
eleições legislativas.
Questionado o líder do
PSD sobre a possibilidade de nessa altura surgirem também listas
conjuntas entre PSD e CDS, o mesmo nem disse que sim, nem afastou
essa possibilidade.
Se analisarmos o quadro
partidário português, com esta candidatura conjunta temos de um
lado, à direita, digamos assim, uma lista de candidatos, e à
esquerda várias listas de candidatos.
Aparentemente, com esta
lista única, podemos pensar no ganho a obter com a não dispersão
de votos nos dois partidos, reduzindo o número de votos a inutilizar
segundo o método da proporcionalidade quando do apuramento dos
mandatos.
Ao passo que na chamada
esquerda, do PS à CDU, BE e eventualmente o novo partido, com a
existência de diversas listas, o número de votos final a inutilizar
será bastante maior.
Contudo, nesta altura no
país, considerando os resultados das eleições mais recentes,
designadamente em termos de votos brancos e nulos, quer para a
Presidência da República, quer para as autarquias, corre-se um
outro risco com a junção de listas entre o PSD e o CDS - o do
agravamento do sentimento de orfandade política de muitos dos
eleitores que tradicionalmente votam à direita do PS.
Sabemos que as eleições
europeias têm um significado político diferente das demais. Sabemos
que o eleitorado português consegue distinguir o valor a atribuir a
cada um dos atos eleitorais.
Contudo, neste momento
político, a manter-se o calendário eleitoral previsto, primeiro
europeias e depois legislativas, aquelas poderão servir para parte
daquele eleitorado que não se revê num voto socialista castigar
os partidos que suportam a atual governação, assim como para
aumentar o voto branco ou nulo desse mesmo eleitorado.
Esta decisão, a
concretizar-se, demonstra também a incapacidade do eleitorado à
direita do PS para reagir de forma enérgica ao modo como PSD e CDS
têm estado a governar, podendo tal facto significar uma outra
realidade: a consideração de solução natural a fuga por parte de muitos desses
eleitores para o voto no PS, desconsiderando assim a necessidade de eventual
aparecimento de nova formação partidária nessa área.
Seguindo este raciocínio,
o normal será acontecer, como tem acontecido, uma continuada
transferência de votos, tipo ping-pong entre PSD e PS, desta
vez a favor deste último, mesmo que também em dissabor de muitos,
assim como o avolumar de votos não diretamente elegíveis.
Nessa medida creio ser
curioso ver se os partidos à direita do PS vão ser capazes de
captar, ou não, muitos dos eleitores que neste momento não sentem
qualquer entusiasmo num voto nesses mesmos partidos.
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